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Draco observou Hermione ir a uma frieza distante.

Não se incomode, queria dizer. Não vai mudar nada. Já basta que ela saiba.

Mas importava. Ainda tinham que controlar os estragos. Então ficou quieto e abençoou sua habilidade de esconder os sentimentos. Se havia um momento em que precisaria disso, era agora.

Tinha revelado seu desejo e o perigo a Hermione, e era tudo em vão. Mal tocara seus lábios antes de estar tudo terminado.

Tudo acabado. Para sempre.

Não, não devia pensar nisso agora. Teria tempo suficiente para lamentar a perda depois, mas agora precisava fazer aquela puta ruiva calar a boca.

Merlin, como a odiava.

Tinha algumas ideias de como poderia arrancar a memória à força de sua mente, mas sabia que Hermione jamais deixaria. Poderia até odiá-lo por sugerir isso. Considerou fazer assim mesmo, pois tinha certeza do enorme risco que só o fato de ela saber traria, mas ao pensar em tudo que poderia dar errado, deixou a ideia de lado. Se usasse um feitiço, podia meter a fedelha em coma ou pior. E não era porque se importava se o cérebro dela parasse de funcionar; era uma Weasley afinal, e dificilmente faria alguma diferença. Era por conta da dor que causaria a Hermione, e o quanto o desprezaria por isso. Logo estaria magoada e o odiando de qualquer maneira, mas ao menos ainda teria sua amiga.

Odiava se importar com ela. Odiava se importar com seus sentimentos. Odiava a maneira com que o encarava com aqueles olhos enormes e castanhos, e o fazia se sentir como um aproveitador quando estava apenas dizendo a verdade. Odiava ter quase certeza de tê-la feito chorar no dia anterior. Odiava ter certeza de que a faria chorar outra vez. Possivelmente hoje.

Como desejava poder voltar a odiá-la.

Ah, mas você nunca a odiou tanto quanto deveria, não é?

Tinha que admitir que não. Sempre vivera muito protegido do mundo lá fora, e Hermione fora uma das primeiras nascida-trouxas que conhecera. Provavelmente nem a teria notado de início, se não estivesse andando com aquele babaca e prepotente Potter. Não é que estivesse atraído por ela, era novo demais para sequer contemplar isso, mas não sentira o mesmo nível de desprezo pela garota que sentia pelo Santo Potter e o Weasel, mesmo depois de saber de seu sangue. Inventara alguns insultos da melhor maneira que pudera, mas não parecia funcionar. Ela não era nada do que esperara e ouvira dizer de sangues-ruins.

Ainda assim, era um longo caminho ir de quase-não-odiar alguém para... para...

Os sentimentos de Draco ameaçaram voltar à superfície, então os bloqueou imediatamente. Não tinha tempo para isso. Tinha que manter a postura para fazer o que devia ser feito.

Tão calmamente quanto pôde, esperou.

Quando Hermione finalmente voltou, parecia abalada e seus olhos estavam avermelhados. Aparentemente, as coisas não tinham ido muito bem.

— Ela vai falar? — Draco perguntou, vagamente consciente da distância e frieza em sua voz.

Hermione o encarou e engoliu. — Não... não, ela não vai falar nada — disse, trêmula. Tinha certeza de que não estava contando tudo.

— E então? — perguntou.

A garota parecia prestes a chorar, e ele nem tinha começado ainda. Que merda aquele projeto ridículo de bruxa dissera? Sentiu a raiva inflando dentro de si, e logo a reprimiu.

— Ela disse... — começou, então vacilou por um segundo, respirou fundo e tentou novamente. — Ela disse que eu devia contar aos meus amigos.

— Nem sonhe com isso, Granger — disse. Os olhos dela se arregalaram ao uso de seu sobrenome. — Você não vai dizer nem uma palavra a eles — impôs, friamente.

Silencio | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora