Eu Preciso Que Você Fique

Capítulo 7

POV WILHELM

Ahhh.
Aaaahh.
Deito de costas na cama, paralisado de vergonha. Não consigo pensar em palavras. "Ahhh" é o único som adequado para expressar meu horror.

Respiro fundo e tento organizar meus pensamentos. Simon era o cacheado daquela noite, Simon é meu colega de quarto, talvez eu tenha uma queda por Simon, Simon me viu nu... Aaahh.

Meu telefone toca, é Erik. Meu irmão me liga pouco desde que se mudou para Inglaterra a trabalho e eu preciso falar com alguém agora ou vou surtar, então atendo logo no primeiro toque.

- Oi, Erik.

- Eae, maninho, tá tudo bem?

Nessa hora eu solto um grunhido.

- O que foi? Aconteceu alguma coisa? - ele diz, preocupado.

- Lembra que eu te disse que ia mudar de apartamento, né?

- Sim.

- Era pra eu ter conhecido o cara com quem eu ia dividir o quarto antes de me mudar, mas acabei não conseguindo. Só que eu esbarrei com ele agora.

- Ok, não vi nenhum problema ainda.

Repito o grunhido.

- O que? Ele é estranho? Horrível?

Deus, se tinha uma coisa que Simon não era, era horrível.

- Não. Só não foi uma situação muito agradável e agora estou me escondendo.

- Ainda não tô entendendo, onde ele tá?

- Chuveiro.

- E onde você está?

- Escondido no quarto.

- Você sabe que ele vai entrar aí depois de terminar, né?

Puta que pariu. Não tinha pensado nisso. Corro para procurar minhas roupas e no meio do caminho olho para o relógio, me lembro que estou mais atrasado ainda.

- Espera na linha, preciso me vestir.

- Pera, o que??

Ponho o telefone na mesa, pego as primeiras roupas que encontro e visto. Pego minhas chaves e saio do apartamento o mais rápido que consigo. Continuo falando com Erik enquanto não chego no trabalho.

- Pronto. Certo. Agora tô melhor.

- O que aconteceu? Por que você não estava vestido? Você transou com ele, cara?

- NÃO!

- Tá, calma, era uma pergunta natural a ser feita.

- A gente se esbarrou no chuveiro.

Erik ri tão alto que, ao mesmo tempo que me faz sorrir um pouco, eu quero ir até Londres só para te dar um soco.

- Ele estava pelado?

Grunhido.

- Sem camisa, mas... eu estava.

Acho que todas as pessoas que estavam na rua conseguiram ouvir a risada dele dessa vez.

- Ai, cara, ganhei meu dia, sério. Mas e aí?

- Eu não vou falar sobre isso!

- Você ainda está no apartamento? Por que não volta pro quarto? Não ia parecer que fez de propósito. Quer dizer, você quase fez isso mesmo, ia juntar vocês dois de novo, nunca se sabe...

- Eu já estou no caminho do trabalho. E eu não ia ficar de tocaia esperando o coitado sair do banheiro, Erik! Você não acha que já me expus o suficiente? Ele deve estar traumatizado.

- Ele pareceu traumatizado?

Penso um pouco. Ele estava... aaah. Tanta pele. Grandes olhos castanhos, os cachos em seu rosto, um leve suspiro quando passei por ele para sair.

- Você sabe que vai ter que falar com ele, certo?

- Não, acho que podemos muito bem nunca mais nos encontrar. Eu acho que mensagens é o suficiente para sermos colegas de quarto. Nenhum interação a mais é necessária. Vou ficar bem se eu nunca mais precisar olhar para ele.

- Tem alguma coisa que você não está me contando, né? Não, pera, vou adivinhar. Você ficou um pouco... excitado?

Solto um grunhido alto e humilhado, uma mulher que passa por mim me olha como se eu fosse louco. Erik cai na gargalhada.

- Cara, como eu te odeio.

Ele continua rindo.

- Eu não estava preparado, ok? Tinha acabado de acordar! E ele apareceu do nada sem camisa! Eu não transo faz semanas!

- Meu Deus, Wille. Você acha que ele notou? - ele diz, ainda rindo.

- Não, com certeza não. Não. - pelo menos eu espero que não.

- Talvez sim, então.

- Não! Não pode ter notado, seria mais estranho ainda.

- O que você vai fazer agora?

- Tirar todas minhas coisas do apartamento hoje mesmo e fugir para outra cidade.

- Que isso, Wille. Calma.

- É horrível. A gente mora juntos agora. Não posso ficar andando com uma ereção na frente dele. É obsceno! Deve ser crime!

- Provavelmente é.

- Erik!

- Calma, não precisa surtar. Você mesmo disse que não transa faz semanas, tinha acabado de acordar, viu um cara gostoso e começou a pensar com seu pau.

- Tô esperando você chegar no ponto em que vai me ajudar, porque até agora você só narrou os fatos.

- Eu quero dizer que talvez você esteja exagerando... Droga, Wille, preciso ir, tenho uma reunião. Enfim, fica tranquilo. Ele não viu nada, isso não significa nada, relaxe. Te amo, qualquer coisa me liga depois.

Ele desliga.

                          * * * * * *

POV SIMON

- Você só pode estar brincando! - vejo pelo celular Ayub quase cair da cadeira rindo e Rosh passando mal de tanto rir. - Não acredito que ele estava de pau duro!

Eu tento não rir, mas é quase impossível com ele falando desse jeito.

- Tá, não é engraçado, a situação toda foi estranha. E eu disse talvez ele estivesse. Não estou dizendo que estava com certeza.

- Ah, agora vai me dizer que você não deu uma olhada? - Rosh pergunta.

Fico calado. Claro que dei uma olhada, mas não foi totalmente intencional! Eu fiquei surpreso quando reconheci ele e só quis ver direito como ele era. Ok, talvez eu não precisasse ver tanto.

- Óbvio que ele olhou. - Ayub diz, animado. - Como ele é? Não precisa dar detalhes abaixo da cintura, pode deixar essa lembrança só para você.

- Sarah tinha falado que ele era lindo, achei que ela estava exagerando. Mas, porra...

- Ih, do jeito que é, já deve estar pensando em um jeito de levar ele pra cama. - Rosh fala, rindo.

- Pelo amor de Deus, não! Ele nem faz meu tipo...

Óbvio que ele faz meu tipo. Wilhelm podia muito bem ser o tipo de todo mundo. Mas não ia tentar algo com ele, ia ficar mais esquisito do que já está.

- Aham, claro que não. Vai falar com ele sobre o que aconteceu? - Rosh pergunta.

- Vou esperar ele falar comigo. Ele ficou tão vermelho que, se eu for falar com ele primeiro, tenho medo que passe mal. E se não falar, finjo que nada aconteceu.

- Ainda não acredito! Pau duro!

- Cala a boca, Ayub. - eu digo.

Conversamos mais sobre algumas coisas e depois desligo. Deito na cama, exausto, e, por algum motivo, a imagem de um loiro só de toalha não sai da minha cabeça.