CAPÍTULO 4 - NOVOS AMIGOS

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(...)

- Antony! Ainda não acabou!

Abri os olhos lentamente. Eu estava vivo?
Olhei ao meu redor e vi duas pessoas, elas não se pareciam com ninguém que eu já havia conhecido.

- eu...estou vivo? - perguntei, fazendo as duas pessoas rirem.

- Se você estivesse vivo, a gente nem estaria aqui agora. - Falou um garoto de cabelo rosa, olhando diretamente pra mim. - Meu nome é Guilherme, e esse de cabelo branco com cara de trouxa é o Arthur.

- ÉOQUE? - Gritou Arthur, chutando Guilherme - Quem é o trouxa aqui?

- Você! - Falou Guilherme, devolvendo o chute.

- Ora seu..... - Enfurecido, Arthur tenta dar um soco em Guilherme, porém erra e cai de cara no chão.

- Então... aqui é o céu? - Perguntei, fazendo Guilherme e Arthur lembrarem que eu estava ali.

- Bem... não podemos dizer isso... - Falou Arthur, dando a mão para que eu conseguisse me levantar - Meio que a gente foi enviado para mudar o seu destino.

- Como assim? - Perguntei extremamente confuso - Até quando morre tem essas paradas de destino?

- Deixa que eu explico.. - Falou Guilherme, se aproximando de mim - Veja bem, jovem. Você tem uma chance de voltar a vida e a gente tá aqui para te auxiliar nisso.

- Mas se eu voltar a viver, eu vou ser preso? - Perguntei, fazendo Arthur olhar incrédulo pra mim.

- Você se importa mais com a polícia? - Falou ele, me cutucando irritantemente - Pior seria a reação dos teus familiares vendo tu voltar do nada que nem um zumbi. Até que isso seria engraçado.

- Cala a boca Arthur! - Falou Guilherme, dando um tapa na cabeça de Arthur - Continuando... para você conseguir voltar a viver, a gente vai precisar fazer algumas coisas.

- Tipo oque? - Perguntei.

- Tipo... descobrir quem colocou a faca na sua bolsa! - Respondeu Guilherme, me fazendo lembrar que a faca tinha aparecido ali do nada.

- Tome isso! - Falou Arthur, me dando um copo com uma água meio verde. - A gente precisa começar a agir agora.

- Eca, isso é água? - Perguntei, querendo vomitar olhando para aquilo - Isso é de tomar mesmo?

- Não se preocupe amigo! - Começou Arthur, dando uns pequenos tapas nas minhas costas - O que não mata, deixa a  pessoa mais forte!

Ele sorriu brilhantemente, como se tivesse falado a coisa mais incrível que Antony já tinha ouvido.

- Isso faria sentido... - Falou Guilherme - se a gente não já estivesse morto, seu asno!

- Ah, é verdade! - Respondeu ele, triste.

Tomei aquele líquido estranho e senti uma pequena tontura. O lugar onde estávamos começou a girar e fomos teleportados.

(...)

Na terra, 30/11/2021

- Infelizmente, o corpo é do seu filho... - Falou a investigadora, fazendo Angela cair ao chão em prantos. - eu sinto muito.

- Eu não acredito... não pode ser!- Amadeu falava, em completo choque.

- Meu....meu filho...- Angela chorava, suas lágrimas caíam sobre o tapete da sala - Antony, meu filho....

- O que aconteceu? como ele morreu? - Perguntou Amadeu, olhando para a investigadora que ele mesmo tinha expulsado no dia anterior.

- O laudo da morte de Antony saiu a poucos minutos - Respondeu a investigadora  - a morte dele foi considerada um suicídio.

- Um suicídio?? não pode ser... - Respondeu Amadeu - ele era um garoto mentalmente saudável, nunca tinha apresentado nenhum problema.

- Talvez, ele tenha feito isso para se livrar da polícia - Falou a investigadora Célia - ou talvez pela culpa de ter matado tantas pessoas.

- Meu segundo filho...Antony- Angela, ainda chorando, clamava pelo nome do seu filho - Agora eu não tenho mais nenhum!

- Como assim? - Perguntou a investigadora - Você tinha mais algum filho?

- Sim, o Álvaro - Falou Amadeu, engolindo o choro.

- O que aconteceu com ele? - Perguntou a investigadora.

- Ele morreu faz 3 anos - Falou Amadeu - Ele foi assassinado no caminho da faculdade.

- Você acha que a morte dele levou Antony a fazer o que fez? - Perguntou a investigadora  - como algum tipo de vingança pela morte do irmão ?

- Eu não acho isso possível... - Falou Angela, rouca de tanto que ela chorava e gritava pelo seu filho recém falecido.

- A gente nunca contou ao Antony da morte de Álvaro - Falou Amadeu, enxugando as lágrimas da sua esposa - Ele achou até morrer que o Álvaro estava na faculdade, e não dava notícias por causa da correria do dia a dia.

- Entendo...- Falou a investigadora Célia, anotando tudo isso em um pequeno bloco de notas.

"Isso está começando a ficar interessante"

(...)

Meus olhos estavam embaçados. Depois que tomei aquela água nojenta que o Arthur me deu, tudo começou a girar e fomos teleportados para algum lugar.

- Ei Antony, tá tudo bem? - perguntou Guilherme, preocupado - Arthur! não tinha um método melhor de trazer ele aqui? ele ainda é uma alma que recém saiu do corpo, não tem tanta resistência assim.

- Nem vem reclamar Guilherme - Falou Arthur, emburrado - esse era o método mais rápido que tinha! Você queria passar 10 anos terrenos tentando fazer esse moleque teleportar cada pedaço de alma?

- É... mas quem garante que você não danificou a alma dele? - Falou Guilherme, furioso - Somos almas com mais de 25 anos, ele não tem nem 24 horas.

- Eu tô bem...- Respondi a eles, conseguindo me levantar. - Onde estamos?

- Estamos no seu quarto, há mais ou menos 42 horas antes do massacre. - Respondeu Guilherme.

Olhei em volta.. Era realmente meu quarto. Olhei para minha cama e me assustei com o que eu vi:
Eu me vi deitado na minha cama.

- Aquele ali....sou eu?? - Perguntei, fazendo Arthur suspirar.

- Sim, é você. - Respondeu Arthur - A gente já tinha te dito que isso é 42 horas antes do massacre, cara.

- Antony, o que temos que fazer aqui no passado é descobrir o que te levou a cometer o Massacre - Falou Guilherme, olhando para mim - A gente sabe muito bem que nem você sabe...

Parando para pensar, eu realmente não sabia. Eu não me lembrava.
Eu sabia que tinha cometido o crime, mas não lembrava de absolutamente nada.

- Eu realmente não sei... - respondi.

- Então, vamos te ajudar a voltar a vida, descobrindo todas as peças para abrir o portão da vida.

Ainda tenho muita coisa que eu preciso aprender. Mas de uma coisa eu tenho certeza.

Eu vou voltar a viver.
Vou me explicar a polícia e vou me ver livre desse crime.
E eu vou precisar de meus novos amigos para isso.

□  Continua □

0555 [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora