Capítulo 3

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POV SIMON

- Caralho, Ayub, onde você tá? - eu gritava no telefone, olhando para uma Rosh ansiosa tanto quanto eu. Já devíamos ter entrado há 20 minutos, mas Ayub estava atrasado como sempre. - A gente já devia tá tocando, cara.

- Eu sei, eu sei. Mas a culpa não é minha que avisaram em cima da hora.

Mesmo se tivessem avisado duas semanas antes, tenho certeza que ele daria um jeito de chegar atrasado.

- Olha, já tô entrando aqui, fica calmo, se quiser pode até já começar a cantar.

Estou pronto para começar a xingar ele quando o vejo no meio do clube, se espremendo entre as pessoas para chegar até atrás do palco.

- Porra, quase não chega, né? Vamo logo.

Subimos no palco e, enquanto Ayub e Rosh arrumam os instrumentos e o som, eu me preparo para começar a cantar. Já faço isso há um tempo, mas sinto aquela ansiedade antes de subir no palco e, sinceramente, nunca quero deixar de sentir, é o que me mantém vivo. Hoje vou começar com uma música autoral, "La Mesa" está escrita há um tempo já, mas decido tocar ela somente hoje.

A música começa e eu amo a sensação que ela me passa, faz com que eu sinta que nasci para isso. Quando começo a cantar, as luzes se acendem, e eu vejo que já estão todos animados e dançando e é aí quando eu realmente começo a aproveitar. Estou cantando e dançando. Quando estou virando para dançar de costas, algo me chama atenção.

Tem um garoto loiro que está se balançando no ritmo da música me encarando. Nesse momento percebo duas coisas: a primeira é que ele realmente não sabia dançar e segunda é que ele tem algo que eu nunca vi em mais ninguém. Me perco um pouco com a intensidade do olhar dele, como se me atravessasse. Continuo a cantar e dançar, mas dessa vez encarando ele.

Percebo que realmente consegui a atenção dele, então começo a descer até o chão, enquanto reparava o quanto ele é bonito. Ele é alto, loiro e seu rosto é irritantemente lindo. Seu cabelo loiro, um pouco comprimido, caiu em seus olhos e ele o puxou para trás, sorrindo de lado. Ele parecia a porra de um príncipe. Na minha cabeça só se passa uma coisa: eu precisava ter aquele garoto.

Assim que deu nosso intervalo eu fui tentar achar ele, mas já fazia algumas horas que não o via e provavelmente ele já foi embora. Uma parte de mim fica estranhamente decepcionada, por que tanta questão de encontrar alguém com quem eu nem troquei uma palavra?

                        * * * * * * * *

POV WILHELM

Ainda mantinha meus olhos no cacheado, quando uma Felice extremamente bêbada esbarra em mim.

- WILLEE VAMO PA PRAIAA!

- Vamo. - ainda estava distraído, tentando manter o contato visual. E só segundos depois me dou conta do que ela disse. - Pera o que? Quanto você bebeu, lice?

Ela olha pra mim sorrindo, estreitando os olhos e quase juntando o dedo indicador com o polegar bem em frente a sua cara.

- Só um pouquinhoo.

- E eu achando que era eu quem teria que ser levado para casa.

Porque, sendo honesto, geralmente era. Mas tinha que acordar cedo para ver o apartamento no outro dia e desde que comecei a namorar Fabian parei de beber tanto, ele dizia que era algo desnecessário e que provavelmente eu só fazia isso para chamar atenção, então parei para não chateá-lo mais. Meus pensamentos se voltam para ele agora, e de repente lembro que há um minuto atrás estava secando tanto um cara que provavelmente está desidratado agora. O que eu estava pensando?

- Vamos beber uma água e eu vou te levar pra casa.

Ela faz biquinho dizendo que não quer ir embora, mas ignoro e a puxo em direção a saída. Uma parte de mim ainda queria ficar e continuar assistindo aquele cacheado. Eu não quero admitir, mas acho que nunca me senti tão atraído por alguém e tão rápido, nem mesmo por Fabian..

Procuro Stella para avisar que íamos embora e perguntar se ela queria ir junto, mas estava tão entretida dançando com uma menina que ela só balançou a cabeça, sinalizando que podia ir sem ela.

Pedi um Uber, deixei Felice em casa e fui para casa de Fabian, passar, o que eu esperava ser, minha última noite lá. Assim que abri a porta, levei um susto quando dei de cara com um Fabian irritado.

- Sabe que horas são? Onde você estava?

Eu nem sabia que ele estaria em casa, achei que ia passar a noite com o cara que trouxe para cá ontem. Era meio tarde mesmo e para piorar eu ainda estava meio bêbado.

- Saí com a Felice - digo, tentando andar em linha reta e ir para o quarto.

- Você ainda por cima está bêbado? Eu sempre disse que essas amizades suas não valem de nada, não sei o que você está pensando.

Ele sempre criticou Felice e suas amigas, tanto que durante um tempo eu realmente me afastei dela, mas depois do término ela foi incrível comigo e só tem me apoiado.

- E por que você liga? Olha, eu só quero dormir, boa noite.

- Porque me importo com você, mas acho que você sempre foi imaturo demais para perceber isso, que eu só quero que você fique bem.

Eu o encaro durante alguns minutos. Ele se importa? Ontem praticamente me mandou ir embora da sua casa e hoje ele se importa???

- Se importa o caralho - digo baixo, mas num tom que ele ainda consiga ouvir. Logo me arrependo, sabendo que ele como vai reagir.

- O que? Você só pode estar brincando né? Eu deixo você ficar na minha casa, eu me preocupo com você, te espero até de tarde para ter certeza de que está tudo bem, parece que todo tempo que a gente ficou junto não valeu porra nenhuma! - Ele começa a gritar e se aproximar e eu logo me encolho, sabendo que eu não deveria ter dito nada e que ele estava certo.

- Eu sei, me desculpa, me perdoa, por favor, não quis dizer isso. - meu olho começa a lacrimejar, última coisa que eu queria era magoar ele ou deixá-lo irritado. Ele percebe que estou quase chorando e se aproxima mais lentamente, me abraçando. Nessa hora, a saudade que eu sentia dele me acertou em cheio.

- Eu sei, não precisa chorar. Eu só quero seu bem, você sabe disso, né? - nesse momento já estou chorando agarrado em sua camisa enquanto seus braços estão em minha volta, balanço a cabeça concordando.

- Tudo bem, tá tudo bem, vai tentar dormir um pouco, eu preciso sair.

Olho confuso para ele, para onde ele iria a essa hora?

- Wille... você sabe que não tem o direito de perguntar nada, não estamos mais juntos, eu posso sair a qualquer hora. - O jeito meigo que ele diz isso, como se eu fosse uma criança que precisasse entender algo complexo, quase me destrói por dentro.

- Eu sei, desculpa. Vou dormir, boa noite.

Eu Preciso Que Você FiqueOnde histórias criam vida. Descubra agora