Zwei

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O quarto não era espaçoso. As paredes eram de cor pistache, o bastão que transpassava as cortinas tinha algumas finas teias de aranha que incomodavam Hoseok. A janela sequer abria por inteiro e era muito pequena em proporção ao tamanho da cortina marsala.

Duas camas de solteiro com um lençol de algodão estavam dispostas em cada lado do quarto, separadas por uma escrivaninha velha de madeira e sem gavetas. Um abajur com estrutura de porcelana e tecido de cor amarela cobrindo o arco. Um telefone sem fio, capaz de ser a coisa mais nova naquele quarto.

Suga foi o primeiro a escolher a cama que ficaria, soltou sua bolsa em cima da cama, tirou os sapatos e se esticou, escorando as costas na parede, assistiu Hobi andar pelo quarto.

O loiro mais novo encarou a porta branca do armário com um aviso sobre deixar as toalhas sujas em cima da cama caso fosse preciso que as camareiras as troquem. Dentro do armário havia apenas dois cabides e um ferro de passar.

Enquanto era observado, não se deixou incomodar. Caminhou para o banheiro e soltou um riso nasal vendo a combinação ridícula de cores.

A pia era de porcelana rosa, o vaso verde. Os ladrilhos do chão tinham flores chamativas e as paredes eram xadrez. A madeira do rodo estava descascando e ele jurava que havia centenas de colônias de mofo na borracha. Nem se deu o trabalho de olhar dentro da banheira, sentia um arrepio na espinha só de imaginar.

Voltou para o quarto enquanto coçava a nuca e suspirou fraco quando seu olhar encontrou o do homem estirado no colchão.

- O detetive não gostou da estadia? – seu tom foi cínico, mas o outro não ligou. Deu de ombros e se sentou na própria cama, surpreso por sentir o colchão ser mais macio do que havia pensado.

Yoongi também não esperou por respostas, gostava do silêncio.

Fechou os olhos inclinando o queixo um pouco mais para cima até sua cabeça finalmente ir de encontro ao travesseiro.

O investigador abriu a mala e puxou o notebook, esperou uns minutos até que este ligasse e configurou a rede de internet para conseguir fazer as pesquisas sobre as localidades e ler alguns arquivos mandados por Namjoon.

******

Jimin odiava a cidade pequena as redondezas da fazenda onde vivia. Para um jovem como ele, se sentia preso, limitado a coisas que não sentia a menor vontade de fazer.

Todos os dias viajava para os vilarejos pequenos em volta de sua propriedade, ele e seu pai vendiam leite, queijos e biscoito de polvilho. Conseguiam algum sustento com isso.

Sua mãe era costureira. Senhora Park fazia lindos tapetes, panos de prato, toalhas de mesa, mas também era talentosa nos bordados de vestidos para festas.

Constantemente muitas pessoas vinham até sua fazenda apenas para encomendar vestidos bonitos. Desde senhoras ricas e moçoilas estudiosas, a maridos apaixonados que desejavam presentear suas amadas.

O menino cresceu ajudando os pais, mas tinha mesmo era uma enorme ambição de morar na cidade grande, estudar, trabalhar, conhecer cada vez mais pessoas. E foi estudando muito que finalmente ele recebeu a carta de uma das diversas faculdades de Seul.

- Eu consegui, eu consegui. – Ele animadamente dançou na cozinha enquanto o pai picava cenouras e a mãe mexia um caldeirão de doce de abobora.

Ambos demoraram alguns segundos para processar o que estava acontecendo e o que de fato o único filho do casal havia conseguido.

- Meus parabéns, querido. – A mulher abaixou o fogo, limpou as mãos no avental acinturado e se aproximou de sua criança deixando um beijo lento em sua testa. Jimin fechou os olhos sentindo o carinho maternal e ao abrir mais uma vez os lumes, se deparou com seu pai ao seu lado de braços abertos e um sorriso radiante.

Spilled Blood - sopeOnde histórias criam vida. Descubra agora