Sechs

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Sábado era o dia sagrado que Hoseok tinha para usar calças de moletom, blusa larga e chinelos. Para onde quer que ele fosse, pode apostar que ele estaria usando essas mesmas roupas, talvez de cores um pouco diferenciadas, já que um lado do seu closet era inteiro feito para roupas de finais de semana.

Ele caminhou poucos metros até o mercadinho na esquina do prédio onde morava. Ele aproveitou para comprar algumas garrafinhas de chá, alguns chicletes para repor nos potes de doces que ficavam na bancada e por fim, um jornal internacional.

Hobi gostava de ter jornais impressos em casa, segundo a ele, quando ficasse bem velho, mostraria as manchetes para seus possíveis filhos e netos.

Falando em filhos, lá estava Yoongi, na mesma calçada que Hoseok.

Segurava a mão da menininha ruiva que lambia a casquinha com um pouco do sorvete de amendoim derretido. O mais velho comia um picolé de limão, tão azedo quanto sua cara quando percebeu que poucos passos a sua frente, o detetive o encarava um pouco surpreso.

- Oh caralho.

- O que disse, papai? – a menina pergunta lambendo os dedinhos sujos e olha em direção ao homem que agora se aproxima. Como não estava acostumada em conhecer outros amigos do pai que não envolviam seu padrinho ou jungoo, se escondeu atrás das pernas do homem em um gesto vergonhoso.

Yoongi coçou debaixo da sobrancelha com os dedos livres de qualquer resquício de picolé e parou na frente do outro, mesmo que sua vontade mesmo fosse se enfiar em um buraco do bueiro, o primeiro que encontrasse.

E que pelas suas contas estava em uma distância total de oito passos e meio. Ele poderia rapidamente se livrar da situação.

- Ora, que surpresa. – Sorriu levemente antes de acenar para a garotinha que estava escondida e comia os últimos pedaços da casquinha.

- Só não uma surpresa tão agradável. – O outro loiro rebate e leva a mão ao ombro da filha, segurando com carinho como se quisesse repassar que não precisava ter medo.

a feição do detetive se desfez em um pequeno franzir de cenho e um biquinho nos lábios, agora ele estava abaixado, praticamente de joelhos no asfalto.

- Oi, eu sou Hoseok, Jung Hoseok... Amigo??? Amigo!!! Dele.

Suga solta um riso de nervoso, desvia o olhar para a rua pouco movimentada e imaginando que caralhos a vida tinha para traçar os caminhos deles dois. Amigo, pff. Ele sequer sabia seu nome.

- Ast... Astraea... – as bochechas da menina arderam como fogo, o sangue fez as bochechas ficarem róseas.

- Ela é minha filha. – Por fim, quebrou o silêncio.

Claramente Hoseok não esperava por aquela resposta. Ele só não achava que o mafioso tinha um ar de paternidade, aparentemente ele estava muito enganado.

O detetive coloca a mão na sacola e puxa uma cartela de chicletes vermelhos sabor morango. Ele estende a palma para ela pegar o "presente". Antes de aceitar, ela ergue o olhar para o pai, como se perguntasse se poderia mesmo pegar, se aquele homem era confiável para os dois.

A concordância veio através de um balançar da cabeça do platinado, a menina agradeceu com um pequeno sorriso e um gesto de obrigada em linguagem de sinais, aquele pelo qual passou boa parte da sua vida se comunicando.

- Você sabe uma coisa pessoal minha, é melhor não tentar nada contra a minha filha, detetive. – O sussurro em tom de ameaça vem próximo ao ouvido do outro que tem o braço pressionado pelos dedos gelados e pálidos do mais velho.

Spilled Blood - sopeOnde histórias criam vida. Descubra agora