4. Razão e sensibilidade

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Quem no arco-íris pode traçar a linha onde termina o tom violeta e começa o tom laranja? Vemos distintamente a diferença das cores, mas onde exatamente uma entra primeiro na outra? O mesmo ocorre com sanidade e insanidade.

— Technel Herman Melville 1819-1891

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A conversa à mesa da cozinha não estava indo nada bem. Tendo tocado no assunto das duas cenas que ela ainda queria ver na Penseira, Hermione sentou-se em silêncio enquanto Harry gritava. Hermione pensou que, depois da noite passada, Harry poderia conversar com ela sobre isso como um adulto. Aparentemente, ela estava errada. Toda a situação intrigou Hermione. Normalmente, Harry não se comportava dessa maneira, a menos que se sentisse muito culpado por alguma coisa. Quando ele sentia que ele próprio era o culpado, ele tendia a agir mal. Ele ficava muito irritado e chegava ao ponto de culpar os outros pelo que ele mesmo achava que tinha feito. Hermione sabia que Harry ainda se sentia culpado por Sirius, e até por Cedric, mas o que o tornava tão impossível agora? Bem, ela nunca chegaria a lugar nenhum com isso se deixasse a situação evoluir para outra discussão aos gritos, como havia acontecido ontem. Frustrada, mas determinada a ser paciente, Hermione esperou que Harry gritasse.

Ron sentou-se ao lado de Hermione, sabiamente ficando fora disso. Observando Harry tão silenciosamente quanto Hermione, ele mostrou o quanto amadureceu no ano passado. Era uma vez, Ron teria imediatamente ficado do lado de Harry, mesmo que não entendesse a situação. Durante o curto período de namoro, Rony fez o oposto, ficando do lado de Hermione, não importando qual fosse o problema. Hermione ainda estava um pouco melancólica porque o relacionamento deles não tinha dado certo. Depois de dois meses de namoro, ambos admitiram que não iriam a lugar nenhum. Não é muito surpreendente, na verdade. Afinal, os relacionamentos escolares raramente duravam alguns meses. A melhor coisa sobre toda a situação era que tanto Ron quanto ela estavam determinados a não deixar isso arruinar a amizade deles, e não foi o que aconteceu. Quatro meses atrás, Neville e Luna tentaram namorar. Mal durou uma semana e eles ainda não se falavam. Não, Ron e ela tiveram muita sorte. Eles ainda eram amigos e ela não conseguia pensar em nada que pudesse mudar isso.

A reflexão particular de Hermione terminou quando Harry de repente se acalmou, olhando para ela um pouco envergonhado. Ele deve ter finalmente percebido que estava envolvido em uma disputa de gritos de um homem só.

— Agora que você já esclareceu isso — disse Hermione friamente, — você acha que conseguiríamos discutir sobre isso como adultos, em vez de gritar como um jobberknoll moribundo?

— Eu já te disse antes, não adianta discutir isso. Eu não vou te mostrar, e é isso — Harry disse veementemente.

— Isso é uma pena, Harry — Hermione continuou com a mesma voz fria. Levantando-se, ela o encarou por cima da mesa. — Porque se você não discutir isso comigo racionalmente... se você não me tratar com o respeito que um amigo de confiança merece... então vou subir. Vou arrumar minhas coisas. E então — disse ela, inclinando-se sobre a mesa, com uma expressão extremamente séria nos olhos, — vou sair pela porta da frente desta casa e nunca mais voltarei. Então, o que vai ser, Harry? Discussão racional ou eu trato você da mesma maneira rude e infantil que você tem me tratado?

— Você não está falando sério! — Harry exclamou, seu rosto ficando pálido e cinza como cinzas.

— Você sabe como saber se estou mentindo — ela continuou, ainda inclinada sobre ele. — O que você acha, Harry?

— Ela não está mentindo, cara — Ron disse, sua voz dolorosamente calma. — E, francamente, eu não a culpo... pelo jeito que você tem gritado com ela. Você mostrou a ela todo o resto. Isso me faz pensar o que há de tão terrível nessas duas cenas para você tratar um amigo dessa maneira.

The Price of Madness | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora