29. Um mago teimoso

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"Sanidade é a loucura bem aproveitada."

— George Santayana, Pequenos Ensaios

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Tirando a mão do abraço reconfortante de Hermione, Harry saltou da cadeira. Sua boca se abriu, mas nenhuma palavra saiu. Seu olhar voou de um rosto observador para outro. Contornando sua cadeira, ele começou a voltar em direção à porta do escritório de Minerva.

— Não — ele disse enfaticamente, balançando a cabeça de um lado para o outro. — Não... eu não... eu não sou nada disso!

— Receio que você seja, meu querido garoto — Albus disse calmamente. — Isso explica muitas coisas... por que você tem tanta conexão com Tom... por que você pode falar língua de cobra quando nenhum bruxo com esse poder jamais foi nada além de um sonserino.

— Eu não sou! — Harry gritou, recuando ainda mais em direção à porta. — Eu não sou uma Horcrux, e serei amaldiçoado se ficar sentado aqui e deixar você me matar porque pensa que sou!

— Mas, Harry — disse Albus, levantando-se da cadeira, mas não fazendo nenhum movimento em direção ao bruxo chateado, — você não entende...

— Acho que entendo muito bem. — Chegando à porta, Harry tateou atrás dele em busca da maçaneta.

Uma voz trovejou pela sala, fazendo todos estremecerem.

— Harry Potter!

Virando-se para a voz, Hermione viu que Severus havia se levantado da cadeira. O cobertor que Poppy colocou com tanto cuidado sobre suas pernas escorregou e formou uma poça de xadrez a seus pés. Ele parecia alto, imponente e feroz. Apesar do fato de que ele usava um roupão preto em vez de uma túnica de professor, ele parecia tão intimidante quanto quando era o desagradável professor de poções e eles eram alunos do primeiro ano. Hermione não achou de admirar que a mão de Harry congelou na maçaneta, e ela se viu automaticamente torcendo para não receber uma detenção.

— Harry Potter — Severus repetiu, sua voz ficando suave e dura. — Você é uma taça? Uma bugiganga? Uma fera estúpida? Ou você é um bruxo com vontade própria?

— Um bruxo? — Harry respondeu, em um tom estridente e inseguro.

— Possivelmente — Severus disse com desdém. — Muitas vezes suponho que não há nada além de granito entre esses dois apêndices raramente usados ​​pendurados nas laterais da cabeça. Prove que estou errado, Potter. Sente-se e ouça, em vez de ficar furioso.

Com essa brincadeira, Harry ficou mais ereto e parecia prestes a argumentar. Sua boca aberta se fechou novamente quando Severus de repente tropeçou ligeiramente. Hermione levantou-se ligeiramente da cadeira para ajudar Severus, mas Harry chegou antes dela. A expressão de raiva no rosto de Harry suavizou-se quando ele se afastou da porta e agarrou o braço de Severus para firmar o homem ainda fraco.

— Eu acho — disse Harry suavemente, — que é você quem precisa se sentar, Severus.

— Eu irei, se você sentar, Potter — Severus respondeu, ainda olhando para o jovem bruxo.

Suspirando, Harry acenou com a cabeça para Severus e o ajudou a se sentar. Colocando o cobertor de volta em volta de Severus, ele voltou para seu assento. Hermione notou que Harry parecia resignado e estranhamente calmo. Talvez a briga verbal com Severus o tenha acalmado porque era tão familiar, tão normal.

— Severus atingiu o cerne da questão — Albus começou calmamente, como se nada tivesse acontecido para interromper a discussão. — Você não é uma cobra, Harry. Você é um bruxo com vontade própria... uma vontade bastante teimosa, se não se importa que eu diga isso.

The Price of Madness | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora