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  Helion se aproximou tão rápido que sequer tive tempo de prestar atenção no que ele faria, ele me olhou em uma permissão silenciosa e eu afirmei de forma suave com minha cabeça, logo então o macho estava com Nyx em seus braços. A criança sorria enquanto olhava Helion e ele a olhava como se lembrasse de algo, alguma lembrança de séculos pareceu ter sido despertada tão rapidamente quanto escondida.
  Helion com certeza seria um ótimo pai pela maneira com que ele brincou com Nyx e o tratou com todo cuidado e amor que jamais vi transparecer, estava encantada com cada risada que ele conseguiu tirar de Nyx conforme o jogava a centímetros acima de si e o deixava "cair" em suas mãos novamente, o bebê soltava gritinhos finos e alegres em demonstração de diversão.

— Parece que alguém sabe como tratar o herdeiro da Corte Noturna — Cantarolei e ouvi a risada de Helion conforme ele acomodou Nyx muito bem em seus braços.

— Um bebê tão fragil receber um título tão pesado, ele deveria ser considerado herdeiro quando chegasse aos seus 100 anos.

— Acho justo, a propósito. Já pensou em ter filhos, Helion? — O macho me olhou com sua graciosidade que consideraria letal caso não soubesse que ele costuma ser completamente brincalhão.

— Já, mas você sabe o suficiente da minha história para saber com quem eu gostaria de ter, Aylin. — Senhora da Outonal.

— Ainda me pergunto como você consegue ir as reuniões, ver que ela aparenta estar deprimida e ainda sim não mata Beron para conseguir a ter, os filhos deles não se intrometeriam me tendo ao seu lado.

— Ah, esses pirralhos com certeza se intrometeriam caso não compreendessem meus motivos. Se ela me desse sinais eu partiria céus e terras para a buscar e não teria quem me impediria. — Ele disse com tamanha determinação e com isso eu tive certeza de que estaria junto a ele para conseguir o ver feliz e sorrindo como estava com Nyx.

— Helion, se ela te der algum sinal, eu vou te dar todo apoio possível para a livrar daquela corte e se possível deixo apenas 1 filho do Beron vivo para saber comandar a Corte Outonal sob minha supervisão. —O macho deu um sorriso ignorante considerando a ideia e eu o retribui.

— Apenas aguardamos ela dar o sinal, e então. Te deixo cuidar dos filhos de Beron, porém eu cuido do próprio. — Ele ronronou demonstrando os séculos de ódio que acumulava do Grão-Senhor.

— Faço de suas ordens minhas leis, Grão-Senhor. — Havia alguém se aproximando, ou já havia se aproximado pois senti a presença apenas após sentir um arrepio subir por minha espinha após ver o ruivo de mais cedo.

— Olá, Helion. — Disse o macho no mesmo tom suave e calmo se prestando ao meu lado conforme observava Nyx

— Lucien, a quanto tempo eu não te vejo, por onde anda? — Helion se aproximou o suficiente para me entregar Nyx e o pequeno fez um pequeno bico prestes a chorar, eu o balancei suavemente e então ele ergueu seu braço tão pequeno para alcançar meus fios e os ficar observando conforme resmungava como se estivesse de fato conversando comigo.

— Ah, fazendo alguns relatórios por aqui, outras passagens pela Corte Primaveril, imagino que saiba como é. — Helion afirmou cruzando seus braços conforme analisava a proximidade de Lucien a mim, como se notasse algo, perguntei a Lucien:

— Emissário da Corte Noturna, da Corte Primaveril ou um Exilado? — Meu olhar encontrou o de Lucien que estava fixo a mim e seu rosto tomou um tom rosado, poderia rir caso não estivesse com vergonha também.

— Por que não posso ser os três? — Helion pigarreou conforme pegava novamente sua taça e tomava do vinho esperando nossa conversa terminar.

— Acho que poderia deixar o título de Emissário da Corte Primaveril de lado,  todos sabem que Tamlin prefere estar sozinho que a companhia de alguém que não o mereça. — Não poderia fugir da sinceridade quando se tratava de Tamlin, ele estava tendo seus surtos na própria corte e logo seria capaz de passar por outras fronteiras para procurar alguém para descontar toda sua frustração, ele arrumaria algum problema em breve.

  — Não vou considerar abandonar meu título por conta de seu ponto de vista, que convenhamos, está certo. — Poderia jurar que Helion estava pronto para avançar em Lucien caso ele dissesse algo errado, mas não o fez.

— Se acha que meu ponto de vista está correto, deveria passar a prestar atenção, e não desconfiar, raposinha. — O macho sorriu de forma irônica, eu senti como se meu estômago estivesse cheio de borboletas e elas estivessem prestes a querer sair.

— Nossa, que conversa interessante. Querem um vinho para acompanhar? — a voz de Helion entoou de fundo e me toquei de que estava encarando Lucien fixamente a alguns poucos segundos e ele estava sustentando nosso olhar, sorri de lado e voltei a observar Helion, que encheu novamente sua taça. — Lucien.

— Sim, Helion? — Arrepiei novamente e engoli a seco me perguntando como e por que estava acontecendo isso.

— Ouvi boatos de que outra guerra se aproxima e acabei não perguntando a Rhysand, como pode ver ele já não está aqui. — O macho afirmou, seu olho metálico analisou cada pequeno espaço dali — Você sabe de algo?

— Não sei sobre nada dos planos de Rhysand e não trato de assuntos como esses, pergunte ao Azriel.

— E tudo gira em torno do mestre arrogante espião. — Ronronei observando Nyx e senti a atenção dos dois machos sobre mim como duas corujas. — Azriel não vai revelar nada sem a permissão de seu Grão-Senhor, pelo pouco que sei ele o obedece como um cão. — Lucien riu e diria que não parte da atenção dos que estavam presentes ali foi para o ruivo, aparentemente surpresos por o ouvirem rir.

— Se Azriel ouve isso pensa que você o odeia, tome cuidado, Aylin. — A forma com que ele falou serviu se completo aviso e sinal de que o mestre-espião poderia estar sendo informado do que disse exatamente agora.

— Não me seria surpreendente ele pensar que o odeio, já que fica frustrado por não conseguir me rastrear e precisa me procurar pessoalmente, Lucien. — Helion novamente se recostou na mesa conforme ouvia atentamente, ele estava também de olho em quem poderia nos ouvir.

— Como conseguiu o frustrar? — Perguntou Helion, o olhar de Lucien confirmava que ele faria a mesma pergunta então garanti que tivesse resposta:

— Eu não fiz nada, simplesmente. Lembra-se de meu escudo, como você diz ser algo natural? Os espiões dele não conseguiram me rastrear e ele se sentiu obrigada a me procurar pessoalmente para me trazer de volta — Dei um sorriso arrogante e Nyx riu.

— Ah, eu disse que seu escudo seria muito útil contra qualquer coisa. — O macho riu não demonstrando nenhuma surpresa, diferente de Lucien que parecia estar cheio de perguntas e mais perguntas.

— Alguma outra dúvida, raposinha?

— Nenhuma, surpreendetemente. — Mentira.

Corte de Esperança e Luz - LucienOnde histórias criam vida. Descubra agora