— "Os daemati são capazes de quase tudo." — Comentei baixo, para mim mesma. — Daematis são capazes de muitas coisas, mas não de tudo, já que não tendo acesso a mente, é um poder inútil.
Lucien assentiu, caso fosse isso, apenas deveria descobrir como erguer escudos mentais, Feyre já esteve em minha mente uma vez, poderia estar de novo.
— Para quem estava me perguntando sobre daemati, acabou de falar algo curioso.
— Acredite, acabei de deduzir isso, Feyre entrou em minha mente e conversou comigo, isso despertou meu interesse. — Lucien aparentou estar preocupado, a pergunta é, com o que?
— Vamos voltar? Acredito que não queira ouvir que me acompanhou para longe e demorou para voltar. As especulações dos que estão presentes lá são preocupantes. — Afirmei conforme o observava, seus olhos se iluminaram como se houvessem diversas chamas ondulando pelo mesmo.
— Vamos, aposto que Helion já está inventando mil formas de me acusar de aprontar algo. — O macho riu me oferecendo seu braço e o segurei notando o maior se arrepiar e sorri de forma travessa. — Por que reagiu assim? — Seu rosto tomou cor mais rápido do que Lucien o desviou para que eu não visse.
— Não sei, ainda estou me perguntando o motivo de estar reagindo assim próximo a você. — Ele suspirou conforme começou a caminhar a rumo da festa. — Tem algum truque quanto a isso, por acaso?
Ri surpresa, afinal, não era esperado ele me fazer tal pergunta e eu não tinha nenhum truque na manga quanto a isso, também estava tendo essas reações com qualquer coisa que o macho fazia.
— Não tenho, estou limpa, acredite.
— Está sendo sincera? Que ótimo!
— Ora essa, de onde vem essa desconfiança de eu ser sincera ou não?! Eu sei que Helion não disse nada quanto a isso!
— Então acaba de assumir que não é sincera utilizando o Helion como desculpa, que absurdo Aylin.
— Sua raposinha de uma figa. — Ele gargalhou e o belisquei, ação suficiente para o fazer trazer sua atenção toda a mim.
— Diga.
— Ainda estou curiosa com algo, sabe?
— Pergunte, Aylin. — Seu tom de voz foi puro comando, vindo de um agente triplo que apenas segue ordens até então, isso é novo.
— Nossa quanta autoridade, deveria me ajoelhar perante vossa graça? — Ele tentou manter a mesma postura e seriedade, mas sorri e o macho retribuiu instantaneamente.
— Que droga, faça sua pergunta.
— Ainda aguardo você dizer que irá passar um tempo fora dessa confusão toda, caso recuse eu irei lhe prender e o levar a corte diurna, querendo você ou não.
— Eu posso atravessar, esquecida?
— Eu sei fazer feitiços de barreira que irão o impedir, esquecido?
— Oh toda poderosa Aylin, eu me curvo perante a você.
O macho segurou minhas mãos e se ajoelhou abaixando sua cabeça consideravelmente e manteve sua pose até ouvir minha risada e retornar a ficar de pé, frente a frente a mim.
— Que gracinha, ainda sabe como tratar uma dama. — Foi sua vez de rir.
— Talvez eu não saiba tratar uma dama apenas assim.
— Despertou minha curiosidade.
— Não é difícil fazer isso.
— Que audácia! — Rimos juntos. — Você está enrolando para voltar para a festa.
— Jamais.
Neguei com minha cabeça de forma fraca, podendo observar os traços mais profundos de seu rosto, ao que pareceu o macho estava fazendo o mesmo, em completo silêncio, admirado.
— Seus olhos — Ele sussurrou, então me dei conta de que estava prendendo minha respiração e a soltei em um suspiro fraco. — Estão brilhando.
— Descreva.
— Pequenas faíscas de luz que cintilam e parecem estar constantemente dançando. — Sorri, exata descrição do que vi na memória que Feyre me mostrou.
— Encantadoras, não?
— Poderia passar dias as admirando
O macho estava muito próximo, nossos lábios estavam a poucos centímetros de distância e podia sentir a leve carícia de suas mãos sobre as minhas, aquilo era tentador, já que tudo indicava apenas uma coisa.
Que eu não faria.
Não o permiti se aproximar mais e nos afastei em um piscar de olhos.
— Desculpe, apenas, não. — Ele também demonstrou que faria o mesmo e apenas estava esperando eu dar indícios.
— Vamos voltar.
Ele soltou minhas mãos e voltou a oferecer seu braço, eu o segurei e retornamos nosso caminho de volta a festa, com calma, desta vez.
— Decidiu?
— Decidi que não quero ser levado a Corte Diurna e que irei dar um jeito de passar um tempo livre das obrigações
— Poxa, ser levado para a Corte Diurna pela guarda de lá seria tão interessante
— Se fosse contra minha vontade, talvez não.
— Já foi a Corte Diurna?
— Helion não costuma aceitar pessoas de fora, muito menos se tratando as bibliotecas e de seu castelo
— Viu?! Eu te levar para la seria uma aventura e tanto.
— Não seria não, você acabaria com Helion na sua cola.
— Ele tem mais coisas para fazer do que cuidar de quem a Aylin leva para lá.
— Então já levou outras pessoas? Está se entregando cada vez mais, Aylin.
— Não estou, raposinha.
— Raposinha aqui, raposinha ali. Nada de me dar ideia de algum apelido para você, impressionante.
— Você deveria pensar em um, afinal, não tenho como me dar apelidos.
— Sequer tenho algum apelido em mente, muito menos ideias para um.
— Uma pena, ficarei sem apelidos até você não tirar seu tempo e eu levá-lo a minha corte.
— Ora essa, se quer tanto me levar a Corte Diurna, não terei outra opção a não ser aceitar.
— Você não teria opção, de qualquer maneira.
Já estávamos próximos a festa novamente, eu iria virar o primeiro drink que encontrasse, não tomei sequer um gole de nada está noite, culpa de Helion servindo de guarda dos vinhos.
— Parece que perdemos a cerimônia. — Lucien comentou conforme observava algumas pessoas saindo da festa e outras apenas atravessando após se despedir de Rhysand e Feyre, que haviam voltado. Feyre já estava com Nyx em seus braços novamente, e o pequeno continuava vidrado em Helion.
— O que Helion tem com bebês e crianças? É uma conexão tão pura que chega a ser viciante.
— Ou o que Nyx tem com Helion, ele apesar de pequeno desde o início da festa esteve de olho em Helion.
— Qualquer que seja tática de Helion, ele sabe muito bem usá-la em Nyx.
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Corte de Esperança e Luz - Lucien
FanfictionAté então Aylin se via sendo apenas uma mera guarda da Corte Diurna, e também próxima de seu Grão-Senhor. A fêmea se deu conta de que por isso acabou por conhecer diversas outras pessoas que esperava saber apenas a existência, conheceu também machos...