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Draco acordou em um sobressalto, o coração batendo forte e rápido e a respiração acelerada. Estava sozinho. Claro que estava. Sabia que não conseguiria mais dormir, então sentou, esfregou os olhos e virou para o relógio. Quatro da manhã. Este seria um longo dia.

Suspirando, levantou e começou a se vestir. Tivera outro pesadelo, é claro. No sonho, havia falhado, e tivera que assistir sua mãe ser torturada, violada e morta, antes de irem atrás dele. Houvera mais no sonho, muito mais, mas escolheu bloquear tudo. Entendia o conceito geral. Tinha que conseguir, precisava, ou seus sonhos se tornariam realidade da pior maneira possível.

Não conseguira se distrair tanto quanto esperava na noite passada.

Maldita sangue-ruim, por que tinha que ser tão difícil? Não quisera amarrá-la de verdade. Só queria puni-la um pouco por fazê-lo esperar tanto e ainda rir dele. Tudo bem, tinha ido um pouco longe demais, mas não fizera nada de que ela não gostasse. Sabia que não. Ignorara suas palavras e deixara o corpo dela falar em vez disso, e a resposta que obtivera fora arrebatadora. Ainda assim, ela recusara-se a se deixar levar, a dar a ele o que precisava. Sim, precisava estar dentro dela, mas mais do que isso, precisava de... mais! Não tinha certeza do que sentia falta, mas não envolvia uma Granger lutando e negando toques e beijos.

Ok, talvez tivesse calculado mal sua punição. Fingir que estivera com outra garota não fora a coisa mais inteligente, mas não conseguira retirar o que dissera sem parecer um idiota. Ao invés disso, tivera a esperança de fazê-la esquecer, mas sem tanta sorte.

Não precisava desses problemas, não mesmo. Talvez devesse apenas... deixá-la ir. Parar de persegui-la. A garota claramente não o queria tanto assim e, depois da noite passada, estava mais frustrado do que nunca.

Esse pensamento em nada ajudou para deixá-lo mais bem disposto, e a raiva que o consumia o compelia a ser destrutivo.

Pegou um abajur e atirou-o contra a parede. Houve barulho de vidro esmagado e metal batendo. Ajudou um pouco, mas não o suficiente. Pegou a varinha e girou-a no ar. Os móveis reviraram, abajures, lâmpadas e espelhos quebraram, roupas de cama rasgaram... Não se satisfez enquanto o quarto não estivesse detonado, e ainda assim sentiu apenas um enorme vazio.

Com o vidro esmagando sob os sapatos, girou nos calcanhares e saiu.

.

O dia acabou sendo tão longo quanto previra. As aulas foram estúpidas. As pessoas, ainda mais estúpidas. A comida poderia muito bem ter sido apenas serragem. Para piorar, Granger parecia estar onde ele olhasse. Quanta sorte. Finalmente estava evitando a garota, como deveria ter feito desde o começo, e não podia virar uma esquina sem vê-la com ou sem os amigos.

O dia seguinte não foi nem um pouco melhor, e nem o outro depois desse. Após certo tempo, os dias viraram um borrão de lições, refeições, cochilos, e sua missão sempre presente.

Antes, passara semanas esquematizando uma maneira de encontrar Granger sozinha, e agora o fazia em várias ocasiões. Isso estava deixando-o maluco. Ela tinha algo que queria e não estava disposta a ceder, então por que não podia ter ao menos a decência de se esconder em sua Sala Comunal, ou na biblioteca, ou em qualquer lugar em que não pudesse encontrá-la?

Uma vez, virou uma esquina e a viu descendo o corredor vazio na direção oposta. A morena parou, como se quisesse dizer algo, mas ele não podia suportar ouvir, então apenas continuou a andar cegamente, semi-consciente de que esbarrara em seu ombro ao fazê-lo. Será que ela não entendia? Não precisava de suas palavras e cutucões e provocações. Estava cheio disso. Ela estava livre, afinal.

E não fez mais qualquer esforço para falar com ele. Draco agora não tinha nada para distraí-lo de sua tarefa e de seus pesadelos. Trabalhava diligentemente como nunca antes, embora não houvesse nenhum progresso. Precisava de uma distração, teve que admitir logo. Algo que o permitisse relaxar um pouco, talvez até desconectar sua mente das coisas. Planejara originalmente o encontro com Granger por conta dessa necessidade, mas obviamente não funcionara. Estava perdido e sem saber o que fazer.

Silencio | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora