Cansado. Psicologicamente cansado. O curso de Química estava longe de ser apaixonante como tinha visto em experiências bonitinhas de ácido e base, e namorar uma garota bi não era fácil como imaginara. Não tinham problemas de brigas por ciúmes, manias ou círculos de amigos, muito pelo contrário, o problema era que Jimin sentia que estava simplesmente fora daquele universo, em outra dimensão, apesar de querer muito entrar naquele mundo. E essa era a parte difícil. Assim como com a Química.
— Sai um pouco. Vai curtir a night.
— Naquelas baladas pra onde você me arrasta? Nem pensar. Vou sair de lá mais estressado ainda.
— Tú é chato, em mano, puts. É só pra relaxar. Vai naquela aonde eu te levei da última vez. Você gostou daquela, não foi?
— Hm... Sim. Até que sim. O ambiente é menos... pesado?— Ele não sabia explicar, mas realmente se sentira melhor naquela boate que nas outras. Sentiu-se menos pressionado ali, talvez.
— Muito bem. Agora se arruma e vai.
— Por que não vamos juntos?
— Porque eu tô fazendo hidratação no cabelo, e não vou deixar de fazer porque você precisa desestressar, e você não vai deixar de desestressar porque eu tô fazendo hidratação no cabelo.
— Tá, tá, entendi. Tchau, então.
— Tchau. E vê se não vai beber até sair tropeçando no vômito.
Jimin apenas encerrou a chamada e foi se arrumar. Era difícil pra ele entender toda aquela autosuficiência da garota, afinal eles eram um casal, não eram ?
"Vamos namorar. Pelo menos até tirar sua cabeça dessa caixa." Foi o que a amiga lhe disse. Já estavam namorando a seis meses, mesmo assim ainda não conseguia "pensar fora da caixa". Já até tinha perdido as esperanças. Pra ele todo tipo de estereótipo e comportamento se resumia a convenções sociais, e isso bastava, pois era simples, e ele sentia-se confortável com o simples, apesar de estar um pouco cansado dele.
Sim, estava cansado, e era por isso que estava entrando naquela boate àquela hora da noite.
Foi até o bar e pediu uma sangria. A bebida com vinho e frutas vermelhas era perfeita pra deixá-lo leve e não embriagado. Sentou-se com as costas no balcão de madeira, olhando pra pista de dança enquanto deixava a bebida fazer sua terapia aos poucos.
A maioria dos rostos ali ele já havia visto, porém não conhecia ninguém. A boate era frequentada por muitos alunos da sua universidade, de diversos cursos, porém o único futuro bacharel em Química ali era ele, o que era de se esperar. Seus colegas de curso iam a lugares mais... héteros, por assim dizer.
Estava cogitando a ideia de ir se juntar ao amontoado de corpos dançantes, agora que seu copo tinha apenas uma fina camada de álcool ao fundo, quando algo fisgou completamente sua atenção.
E como não o faria? Aquele ser parecia saído direto de um livro de romance com vampiros, um deus que acabara de descer do Olimpo. Como alguém pode ter feições tão angélicas ao mesmo tempo que tão diabólicas?
Era um garoto. E era lindo. Lindo de uma forma indescritível. E dançava sozinho, destacado, com todos mantendo certa distância, como se ninguém se sentisse o suficiente pra ousar com tal nível de perfeição.
Tão bonito, com uma camisa decotada, uma jaqueta de couro e calças largas, tudo em preto, não fosse pelo colar prateado, o brinco perolado em uma orelha, e uma argola metálica que adornava o lábio bonito, não tão grosso mas não tão fino: perfeito, num tom entre vermelho e rosa.
Jimin estava hipnotizado, não sabia dizer a quanto tempo o estava encarando até quando percebeu que estava sendo encarado de volta. Os olhos castanhos miravam nas suas pupilas, o corpo ainda em movimento sincronizado com a batida eletrônica.

VOCÊ ESTÁ LENDO
I kissed a boy - Vmin
Fiksi Penggemar"Jimin permanecia estático, quase babando. Deus! Como era lindo! Como era possível? O corpo tinha traços leves e femininos, simultaneamente marcados e masculinos. E que cor maravilhosa, canelada. Não! Não! Não! Errado! Park Jimin, isso está errado...