Corte de Esperança e Luz - Lucien

3

  Eu poderia facilmente me mudar para Velaris, amei todas as lojas que estavam abertas e sequer precisei entrar nelas, as vitrines eram encantadoras e eu gastaria todo meu dinheiro ali em questão de horas, era tudo maravilhoso e tão brilhante.

  Ninguém da festa sentiu minha falta e muito menos veio atrás de mim, isso confirmava que eu não estava fazendo nada de errado para que precisassem interferir, se bem que eu estava sendo tentada a ir para uma boate e encher minha cara até não ter como sair caminhando sem a ajuda de alguém.

— Aylin, certo? — Uma voz em tom suave... frio e sombrio entoou atrás de mim tão de repente que poderia ter saído correndo como uma criança assustada com algum bicho, me virei para poder ter visão do responsável por me causar esse arrepio e me deparei com Azriel, seu rosto não demonstrava nenhuma, nenhuma expressão e era surpreendente. — Responda.

— A própria, não estou fazendo nada de errado —Disse erguendo minhas mãos na altura de meu peito com as palmas a mostra — Viu? Nada

— Não tem fama de roubar, não precisa me mostrar suas mãos.

— Quer dizer que alguém com fama de roubar já passou por Velaris? Interessante.

— Posso dizer que temos um dragão apaixonado por jóias que não tem muitos bons modos. — Contive minha risada com sua fala e franzi as sombrancelhas

— Quem, exatamente? Está se referindo a alguma pessoa.

— Estou me referindo a alguém que não lhe convém, mera guarda da Corte Diurna.

— Já te disseram que você é interessante?

— Tantas vezes que não me importo em contar, já lhe disseram que você sabe como fugir dos assuntos? —Ele deixou finalmente uma feição tomar conta de seu rosto e não escondeu seu pequeno sorriso.

— Já, também disseram que sou boa em fugir de espiões.

— Quero saber quais suas estratégias, tive de vir pessoalmente para te localizar.

— Tenho meus truques, mestre-espião.
  Outro sorriso? Quem eu espero que seja sério comigo simplesmente sorri, eu causo isso nas pessoas? Preciso matar essa dúvida, e vai ser justamente com Helion.

— Vim para te acompanhar de volta à festa, Rhysand não permitiu darem voltas pela cidade.

— Poxa, ele não confia nos próprios aliados?

— Não espero que ele confie em alguém que matou boa parte do exército de Hybern fora eu, ele e Cassian.

— Já estou começando a considerar mudar meu nome para não me reconhecerem, não mereço todo esse mérito!

— Acredite, eu também não mereço o meu.

– Você com certeza merece, por que pensa assim? — Ele abaixou muito pouco sua cabeça, foi suficiente para eu saber que isso poderia ter desbloqueado lembranças não muito agradáveis. — Peço desculpas pela pergunta, vamos voltar a festa. —Disse consideravelmente baixo começando a caminhar, ele me acompanhou em um silêncio confortável que eu não pretendia quebrar.

— Ainda não me revelou seus truques, Aylin.

— Magia, Azriel. — Isso o despertou curiosidade e soube quando ele suspirou ao meu lado e desacelerou seus passos.

— Que magia? Ou qual feitiço? Nunca conseguiram fugir ou enganar meus espiões. — Soltei uma risada nasal com suas perguntas tão inocentes.

— Deveria começar se perguntando sobre a Corte Diurna, cuja qual aparentemente vocês não sabem das diversas vantagens e diversos poderes, sou uma das poucas que se encontre tendo um como o meu. — Dei uma pequena pausa, estava tentando pensar em como explicar sobre mim especificamente — Bem, não sei muito bem como explicar mas eu não faço isso voluntariamente, é algo que flui por mim. Não posso ser localizada sequer pelo feitiço mais forte que usarem, qualquer espião que seja mandado para me rastrear se confunde, sempre.

— Isso pode me causar problemas.

— Não causaria problemas a ninguém, prefiro ficar em minha corte e esquecer dessa capacidade de não ser encontrada.

— Nunca havia visto algo do tipo sem ser algum feitiço, mas sempre podia ser contornado.

— Isso que me faz ter vantagem, não tem como contornar isso, quanto mais tentar, mais parecerá um labirinto. —Atravessamos a ponte novamente, eu já podia ouvir risadas e conversas, assim como a risada de Helion que eu reconheceria a quilômetros de distância.

Aylin.

  Havia alguém me chamando, como? Mentalmente?

Aylin.

  Como eu responderia a isso, era confuso! Ah! Quem era daemati ali, porra.

Sim?

Ah, finalmente.

  Era uma voz calma, suave e encantadora.

Quem é você?

Feyre, me desculpe por te assustar
De fato me assustou, precisa de algo, Senhora?

Não, para ser sincera.

Certo, então.

Helion me disse que você o convenceu de vir para a comemoração para ver Nyx

Ah, esse enxerido metido a besta.

  Uma risada, como? Que confuso!

Aproveite que Rhysand está de bom humor e se aproxime para o ver.

Irei tomar coragem

Como quiser

  Outra risada, então... nada.

— Aylin? Tudo bem?

— Desculpe. Estava imersa em pensamentos, literalmente.

— Ah, compreendi —Ele afirmou com sua cabeça em uma risada silenciosa

— Certo! Como funciona o poder daemati?

— Isso não é comigo, e sim com Rhysand e Feyre. — Droga! Não conseguiria perguntar diretamente para eles!

— Acho que vou arriscar ficar curiosa, então.

— Boa sorte.

  Hoje é dia de receber boa sorte? Vou aceitar a maioria, então.

— Obrigada, mestre-espião. —Arranquei outro sorriso dele, mas quando nos aproximamos o suficiente da festa ele voltou a ficar sério.

— Até, Aylin.

— Até, Azriel.

  Agora iria torcer pra o Caldeirão e a Mãe me fazerem reunir coragem de ir até Rhysand e Feyre, aparentemente ele não desgrudava 1 minuto sequer da Grã-Senhora e lançava seu olhar fatal a qualquer um que olhasse para Nyx, isso me lembrou de como eu sempre odiava machos  sendo pais superprotetores e agradecia por não ter encontrado meu parceiro, nem pretendia encontrar. Mal cheguei em meus 100 anos.

— Aylin. — Era Ethan, sua voz é incomparável a todas que já ouvi, é surpreendente ela ser séria, grossa e pontual ao mesmo tempo.

— Sim, Ethan? — O macho ficou frente a frente comigo por saber que odeio que atrapalhem minha visão ou foco de algo, justamente por eu ter fama de me distrair facilmente.

— Nada demais, peço foque em Helion não nos Grão-Senhores da Corte Noturna.

— Vá a merda, Helion sabe se cuidar e confia em mim por menos foco que eu tenha nele.

— Uma hora ou outra você vai pisar na bola com ele, Aylin.

— Claro que sim, vou enfiar uma flecha em seu pescoço se continuar em minha frente. — Sorri da forma mais inocente que pude e ele bufou

— Arranco sua cabeça e entrego em uma bandeja de prata para Helion antes que considere. — Rosnou ele, eu ri.

— Se controle, cão. — Seu arregalar de olhos foi suficiente para me fazer dar tapinhas em seu ombro e me afastar. Fui a rumo dos Grão-Senhores pois reuni a coragem que me faltava.

  Chegaram antes de mim, eu notei que Feyre me olhava e disfarcei procurando por alguma bebida. Ela não tinha de saber que eu quero falar com eles sem ninguém para ouvir minhas diversas perguntas, estava parecendo uma criança.