8. Deixando de lado o passado

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Psicologicamente falando, descobrir algo misterioso em objetos é um sintoma de anormalidade cerebral relacionada a certos tipos de insanidade.

— Giorgio de Chirico

.

Depois que Hermione curou as marcas no peito de Severus, fez com que ele se inclinasse para frente sobre a mesa de trabalho para que ela pudesse curar suas costas. Ela trabalhava em silêncio, perdida em pensamentos. Não era de seu feitio ficar tão irritada com o que, obviamente, era apenas uma brincadeira. No entanto, quando Draco havia brincado sobre o fato de Severus gostar dela, ela ficara tão perturbada que não conseguira nem mesmo retaliar. Foi absolutamente ridículo. Na verdade, ela pensara em azarar Severus, quando deveria ter ficado feliz por ele poder brincar no estado em que se encontrava. Simplesmente não era do feitio dela agir daquela maneira, e Hermione achou isso confuso.

Quando ela viu como Draco, Harry e Ron estavam conversando muito mais confortavelmente depois de compartilharem uma boa risada, Hermione decidiu que estava agindo como uma idiota. Determinada a não estragar o bom humor que permeava a sala, Hermione se forçou a relaxar. Quando ela terminou de curar as costas de Snape, ela curou os hematomas em seu braço esquerdo. Pareciam dolorosamente uma marca de mão.

Não me importa o que Remus disse sobre Snape não querer sair daquele lugar; isso é indesculpável. Ele obviamente não consegue se defender adequadamente. Se Draco não consegue manter o pobre homem seguro, então ele precisa ser transferido.

Percebendo a Marca Negra de Snape, Hermione suspirou. Era uma pena que todas as marcas não pudessem ser curadas tão facilmente quanto um hematoma. Passando para examinar o braço direito de Severus, Hermione o encontrou sem marcas, exceto uma coleção de pequenas queimaduras circulares na parte interna de seu antebraço. Quando ela tentou curar uma delas com um feitiço, achou-a estranhamente resistente.

— Severus — ela perguntou calmamente, — como você conseguiu essas queimaduras?

— Cigarro — disse ele com um ar exagerado de indiferença a um dos pedaços de pergaminho espalhados sobre a mesa de trabalho.

— Isso foi Crabbe Sênior — Draco interrompeu para explicar. — Ele fuma cigarros trouxas. O bastardo fez Goyle segurar Severus enquanto ele fazia isso. Eu os encontrei fazendo isso e azarei os dois, mas eles já estavam com ele há algum tempo.

Fechando os olhos por um momento para manter a calma depois de ouvir tal história, Hermione sabia que precisava se concentrar na tarefa que tinha em mãos. Se ela mostrasse sinais de chateação, poderia assustar Severus antes de cuidar dessas queimaduras. Ela poderia ficar com raiva mais tarde, agora não era o momento. Não era de admirar que as queimaduras não respondessem. Os feitiços básicos de cura que ela sabia funcionavam melhor para feridas induzidas magicamente. Certamente alguém como Madame Pomfrey teria sido capaz de realizar a tarefa facilmente, mas Hermione não era uma curandeira e ela sabia disso. Felizmente, ela tinha um remédio para queimaduras que deveria resolver o problema. Pedindo licença a Severus por um momento, ela foi até o banheiro do térreo e pegou o pote de pomada que precisava. Quando ela voltou, Hermione se deparou com um obstáculo.

Dando uma olhada no pote em sua mão, Severus lançou-lhe um olhar de completo e absoluto desgosto e disse:

— Tire isso daqui. Não vou deixar você espalhar a ideia de uma poção de algum imbecil idiota na minha pele nua. Você ficou maluca?

Bem, esse foi um comentário realmente estranho, vindo de Severus. Ignorando a ironia, Hermione começou a explicar.

— Severus, quando estávamos em...

— Cuidado, Granger — Draco avisou, sua voz baixa, mas cortante.

Droga. Ela não poderia dizer nada sobre Hogwarts para Severus sem alarmá-lo? Mudando abruptamente de rumo, Hermione começou de novo.

The Price of Madness | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora