0555 [FINALIZADA]

CAPITULO 8 - A PEÇA DO TRAUMA

- Antony... o Álvaro morreu em 2018.

- Não.... o Álvaro estava sumido porque estava fazendo fazendo faculdade! - respondi a eles, sem acreditar nem um pouco no que eles tinham dito - ele me odiava e preferiu sumir para viver uma nova vida...

Eles estavam errados, eu não podia acreditar naquela mentiras. Eles são realmente meus amigos ou não? se eles querem me ajudar, porque estão mentindo sobre uma coisa dessas para mim?

- Isso é algum tipo de truque, não é? - Perguntei enfurecido -  um truque para ativar algum trauma do meu cérebro, não é?

- Antony...você não sabia da morte do seu irmão? - perguntou Guilherme, compadecido - não lhe falaram sobre?

- Não, porque ele nunca morreu! - respondi friamente, pegando Guilherme pela camiseta -Você quer ferrar comigo, não é? Você não é meu amigo... aliás, vocês não são meus amigos!

Porque eles ainda estavam insistindo tanto nisso? eu sabia perfeitamente que se ele estivesse morto eu deveria saber... não é?

- Cara... você não sabe aceitar o que te dizemos?- Arthur me tirou de perto de Guilherme e olhou bem em meus olhos - Nós sabemos de tudo que acontece no mundo dos mortos, ele está morto!

- Não... ele não está! - Notei lágrimas grossas descendo pelo meu rosto. Eu estava realmente acreditando naquele papinho furado - Meu irmão está vivo e inclusive foi ele que me matou!

- Antony, veja por si mesmo! - Apontou Guilherme para o meu quarto.

Ainda estávamos vendo o meu passado para tentar conseguir as peças e me fazer voltar a vida. Só que agora eu estava confuso, porque a minha morte não correspondia ao que eles disseram. Eu não me suicidei.

Meus pais estavam na sala, conversando enquanto eu dormia:

- Ângela, já se passou tempo demais desde aquilo que aconteceu- Disse meu pai, enquanto se sentava em sua poltrona recém - comprada - ele não pode achar que o Álvaro está na faculdade para sempre. 

O que ele queria dizer? o que Arthur e Guilherme disseram... não pode ser verdade.

- Eu... Ainda não tenho coragem de contar para ele! - Disse minha mãe em prantos - vai ser um impacto muito forte para ele, principalmente por já se ter passado mais de 2 anos. 

- E ele vai ficar a vida inteira esperando o irmão voltar? - Meu pai disse, tocando nos ombros dela - Álvaro está morto! O reencontro que ele espera NUNCA vai acontecer! Você quer mesmo deixar ele sofrer por mais anos até ele notar que tem algo errado? QUE TIPO DE MÃE VOCÊ É?

Naquele ponto eu já não estava ouvindo. Então... Álvaro estava realmente morto?

As lágrimas rolavam incontrolavelmente e um grito miserável da mais pura dor saiu de minha garganta. Não podia ser real, não podia... O Álvaro, a pessoa que eu mais admirei na minha vida estava morta a anos e durante todo esse tempo eu o amaldiçoava por ter me esquecido. O meu irmão nunca me esqueceu e nunca quis se afastar de mim, ele foi forçado a isso porque sua vida foi tomada. 

- Guilherme... Arthur... - eu tentava me desculpar, porém estava chorando incontrolavelmente - eu...eu...

- Não precisa falar nada, Antony -  Falou Guilherme me dando um abraço forte - Nós te entendemos.

- Isso mesmo... - Falou Arthur, me abraçando também, fazendo aquilo se tornar um abraço em grupo - Pode chorar...

Eu soluçava, chorando muito alto e sem me preocupar se as pessoas estavam ouvindo ou não. Não me importava mais. Meu irmão estava morto... meu porto seguro e meu herói de toda a minha miserável vida, estava morto.

- Antony... o que você achava que tinha acontecido com seu irmão durante este tempo? - Perguntou Guilherme saindo do abraço 

- Eu... eu pensava sobre ele não se importava mais comigo... - secando as lágrimas, respondi o mais sincero que consegui - eu imaginava que ele estava tendo uma vida melhor na faculdade e tinha me esquecido...me abandonado.

- Talvez.. essa seja a peça do trauma! - Falou Arthur.

De repente, uma placa brilhante desceu devagar até as minhas mãos. Então... essa é a peça do trauma?

 - A peça do Trauma! - Falou Arthur, animado - Conseguimos a primeira parte! 

Na terra, 14/12/2021

"15 dias após o massacre a escola, corpo de garota é encontrado em sótão da escola. De acordo com informações policiais a garota estava decapitada e com seu braço decepado. Sendo assim, considerada a vitima mais cruel de Antony Vieira, que se suicidou no dia seguinte após o crime"

A policia vasculhava a escola para ter mais informações do crime quando acharam o corpo da jovem garota. A violência que ela sofreu estava estampada eternamente em seu rosto endurecido pelo tempo em que seu corpo estava ali, sem nenhum tipo de velório digno.

- Essa garota é a menina desaparecida dos jornais? - Perguntou um policial para a investigadora Célia.

- Sim. - Respondeu ela, analisando o corpo da garota - é a garota que os pais admitiram só estar procurando por obrigação, Ivolanda Adam.

Com Antony

- Nós já conseguimos uma das quatro partes - Disse Guilherme, segurando a peça - Agora, precisamos de uma testemunha que tenha visto tudo acontecer.

- Mas como conseguiremos uma testemunha? - Perguntei, meio confuso - Pessoas que morreram naquele dia, ainda tem consciência de tudo?

- Não, e por isso que eu achei muito difícil de achar - Falou Guilherme - porém eu achei uma única pessoa morta que pode nos ajudar, a única que ainda possui consciência.

- E quem é? - Perguntei, torcendo para que não fosse a Melissa ou o Henrique.

- Ivolanda Adam - Guilherme falou, porém não reconheci esse nome.

Arthur, que estava fora a um tempo, voltou trazendo uma garota. Muito provavelmente a garota que o Guilherme acabou de falar.

- Olá, Ivolanda! - falou Guilherme, tentando fazer com que a garota não se sentisse tão assustada - Desculpe por trazer você aqui tão subitamente!

- Não precisa se desculpar! - Falou Ivolanda, me fazendo reconhece-la. Ela era a garota que comandava o jornal da escola - Só esse suco maldito que vocês me deram que é péssimo.

- Arthur! eu já te disse para não usar esse negócio - Guilherme esbravejou - pode quebrar a alma deles.

-  Eu que não ia ficar esperando um tempão para a alma dela envelhecer - Falou Arthur - e depois que toma, a pessoa fica normal. Se o Antony se adaptou bem, porque a garota não iria? Guilherme.... você por acaso é machista?

De repente, a garota que parecia normal, empalideceu.

- Antony? - Neste momento ela me viu. Tentei colocar um sorriso tímido no rosto, porém isso só piorou a situação.

- Sim, este é Antony Vieira - Falou Guilherme, apontando para mim - Nós temos uma missão para te dar e...

Guilherme foi interrompido pelo grito estridente da garota.

- O QUE ESSE MONSTRO ESTÁ FAZENDO AQUI?

Continua!