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— Já quero ir embora —Comentei, Helion deu alguns passos a frente acompanhando Rhysand e fui atrás dele, junto a Ethan que se manteve em silêncio. Helion suspirou fraco e disse:

— Trate as pessoas bem, ninguém quer conversar com uma rabugenta como você.

— Aposto que muitos conversariam comigo ao invés de flertar com o Senhor. —Como resposta eu ganhei um pequeno empurrão, olhares dali se direcionaram a mim rapidamente e tive de fingir ter tropeçado, Helion riu baixo. — Como recompensa disso farei questão de não prestar atenção em possíveis perigos a você.

— Muito engraçadinha, e eu digo para Ethan te atravessar para minha corte imediatamente. — O xinguei baixo arrumando minha postura e observando cada um presente, havia um macho sozinho afastado de todos, suas vestes no preto da corte e asas aparentes, ele estava usando 1 par de sifões azuis e sombras o rodeavam, como se não quisesse ser visto.

— Azriel —Helion disse ao meu lado, eu deveria estar olhando diretamente para o rapaz até ter minha atenção roubada.

— Ele é o encantador de sombras?

— Mestre-Espião de Rhys, para sermos mais específicos. — Olhei Helion em uma pergunta silenciosa de onde poderia ficar, e me fez um gesto de cabeça como se indicasse algum canto do local.

— Não, vou preferir me arriscar a socializar então. — Ouvi sua risada baixa e ele deu de ombros respondendo:

— Boa sorte.

— Não aceito as boas sortes enquanto  não jogar em sua cara. — Outra risada, dei dois tapinhas em seu ombro e me afastei dele, determinando com quem tentaria conversar, mas os que estavam presentes ali pareciam preferir ficar só ou apenas com seus parceiros.

   Eu também queria ficar sozinha, até acabar esbarrando com alguém e cair no chão.

— Peço perdão. — Disse uma voz com tom suave e consideravelmente baixo, respondi:

— Eu quem deveria o pedir perdão.
  Levantei pouco meu olhar, encontrei um rosto com uma cicatriz em seu olho, qual era substituído por um dourado que me trouxe curiosidade pelo fato de reconhecer ser de minha corte. O macho estendeu sua mão para mim e a segurei, senti um pequeno choque com os calos de sua mão encontrando os meus e pude ver sua feição demonstrar surpresa com isso, me levantei com sua ajuda e me curvei levemente o vendo fazer o mesmo.

— Desculpe, você é?

— Lucien, Lucien Vanserra.

— Ah sim, sou Aylin, essa não foi uma das minhas melhores apresentações. — Ao ver o sorriso do rapaz eu senti uma estranha sensação de desconforto se esvaindo.

— Não foi uma das minhas melhores também, mas ganhei alguém para conversar.

— Olhar pelo lado bom, não é? — Ele balançou sua cabeça como afirmação e jurei que seu olho dourado se fixou em mim por um momento.

— Você é da Corte Diurna, acertei? — Não escondi minha surpresa pela pergunta repentina, porém apontei para meu vestido — Essa peça horrível me entregou?

— Não! Você está bela nela e eu com certeza diria que você é da Corte Estival.

— Roupas parecidas, eu também diria que sou. — Rimos juntos e então senti um olhar sobre mim, ao procurar o responsável pela sensação eu vi Helion sorrindo nos olhando e ignorei. — Respondendo sua pergunta, sou sim da Corte Diurna apesar de preferir as roupas desta corte.

— As roupas da Corte Noturna se resumem a uma única cor, prefiro variações.

— Como quais? — Vi seus olhos brilharem quando ele desviou o olhar de meu rosto, um cheiro bem específico veio a minhas narinas quase que instantaneamente, mesmo que estivesse fraco. Laço de parceria.

  Não me contive e olhei para o mesmo rumo que Lucien, murmurando ao ver uma fêmea com um vestido em tons de rosa, haviam algumas flores bordadas em seu tecido e seu cabelo estava solto em ondas de forma harmônica com seus ombros.

