Spilled Blood - sope

Zehn

Obrigada pelo apoio de todes até aqui. 

o celular vibrava na mesa de centro, por estar virado com a tela para baixo, Hoseok não conseguia ler o nome. Ainda de maneira preguiçosa, se encontrava esticado no sofá e fazia a decisão mental se deveria ou não atender. Esticou o braço e deslizou os dedos pela capinha levemente aveludada, era a última vez que o toque ecoava, deslizou o dedo para atender a ligação.

- TIO SEOK-AH. O APPA, AJUDA O APPA. – Ele precisou afastar um pouco o celular da orelha, o falar era alto e desregulado, aproveitou o espaço para ler na tela o nome do contato salvo. A garotinha, que Hoseok logo conseguiu identificar, continuava a falar alto. – EU TO COM MEDO, E SOZINHA. O APPA SAIU COM ELE.

O detetive, tenso o bastante para continuar sentado, perguntava pelo aparelho tentando saber mais informações, percebendo que Astraea continuava falando, chegou a pensar que ela provavelmente pudesse estar sem o aparelho auditivo, afastou o celular da orelha outra vez e apertou no ícone da chamada de vídeo.

Seu rosto vermelho e choroso surgiu na tela, estava acostumado a tensões parecidas, apoiou o celular na bancada da cozinha – já havia andado metade do apartamento de tanta preocupação. Ele acenou para ela, a combinação de gestos chamou atenção da menina, Hoseok transmitia calma, embora não estivesse nada calmo.

"Você não consegue me ouvir?" ele perguntou e ela negou.

"Onde você está?" ela mostrou o restante do banheiro pela câmera e logo voltou a gravar o rosto chorão.

"Seu pai não está com você?" mais uma vez ele negou, apoiou o celular entre os joelhos pequenos e passou a gesticular "Joong levou o papai. Papai pediu para que eu ligasse. Me ajuda"

O suspiro alto de Hoseok ecoou pela sala, não deixou que a garotinha desligasse o telefone, sabendo que precisava de ajuda, enviou uma mensagem para Taehyung. o único que ele sabia que ia poder confiar melhor naquele momento. Com o notebook aberto, Hoseok rastreou a ligação. Mandou a localização no chat do amigo.

Percebeu que a demora para escrever um simples "Ok" parecia estranha, mas preferiu achar que o coitado estivesse muito ocupado.

Não respeitou nenhum sinal de trânsito e muito menos os limites de velocidade. Ele não podia conversar com Astraea, então antes de começar a dirigir pediu para que ela cantasse músicas que conhecia. Durante o trajeto, então, ficou a ouvir a voz fanha e chorosa da garotinha cantando as cantigas que conhecia.

O carro foi estacionado de qualquer jeito por cima da grama aparada, reparou na porta apenas encostada. Empurrou a porta com a ponta do sapato, a arma não estava mais escondida na cintura. Hoseok a apontava para frente e caminhava lentamente revistando o andar debaixo.

- POLÍCIA, SAIA COM AS DUAS MÃOS PARA CIMA. – Engrossou a voz, depois de descartar o andar vazio, subiu lentamente as escadas. A ligação já havia se encerrado quando ele havia descido do carro. Como dito por Astraea, ela estava no banheiro do quarto do pai. Hoseok se dirigiu entre as portas checando rapidamente, por fim, encontrou a garota.

Ela pulou de susto quando a porta se abriu, os olhos se encheram de lagrimas, não deixou que elas escorressem pelo rosto, sequer pensou duas vezes antes de abraçar a cintura do detetive. O mais velho se abaixou na frente dela, procurou por feridas pela cabeça e braços, encontrou os pulsos bem avermelhados.

- TAEHYYYY- ela gritou, Hoseok quase caiu quando ela o soltou e abraçou o homem que estava na porta do quarto. Chegou tão silencioso que não conseguiu notar. Sua ficha pareceu cair em uma proporção relativa ao período que ele se levantava.