Corte de Esperança e Luz - Lucien

7

  Pela maneira com que Helion observou a pessoa eu apenas poderia relacionar a Rhysand, era difícil ver Helion sorrir daquela forma a não ser que fosse para o Grão-Senhor.

— Atrapalhei algo? — Era Azriel.

— Frustrado novamente, Azriel? — Comentei em um tom baixo, suficiente para a compreensão dos demais. — De que precisa, mestre-espião?

— Felizmente, não preciso de nada, Lady Mistério — Ri com o apelido que acabei por receber, estando surpreendente ciente de que era algo difícil de se conseguir vindo do encantador.

— Az! Eu queria falar exatamente com você! Preciso que me de algumas pequenas informações sobre Koschei, estou ciente de que você sabe sobre ele. E convenhamos, Rhysand não me diria nada.

— Estou surpreso que Rhys ainda não o informou sobre nada, não tenho informações suficientes e concretas sobre Koschei nem sobre seus planos contra nós, apenas que ele irá exigir a volta de Vassa ao lago em breve.

  Lucien instantaneamente indicou que sairia dali como se pelo fato de terem citado a rainha, me aproximei mais do macho e passei meu braço pelo seu conforme ele trazia boa parte de sua atenção a mim, que indiquei com minha cabeça para ele ir em frente.

— Já voltamos, continuem a discussão. — Lucien sorriu aliviado se afastando e o acompanhei em silêncio, Helion e Azriel não deixaram de nos observar conforme caminhamos, tomando uma boa distância da festa.

  Estávamos passeando no grande espaço que havia entre a Casa do Rio e a festa que agora parecia tão distante, Lucien não pronunciou uma palavra durante o trajeto que fizemos, ele não aparentou ter um local em específico para ir, apenas que precisava caminhar por ali.

— Não precisava me acompanhar, iria apenas me afastar deles. — Ele comentou por cima do silêncio que havia se estabelecido entre nós, sorri aproveitando da visão que tinha do local que estávamos, cercados de grama mas com o céu completamente estrelado que chegava a ser de tirar o fôlego.

— Não irei dizer que precisava de um motivo para me afastar deles pois seria mentira e sinto que está esperando eu afirmar isso. Vim pois notei que você de alguma forma fica desconfortável quando tocam no nome da sexta rainha. — Seu olhar pesou sobre mim e sorri novamente, desta vez o olhando diretamente assim que paramos de caminhar — Apesar de parecer distraída até com 1 grão de poeira, posso ser muito observadora quando quero.

— Vá direto ao ponto, Aylin.

— Ao que notei, você não tem muitos amigos, no máximo aliados, Lucien.

— O que vai dizer? Que eu tome cuidado com quem considero amigo?

— Vou dizer para você prestar mais atenção ao seu redor, tirar seus pensamentos do Reino Mortal, eles sabem se cuidar e tenho plena certeza de que com Jurian podemos chegar a esquecer do fato de termos que os proteger. — Suas sombrancelhas se franziram e o macho se manteve em silêncio. — Deveria tirar um tempo para você, sabia? E não venha me dizer que tem muitas coisas para acontecer, você está exercendo três papéis nisso tudo. Uma hora ou outra sairá prejudicado com algo, se já não estiver prejudicado.

  Lucien não me respondeu e isso foi suficiente para mostrar que o macho estava pensando em tudo e considerando cada palavra, soltei seu braço e me afastei dele com seus olhos me seguindo a cada minúsculo passo.

— Está certa, estou me prejudicando.

— Se pergunte em que está se prejudicando, com quem.

  Ele sorriu de forma arrogante, soube instantaneamente que se ele se perguntou isso não me diria nada.

— Não preciso ouvir suas confissões pessoais, raposinha, apenas se pergunte e guarde para si.

— Nunca se sabe, Helion não te deu muitos elogios.

— Me diga, desde quando Helion tem de me elogiar para alguém confiar em mim? Posso conquistar muito bem sozinha.

— Podemos dizer que me baseio em alguém na impressão que ela dá. — Isso não faz sentido, afinal, Prythian toda esconde quem é verdadeiramente próximo a estranhos e até aliados.

— Não deveria se basear nisso, o julgando com base no que acabou de dizer, você acredita nas impressões que tem de alguém e por isso é tão desconfiado, você cai nas próprias ilusões. — Mais um sorriso, ah esse macho com certeza sabe que causa boas sensações quando faz isso.

— Você é sempre assim, sincera, ou apenas quando quer, princesa? — O mostrei o dedo do meio ao notar seu tom irônico e sua unica reação foi rir quando cruzou os braços. — Que malcriação, na Corte Diurna não ensinam a tratar bem os mais velhos?

— Se diz mais velho porém não está nenhum pouco ciente de que tenho 300 anos.  — Sua surpresa com isso me arrancou uma alta risada.

— Estava em Sob a Montanha? Eu não a vi. — Sorri de lado balançando minha cabeça em negação. — Como?! Onde estava?

— Estive na Corte Invernal durante todo o período. Quando Amarantha chegou em Prythian eu fui para a Corte resolver alguns pequenos desentendimentos de Helion, quando soube do tal baile que ela faria eu o avisei para que tomasse cuidado, mas ele costuma ser muito teimoso. Aposto que saiba como é.

— Tamlin sempre esteve desconfiado com Amarantha, mas incrivelmente se deixou levar, como sempre.

— Grão-Senhores e suas personalidades que sempre acabam os ferrando em algum momento, e sobra para quem os avisou.

— Não julgou Tamlin desta vez, vou julgar como milagre.

— Tamlin está sofrendo atualmente o suficiente para eu insistir em continuar julgando, espero que se recupere e recupere sua corte. Contanto que não mexa com nenhuma corte a fora, ele está dentro de controle, por enquanto.

— Ao que parece sim, dentro do controle, mas com muita insistência de Rhysand. Tamlin estava prestes a me expulsar de sua corte e preferi o evitar por um tempo.

— Não está fazendo mal algum a ele nem a si mesmo, está completamente correto, Lucien. — Seu sorriso foi de alívio, pelo visto ele esperava que eu dissesse algo a mais. — Mas voltando a programação normal, o que acha de Rhysand?

— Interessada em que, Aylin? — Dei de ombros.

— Sinceramente? Em nada além de saber mais afundo sobre daematis.

— Boa sorte, passo um bom tempo pensando na capacidade dos daemati até hoje e a cada dia me convenço que são capazes de quase tudo. — Ri junto ao macho