  Que fêmea mais bela, eu teria comentado se não tivesse sentido o laço entre eles e quisesse sair daqui morta, sempre ouvi que não se deve brincar com o ciúmes de um macho. Sabendo que Lucien é da Corte Outonal, eu também não brincaria com o fogo que se transmite dele.

  A fêmea retribuiu o olhar de Lucien mas pareceu estar com receio se de aproximar, ou não, apenas se direcionou até Feyre com um sorriso entre os lábios que convenceria qualquer um.

— Ela é quem?

— Elain, irmã de Feyre Archeron.

— Deveria ter adivinhado, a beleza das duas é surpreendente. — Ele retornou seu olhar a mim assim que pareceu redobrar sua atenção com meu comentário e disse:

— Não deixe Rhysand a ouvir, ele lhe mata viva. — Sorri de forma maliciosa o olhando e respondendo:

— Não perderia uma chance de o ver tentar. — Seu sorriso foi o bastante para me dizer que ele não disse isso de forma séria.

  Passos se aproximaram, passos pesados e rápidos que eu notaria a quilômetros de distância de mim, Lucien suspirou e entregou ser o único a ter uma visão de quem estava vindo.

— Olha só! Lucien arrumou uma amiga.

— Quem diria, não é, Cassian? —Me virei ao ouvir tal nome que faria qualquer um tremer, Cassian estava como Azriel, vestindo preto e com suas asas aparentes mas a diferença era de que seus sifões são vermelhos vibrantes, algo bem chamativo e que pareciam responder a pergunta de Lucien piscando algumas vezes antes de se apagarem.

— Esta é a Aylin? — Sua pergunta não foi algo que eu ouvira sempre e me surpreendeu apesar de não deixar isso vir a tona

— Me conhece? Um ponto positivo, como me conhece? — O macho sorriu, como se isso já dissesse o suficiente, e não dizia.

— Talvez eu tenha ouvido dizer sobre uma guerreira que deu tudo de si no exército de Helion.

— Não esperava ganhar tanto reconhecimento através da minha primeira guerra. — Cruzei meus braços disfarçadamente. Cassian respondeu com calma:

— Tem muito a aprender sobre guerra então, Aylin.

— Com certeza, General. — Ele sequer disfarçou ter feito uma careta quando o chamei de General, uma outra fêmea se aproximou e ficou ao lado dele e não fingi não ter notado sua mão passar para a cintura dela, era Nestha Archeron.

— Nes, essa é Aylin, a guerreira que lhe falei. — Foi como um impulso, eu me curvar diante dos dois e notei Lucien se afastar um pouco

— Prazer em finalmente a conhecer, Aylin.

— Digo o mesmo a famosa Matadora do Rei de Hybern. — Ela sorriu de forma felina diante do título qual a deram, mas seus olhos pareciam brilhar com outra resposta. — Helion me chama, encontro vocês em algum outro momento da celebração.

  Antes que dissessem algo eu me afastei e procurei por Helion, cujo qual estava conversando com uma mulher loira que estava vestindo vermelho, presumi ser Morrigan.

— Aylin! Estávamos mesmo falando de você.

— Espero eu que sejam elogios. — Morrigan me olhou de cima a baixo, eu me senti de certa forma exposta.

— É mais bela do que Helion descreveu, ele é péssimo em elogiar a beleza alheia, não acha? — Sorri com sua fala, pareceu ler minha mente para dizer isso.

— Se tem algo que eu tenho certeza que ele não faz bem é descrever a aparência de alguém.

— Se juntarem para falar sobre mim em minha frente? Vou considerar uma ofensa. — Morrigan riu.

— Preciso tomar um ar, continuem me elogiando.

— Aylin, se comporte. — O olhei afirmando e então me afastando deles, caminhei até sair do local da comemoração, qual ficava de frente para uma mansão, acreditei ser a casa dos Grão-Senhores pela combinação de tons, ao outro lado do rio havia uma cidade completamente iluminada que parecia me chamar para caminhar por ela, apenas não sabia se poderia.

  Mas iria, me encontrei indo a caminho da pequena ponte que dava acesso a cidade e passando por ela com uma calma surpreendente, elevando a saia de meu vestido com uma de minhas mãos.

Corte de Esperança e Luz - LucienOnde histórias criam vida. Descubra agora