Raízes

397 16 6
                                        

Perrie podia ouvir seu All Star batendo forte contra o chão. Podia sentir o vento úmido contra sua camiseta preta. Podia praticamente cheirar o piche quente de uma parte recém pavimentada do estacionamento. Mas quando ela lançou seus braços ao redor de duas criaturas curvadas perto da entrada de Sword&Cross em um sábado pela manhã, tudo isso foi esquecido.

Ela nunca esteve tão feliz de abraçar seus pais em toda sua vida.

Por dias, ela ficou se lamentando de quão distante e fria as coisas tinham sido no hospital, e não iria cometer o mesmo erro de novo.

Os dois tropeçaram enquanto ela os abraçava. Sua mãe começou a rir e seu pai lhe deu palmadinhas nas costas à sua maneira de cara-durão. Ele tinha sua enorme câmera ao redor do pescoço. Eles se endireitaram e mantiveram sua filha ao longo de seus braços. Parecia querer uma boa olhada de seu rosto, mas tão logo como a conseguiram, suas próprias feições desvaneceram.

Perrie estava chorando.

— Querida, qual é o problema? — seu pai perguntou, descansando a mão em sua cabeça.

Sua mãe procurou em sua gigante bolsa azul uma caixa de lenços. Com os olhos amplamente abertos, ela balançou um lenço em frente ao nariz de Perrie e perguntou:

— Nós estamos aqui agora. Está tudo bem, não é?

Não, não estava tudo bem.

— Por que vocês não me levaram pra casa no outro dia?— Perrie perguntou, sentindo-se magoada e com raiva mais uma vez. — Por que vocês os deixaram me trazer pra cá de novo?

Seu pai empalideceu.

— Todas as vezes que nós falamos com o diretor, ele disse que você estava indo muito bem, de volta às aulas, como a boa garota que criamos. Uma dor de garganta pela fumaça e um pequeno galo na cabeça. Pensávamos que isso era tudo.

Ele lambeu seus lábios.

— Existe algo mais te perturbando? — Sua mãe perguntou.

Uma olhada entre seus pais lhe disse que eles já tiveram esse briga. Mamãe lhe tinha suplica no olhar que dizia eu sabia que minha garotinha precisava de mim. O pai rígido-amoroso de Perrie havia batido o pé, ela é forte, ela consegue tudo.

Não havia modo de explicar a eles o que tinha acontecido naquela noite ou o que ela vem passando desde então, ela tinha ido direto para as aulas, embora não por sua própria escolha.

E, fisicamente, ela estava bem. Só que em todas as outras maneiras – emocional, psicológica e romântica – ela não podia se sentir mais ferida.

— Nós só estamos tentando seguir as regras — o pai de Perrie explicou, movendo sua grande mão para apertar o pescoço dela.

O peso dele mudou sua postura e isso a obrigou a parar quieta, mas tinha passado muito tempo desde que ela esteve assim perto das pessoas que amava, então ela não atreveu a se afastar.

— Porque nós só queremos o que é melhor pra você. — seu pai acrescentou. — Nós temos que ter fé nestas pessoas. — ele sinalizou ao formidável edifício ao redor do campus, como se representasse Randy e o diretor Udell e ao resto deles. — Eles sabem do que estão falando.

— Eles não sabem — Perrie discordou, olhando os edifícios de má qualidade e o pátio vazio.

Até agora, nada nesta escola fazia algum sentido pra ela.

Caso em questão, o que eles chamavam de Dia dos Pais. Eles fizeram um grande caso de quão afortunados são os estudantes de ter o privilégio de ver sua própria carne e sangue. E, no entanto, faltavam dez minutos para a hora do almoço e o carro dos pais de Perrie era o único no estacionamento.

fallen [zerrie]Onde histórias criam vida. Descubra agora