5. A Panelinha

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— Nunca mais me assuste desse jeito!— Katherine reprimiu Perrie na tarde de quarta-feira.

Foi logo depois do pôr do sol, e Perrie estava dobrada dentro do cubículo telefônico da Sword&Cross, um confinado minúsculo no meio da área do escritório frontal. Estava longe de ser privado, mas ninguém estava ali vadiando. Seus braços continuavam doloridos por causa da detenção do dia anterior no cemitério, o orgulho dela continuava ferido da fuga de Zayn no instante em que eles foram puxados para baixo da estátua. Mas por quinze minutos, Perrie estava tentando tirar tudo aquilo de sua mente para absorver cada palavra alegremente frenética que sua melhor amiga poderia cuspir para fora no tempo repartido. Era tão bom ouvir a voz estridente de Katherine que Perrie nem ligava que ela estivesse gritando.

— Nós prometemos que não nos ficaríamos sem nos falar nem uma hora— Katherine continuou, acusadora. — Eu pensei que alguém te comeu viva! Ou então eles talvez te prenderam na solitária em uma dessas camisas de força que você tem que mastigar através da manga para coçar seu rosto. Por tudo que eu sei, você poderia ter caído num desses nonos círculos de...

— Okay, mãe — Pez disse, rindo e exercendo o papel de instrutora de respiração de Kathy. — Relaxe.

Por um milésimo de segundo, ela se sentiu culpada por não ter usado sua única ligação telefônica para ligar para sua mãe de verdade. Mas ela sabia que Katherine iria se descabelar se ela descobrisse que Perrie não havia agarrado a primeira oportunidade de entrar em contato. E de um jeito estranho, era sempre tranquilizador ouvir a voz histérica de Kathy. Era uma das muitas razões que as duas eram uma boa dupla: a paranóia acima do normal de sua melhor amiga na verdade tinha um efeito calmante em Katherine. Ela poderia apenas visualizar a loira em seu dormitório na Dover, acariciando seu tapete laranja com o dedão, com Oxy espalhado sobre sua zona T e espumas de pedicure separando seus dedos dos pés pintados com esmalte fúcsia ainda molhado.

— Não me chame de mãe! — K bufou.— Comece a falar. Como são os outros por aí? São todos assustadores e disparam diuréticos como nos filmes? E suas aulas? Como é a comida?

Através do telefone, Perrie podia ouvir Roman Holiday tocando ao fundo na TV de Kath. A cena favorita de Perrie sempre foi aquela que Audrey Hepburn acorda no quarto de Gregory Pack, ainda convencida que a noite anterior foi um sonho. Perrie fechou os olhos e tentou visualizar acena em sua mente. Mimetizando o sussurro sonolento de Audrey, ela citou a fala que ela sabia que Callie ia reconhecer:

Havia um homem, ele era tão mal pra mim. Isso era maravilhoso.

— Okay, Princesa, é sobre a sua vida que eu quero ouvir — Katherine importunou.

Infelizmente, não havia nada sobre a Sword&Cross que Pez consideraria descrever como maravilhoso. Pensando sobre Zayn, pela, oh, oitagésima vez no dia, ela percebeu que o único paralelo entra sua vida e Roman Holiday era que Audrey também tinha um cara que era agressivamente rude e desinteressado nela. Perrie descansou sua cabeça sobre o linóleo bege das paredes do cubículo. Alguém havia esculpido as palavras ESPERANDO MINHA VEZ. Em circunstâncias normais, isso seria quando Perrie falaria tudo sobre Zayn para Katherine. Exceto, por uma razão, ela não fez.

O que quer que ela desejasse dizer sobre Zayn não seria baseado em nada que realmente aconteceu entre eles. E K sempre foi boa em fazer os garotos perceberem o quanto eram dignos de você. Ela gostaria de saber coisas sobre como quantas vezes ele abriu a porta para Perrie ou se ele tinha percebido quão bom era seu sotaque francês. Katherine não achava que havia nada de errado com os caras inexperientes que escreviam poemas de amor que Perrie nunca levou a sério. Pez pensou em várias coisas para dizer sobre Zayn. E na verdade,K estaria mais interessada em ouvir sobre alguém como... hARRY

fallen [zerrie]Onde histórias criam vida. Descubra agora