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Foi com as bochechas vermelhas, o queixo erguido e os olhos brilhando com desafio que Hermione chegou para o jantar, na primeira noite fora da Ala Hospitalar. Tomara café-da-manhã lá mesmo e havia perdido o almoço por conta de um dever de Runas Antigas, mas agora não tinha mais desculpas para evitar as refeições no Salão Principal.

Sabia a respeito dos rumores enquanto estivera fora. Naturalmente, ninguém acreditava na história do vírus mágico. Claro que não – era a verdade! Que graça teria a verdade quando havia mentiras a se espalhar?

A reação por toda a volta no jantar não fora tão devastadora como temera, apesar disso. Houve alguns sussurros e risadinhas quando se sentou à mesa da Grifinória, mas de maneira geral, a notícia parecia já ter perdido a graça.

Suspirou aliviada. Sem querer, olhou para a mesa da Sonserina quando passou, mas o garoto loiro que procurava estava compenetrado em uma conversa, e não reparou nela. Lembrando que isso era bom, foi em direção a seus amigos e sentou-se de costas para o resto do Salão.

Malfoy tinha ido visitá-la duas vezes enquanto ainda estava na Ala Hospitalar. A primeira foi depois de receber seu bilhete, e a segunda uns dois dias depois. Na primeira, parecia genuinamente preocupado, mas na segunda fora apenas arrogante, irritante e ofensivo, como sempre. Conseguira deixar o pobre Harry tão estressado que Madame Pomfrey ameaçou expulsá-lo por perturbar a tranquilidade. O loiro fora a personificação da inocência até a enfermeira virar as costas, e depois disso, começara a se vangloriar abertamente. Hermione não conseguira decidir se ele lhe irritava ou divertia, então sentia um pouco dos dois – mais irritação, claro.

Quando sua voz falhara, lutando para respirar, no entanto, ele inventara uma desculpa, recolhera os livros e desaparecera dali. Não a visitara novamente depois disso, e na ocasião, ela não soubera o que pensar.

Ainda estava longe de saber.

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Nos dias seguintes, passou muito tempo tentando conseguir uma palavrinha com Malfoy. Não era que sentia uma terrível aversão a falar com ele em público, mas não lhe agradava que seus amigos ouvissem o que tinha para dizer, e pedir por um minuto em particular na frente deles seria tão ruim quanto isso.

O garoto ainda parecia muito cansado e assombrado, e muito mais sério do que ela jamais pensara que veria. Cercava-se de sonserinos e só ocasionalmente parecia voltar a ser ele mesmo. Em uma dessas ocasiões, azarara um segundanista corvinal, apenas por ser o único não-sonserino por ali. Exceto por Hermione, que estivera escondida, considerando seu próximo passo. Depois de ver a azaração, entretanto, girou nos calcanhares e foi embora, horrorizada consigo mesma por querer a atenção de alguém tão tirano.

Ainda assim, na maior parte dos dias o veria imerso em pensamentos e ignorante ao que ocorria ao seu redor. Ele pareceria humano e vulnerável, e a garota sentiria uma enorme urgência de falar com ele outra vez.

Eventualmente, decidiu que precisavam mesmo conversar, e que sua melhor chance seria na aula de Aritmancia, já que nenhum dos amigos mais próximos de ambos frequentavam aquela matéria. Mas essa resolução significava dias de espera, e toda vez em que o via sentia a coragem ir pelo ralo, mas não podia evitar. O garoto simplesmente não se permitia andar sozinho, e ela precisava da tal conversa.

Ele parecia tão indiferente quanto antes de ela ficar doente. Bem, não agira assim enquanto estava doente, mas... talvez isso apenas mostrasse que era realmente humano. Talvez não a achasse mais atraente. Por que acharia? Talvez devesse deixar para lá...

Aconteceu em um intervalo, enquanto as pessoas andavam em pequenos grupos, conversando. Hermione abandonara Harry e Ron para permitir que falassem sobre Quadribol, e para tentar recuperar a sanidade. Malfoy estava encostado em uma das inúmeras e enormes janelas do castelo, olhando pensativamente para o céu escuro e tempestuoso, nem parecendo perceber a briga de Crabbe e Goyle ao seu lado. Parecia estranhamente solitário.

Silencio | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora