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Draco caiu na cama e encarou o dossel. Não tinha muita certeza do que fizera de errado dessa vez, mas se conhecia as mulheres, ela provavelmente gritaria seus motivos na próxima vez em que se encontrassem. Era exasperante o modo como a garota parecia se recusar a ficar de bem com ele, mas se queria brigar, então teria briga.

Faria praticamente qualquer coisa por outra noite como aquela.

Na noite anterior, finalmente encontrara uma desculpa boa o suficiente para procurá-la. Havia muitos babacas a quem ele poderia forçar a fazer seu trabalho de graça, mas ela era a melhor, e claro, teria apenas o melhor. Pelo menos fora isso que dissera a quem questionara sua decisão.

Mesmo se ela custasse muito caro.

O dever de casa nunca fora a razão de verdade, de qualquer maneira. Quisera falar com ela, pura e simplesmente.

Sua hostilidade o surpreendera. Não se lembrava de ter feito nada particularmente digno de repreensão com relação a ela por um bom tempo. Tinha sido um santinho e mal olhara na direção daquela ralé que a garota amava defender. Supunha que não havia jeito de ganhar quando se tratava de Hermione Granger.

Apesar disso... Na noite anterior sentira como se tivesse ganhado. Não nenhum dos joguinhos bobos deles, mas apenas... Ganhado. Por algumas horas, estivera livre do medo e preocupação, e pela primeira vez em meses dormira como um bebê.

Queria isso outra vez, desesperadamente.

Quando sugeriu que ela sentira sua falta, não acreditara em suas palavras de verdade. Era apenas uma desculpa para estar perto, manter suas atenções nele. Tinha sido bem estúpido, na realidade. Então, decidira que queria tê-la outra vez, e convencera a si mesmo de que seria por um bem maior, porque ela lhe daria um tapa, e ele se recuperaria dessa obsessão ilógica, e todos ficariam felizes.

Mas ela não o fizera, não é? Correspondera ao beijo, tocando fogo no garoto e alimentando seu desejo insaciável por mais.

E viera com ele para seu quarto.

E lhe dera muito mais do que ousaria pedir.

E, por um curto período, o fizera achar que a vida valia a pena ser vivida.

E agora decidira voar do quarto com raiva, porque ele fizera algumas perguntas a respeito de seu encontro do dia seguinte.

Mulheres.

O que havia de errado, afinal? Se precisava de mais, tudo o que tinha a fazer era pedir. Não era ele quem decidia que não podiam fazer isso mais vezes; na realidade, tinha certeza de que estaria disposto todas as noites, se ela o permitisse. O pensamento o fez sorrir.

.

Reconhecendo o padrão de seu joguinho, Draco nem se incomodou em procurar por Granger no dia seguinte. Tinha aperfeiçoado seu teatrinho de eu-não-me-importo durante os anos, e não se incomodava por utilizá-lo agora. Era melhor se a ignorasse na maior parte do tempo de qualquer maneira; Pansy estava sendo um pé no saco.

'Por que precisa dos serviços de uma sangue-ruim nojenta?' perguntara. 'Existem muitas outras pessoas a quem poderia pedir.'

'O quê?' respondera a ela, em sua voz mais arrogante. 'Você faria meu dever praticamente de graça e ainda me conseguiria um Aceitável em Aritmancia? Não sabia que era tão talentosa.'

'Há outros. Harper poderia fazer para você.'

'Harper sequer está em nosso ano! Como ele poderia fazer deveres de NIEMs se nem fez seus NOMs ainda?'

'Então você diz que ela é a única que tem habilidade para fazer isso, certo?'

'Não,' disse pacientemente, como se falasse com uma criança. 'Estou dizendo que ela é a melhor e eu sei como convencê-la.'

Silencio | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora