The Mansion

setenta e três

"guardei seu nome na minha boca por meses, minha garganta é uma colmeia lançada no rio. veja! veja quanto tempo esse amor pode prender a respiração" - sierra demulder

Era tarde da noite e o local parecia fechado, mas assim que Louis abriu a porta da frente, o interior iluminava inúmeros quadros nas paredes, móveis guardando as mais variadas colorações de tintas, agulhas, luvas, e um cheiro característico de plástico e álcool. 

No canto direito, uma parede de pranchas de madeira pintadas de branco com rabiscos diversos e uma única cadeira preta encostada. Após uma minuciosa inspeção, Harry notou uma pequena e redonda abertura nas pranchas, exatamente ao lado da cadeira.

- Essa é a surpresa? - Harry ergueu as sobrancelhas - A gente vai fazer tatuagens iguais? Por que eu tenho que dizer que isso é muito brega

- Não - Louis gargalhou - Hoje é só você - apontou para a cadeira

Esse era um daqueles momentos onde o ator não fazia ideia do que aconteceria, e o entusiasmo fez sua língua formigar enquanto se sentava na cadeira.

- Sabe, eu tava pensando desde aquele dia... - Tomlinson parou em frente ao maior - Já que você não tem nenhuma cicatriz, eu pensei que uma tatuagem seria a melhor forma de deixar uma marca em você também

As mãos de Louis gelaram assim que terminou de falar, nervoso demais sobre como Harry interpretaria aquilo. O acharia estranho? Ou talvez não entendesse a vontade do menor de marcá-lo da mesma forma como havia sido marcado pela tinta dourada que, apesar de ter sido levada pela água, o havia mudado para sempre e seria tão permanente quanto uma tatuagem. 

Se ele carregaria Harry para sempre em sua pele, queria também ser eternizado na dele.

- E é você que vai fazer? - Harry abriu um sorriso de canto de boca

- Pra sua sorte, não - gargalhou - Mas eu escolhi o desenho que a Lisa - deu duas batidinhas no painel de madeira ao lado - Que tá aqui do lado vai tatuar - agachou e fixou o olhar no rosto do cacheado - Só que você não vai ver qual é o desenho até ela terminar

Styles olhou para a abertura. Uma tatuagem às cegas talvez fosse a última coisa que ele teria em mente quando o de olhos azuis mencionou uma surpresa.

- Oi, Lisa! Eu sou o Harry - passou a mão nos cachos e sorriu após morder os lábios, olhando para o menor à sua frente

- Oi, Harry! - a voz da tatuadora saiu abafada do outro lado da parede

Louis sorriu.

- Então a pergunta agora é... - tinha uma expressão séria estampada - Você confia em mim?

Inúmeras coisas se passaram na cabeça do ator em uma fração de segundo, mas qualquer ideia que passava era afogada nos olhos azuis de Louis.

- Sim - sem hesitar, Harry colocou o antebraço na abertura

Os pés do acompanhante adormeceram. Harry entendia.

- É grande? - o de olhos verdes sentiu dedos suaves passando álcool em seu pulso

- Não - Louis balançou a cabeça e sorriu

- Okay - soltou uma risada gentil

A pele do cacheado foi coberta pelo pequeno estêncil, e, assim que sentiu ser retirado, escutou o familiar zumbido da agulha. 

"O que é que ele tá planejando?", Harry pensou e logo em seguida notou que era a primeira vez que pensava tanto sobre uma tatuagem antes de fazê-la. Talvez por sempre saber exatamente o que estava tatuando, mesmo que estivesse bêbado ou que o desenho não tivesse significado algum. Mas estava curioso, agitado.