CAPITULO 6 - NOVAS DESCOBERTAS

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- Aquele ali.... é o Amadeu?

- Sim, aquele ali é meu pai Amadeu. - Respondi a Arthur, confuso - Algum problema?

Lágrimas grossas caíam pelo rosto de Guilherme. Arthur se apoiou no seu amigo e abaixou a cabeça. Os dois pareciam em choque.

- Gente... aconteceu algo? - Eu perguntei, extremamente confuso e preocupado.

- Então você não morreu, Amadeu! - Guilherme falou, dando um largo sorriso - que bom que você está vivo!

(...)

06/04/1996, casa de Guilherme.

- Guilhermeeeeeeeee! - A mãe de Guilherme gritou, chamando a atenção do mesmo. - Seus amigos já chegaram.

Aquele era um dia muito especial. A festa mais esperada por Guilherme e seus amigos com certeza.
Descendo as escadas, ele estava realmente ansioso para tudo isso.  Provavelmente todos estavam tão ansiosos quanto ele.

- Olá sr. Guilherme, que demora hein! - Falou Arthur, cutucando o amigo - Achei que a gente ia perder a festa de tanta demora!

- Você deveria deixar de ser exagerado!- Guilherme falou, dando um peteleco na testa do amigo - Você poderia me deixar em paz também.

- Te deixar em paz?? - falou Arthur, gargalhando em seguida - Cara, você aceitou ser meu amigo porque quis! agora você aguenta, porque sabe muito bem que só sei demonstrar amor por meio de zoação.

- Tá bom, tá bom! - Falou Guilherme, desistindo daquela conversa- Você venceu, Arthur.

Arthur saiu como se tivesse vencido uma guerra. Mal sabia ele que aquela era apenas uma pequena batalha, a guerra viria depois.

- Amadeu, você sabe onde é o lugar da festa? - Perguntou Arthur, olhando para o seu amigo - Você que é o motorista do grupo, cara!

Sim, era isso mesmo.
Amadeu era o único que sabia dirigir dos três. Ele tinha 21 anos,porém andava pela cidade com uma carteira de motorista falsa.

- Claro que sim! - Falou Amadeu, sendo normalmente grosso - Você é chato pra porra viu?

- E você é Antipático! - Revidou Arthur - O seu mal humor dá até uma depressão.

- Ah,vai cagar! - respondeu Amadeu, querendo partir para a agressão. Porém, Guilherme o parou.

- Chega! Vocês vão brigar agora? - Falou Guilherme furioso - A gente tem que sair agora se quiser chegar lá pelo menos antes de todas as garotas já estarem com algum par para dançar.

O caminho foi rápido, não passou dos 10 minutos. A festa era numa danceteria, com muitas bebidas alcoólicas e garotas.
Aquele lugar poderia ser desastroso.

Nas primeira duas horas da festa, eles aproveitaram muito. Porém, tudo que é bom dura pouco. Um desentendimento que levou tudo a desmoronar.

- Eu vou namorar com a Ângela! - Começou Amadeu, fazendo Arthur cuspir a cerveja que estava tomando - ela é a única garota que me faz sentir o céu na terra.

- OQUE??? - Gritou Arthur, dando um tapa na mesa. - Não vai mesmo!

- Porque? Você quer brigar? - Falou Amadeu, se preparando - Você tá louco?

- Você.... não pode namorar ela... - Arthur estava enfurecido, como jamais havia se sentido - A Ângela...

- An? o que tem a Ângela? - Perguntou Amadeu.

- A Ângela.... ela não vai ficar com você, nem por cima do meu cadáver! - Falou Arthur, dando um tapa na cara de Amadeu.

- VOCÊ ENLOUQUECEU? - Gritou Amadeu, devolvendo o tapa, dessa vez bem mais forte.

Arthur caiu ao chão, se levantou com a cara vermelha do tapa. Mesmo assim, ele gritou:

- A ÂNGELA É A MINHA GAROTA E É COMIGO QUE ELA VAI FICAR!

Depois dessa revelação, Amadeu se afastou de Arthur e Guilherme, decidindo beber todos os tipos de bebidas alcoólicas possíveis.
Guilherme viu que não daria para continuar naquela festa e decidiu ir embora.
Arthur o seguiu, os dois iriam pegar um taxi quando Amadeu apareceu:

- Você vinheram comigo... - Falou Amadeu, super bêbado. - Vocês vão embora comigo também.

- Não precisa Amadeu - Falou Guilherme. - Você está muito bêbado, não deveria nem ir para casa dirigindo.

- Nãoooo, nem pensem nisso- Falou Amadeu, abrindo a porta do carro para os dois - Vocês vão voltar comigo.

Arthur e Guilherme ainda foram relutantes para entrar naquele carro, porém acabaram cedendo depois de tanta insistência de Amadeu.
O caminho estava sendo feito em silêncio. Ninguém ousou iniciar uma conversa.

Eles estavam passando pelo trecho mais difícil da rodovia quando Guilherme notou que Amadeu não estava acordado.

- Amadeu.... AMADEU!- Gritou Guilherme, tentando acordar Amadeu. Porém, não obtendo sucesso - ARTHUR, ELE ESTÁ DORMINDO!

- DROGA! ELE BEBEU DEMAIS! - Gritou Arthur, em pânico- NÃO DEVIAMOS TER ENTRADO NESSE CARRO!

Guilherme tentou tomar o controle do veículo, mas Amadeu segurava aquilo com toda sua força, mesmo dormindo.
O carro estava desgovernado.
Arthur e Guilherme tentavam acordar Amadeu desesperadamente, mas sem nenhum sucesso.
Na hora da curva, o carro caiu em uma vala enorme e o impacto foi muito forte.
Arthur e Guilherme perderam suas vidas nesse acidente.

(...)

Guilherme me contou a história deles, e eu estava simplesmente chocado.
Meu pai tinha sido melhor amigo deles,  mas depois de um desentendimento por causa da minha mãe, bebeu demais e acabou dormindo ao volante, causando o acidente. Meu pai, o mais irresponsável, foi o único sobrevivente.

- Cara, você tá ligado que eu quase fui seu pai né? - Arthur tentou aliviar a tensão do momento, falhando.

- Por esses 25 anos, procuramos a alma do seu pai - Falou Guilherme, me dando um abraço apertado - Mas todo esse tempo... ele esteve vivo e teve uma família!

- Você não sente raiva dele? - Perguntei, fazendo Guilherme e Arthur me encararem. - Tipo, ele causou a morte de vocês.

- Sabe Antony, a gente não sente raiva dele.. - Falou Arthur, segurando em minha mão - eu também fui responsável por aquilo. Eu sofri as consequências. Talvez a culpa que ele sinta por aquele dia seja pior que a morte.

Ele tinha razão.
Meu pai matou seus melhores amigos e não estava consciente na hora... deve ter sido horrível conviver com essa dor por mais de 25 anos.

- E porque vocês não tentaram voltar a vida? - Perguntei a eles - a morte de vocês foi injusta, então vocês tinham direito não é?

- Antony... eu acho que você não entendeu direito...- Guilherme falou, se aproximando de mim - esse direito de voltar a vida, só pessoas que cometeram suicídio que possuem.

- Como assim? eu não me suicídei! - respondi, deixando eles extremamente confusos - isso só pode ser um erro, eu fui assassinado pelo meu irmão Álvaro!

- Antony... isso não é possível! - Falou Guilherme.

- PORQUE? - Gritei furioso. - EU CONVERSEI COM MEU IRMÃO NA HORA DA MINHA MORTE, ELE TINHA UMA ARMA NA MÃO E ME MATOU PARA VINGAR AS VITIMAS DO MASSACRE!

- Antony... Álvaro morreu em 2018.

□ Continua □

0555 [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora