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Eris, Rhys e Cassian conversavam pacíficamente ou pelo menos Disfarçavam bem, não quis prestar atenção afinal não quero estragar minha noite.

Eu e mor estávamos conversando empolgadas quando uma fêmea passou por mor e passou o dedo indicador pelas costas nuas da loira atraindo sua atenção e em seguida a chamando com o dedo.

- então, sabe oque que é? eu estou louca de sono...-

Mentiu mor descaradamente, então apenas entrei na onda e confirmei com a cabeça em seguida a loira sumiu e nem sinal da fêmea que havia provocado mor.

Fiquei sentada sozinha bebericando meu vinho e então decidi tomar ar puro e quando sai para uma sacada a vista era linda,pude ver um campo de flores magnífico... A luz do luar deixava tudo mais belo. Apoiei minha Taça na beira da sacada e fiquei observando a taça, molhei a ponta do dedo no vinho e fiquei passando o dedo levemente pela borda da taça fazendo atrito e em instantes ela começou a fazer um som baixo.

- o que uma dama tão bema e indefesa faz aqui?-

Saquei minha adaga que estava presa a uma liga em minha coxa e prendi o desconhecido contra uma pilastra que estava ali perto, e o segurei com a outra mão enquanto ameaçava cortar sua garganta com o mínimo movimento que o outro ousasse fazer.

Agora frente a frente pude notar que ele não era tão desconhecido.

- Oque você quer,eris?-

Ele sorriu e olhando nos meus olhos por alguns pequenos segundos não o vi como meu inimigo.

- Queria companhia para terminar minha taça de vinho.- ele ergue uma mão que estava segurando uma taça igual a minha de vinho.

- porque quis logo a minha companhia?- questionei com uma sombrancelha erguida.

- porquê todos os outros já tinham alguém para conversar, você era a única solitária.- ele parecia estar sendo sincero, então me afastei e guardei a adaga.

- não lhe ensinaram a jamais chegar por trás de um Illyriano?- perguntei voltando minha atenção para a minha taça.

- você não é Illyriana, é uma peregrino criada no acampamento Illyriano.- ele afirma se posicionando ao meu lado e admirando a vista.

- por ter sido criada no acampamento Illyriano eu acabei seguindo as mesmas regras e costumes, me considero Illyriana, por tanto se não quiser perder as mãos nunca Mais Faça isso. -

- ok ok desculpe.- arregalei os olhos e olhei para ele. - Oque foi?

- você acabou de se desculpar? Eris você está doente? A doença é terminal? Não, porquê só a beira da morte pra você se desculpar e acho que nem assim você o faria.-  ele riu divertido,ok isso agora está me preocupando um pouco.

- não, não estou doente só... Estou sendo sincero,sabe a máscara que Rhys usava em sob a montanha com amarantha?... Tenho uma parecida com meu pai.- ele estava com um olhar distante, cabisbaixo, senti que ele precisava desabafar, então deixei que ele continuasse. - eu sei que errei... Errei com Lucien,errei com mor... Mas errei tentando acertar.

- e porque está falando tudo isso justamente para mim? Não foi comigo que você errou.- fiquei observando a lua e as estrelas evitando contato visual com ele.

- porquê... Eles não iriam me ouvir e se ouvissem, não iriam acreditar em nenhuma palavra minha.-

-oque o faz pensar que eu acredito?-

Ele olha para mim e da um sorriso de lado. - porque somos iguais,eu vivi tempo suficiente com essa máscara para reconhecer outras máscaras, e você minha querida aurora, usa a máscara mais fria e pesada de todas, a máscara de alguém que finge ser forte e perfeito o tempo todo, não sente medo,dor,tristeza... Tem um coração de pedra.- ele me analisava procurando reações e olhando nos meus olhos parecia ter conseguido todas elas. - mas no fundo, é fraca, sensível... Arrisco dizer que por trás dessa máscara há uma garotinha indefesa que ainda tem medo do escuro e chora quando ouve uma tempestade. -

Recuei alguns passos e ele voltou a observar os céus.

- não estou falando nada disso para atacar você, afinal por trás da minha máscara existe um garotinho fraco, covarde,com a alma marcada com várias cicatrizes... memórias do passado, de antes de todos os meus irmãos nascerem lembranças de minha mãe chorando baixo para não me acordar...no outro dia com milhares de marcas roxas. - ele respirou fundo como se estivesse vendo todas aquelas cenas de novo. - você não sabe,o quanto é ruim ser primogênito de beron. Carregar o fardo de ter que ser o mais forte,ser cruel e impiedoso tudo para não sofrer nas mãos de quem deveria cuidar de você.-

Por um instante lembrei da história de azriel, tudo oque ele sofreu nas mãos de quem deveria ter cuidado e dado amor para ele.

- e como se isso não fosse o bastante, - ele continua com uma voz embargada e profundamente ferida.- quando finalmente ganhei irmãos, ajudei a cuida-los ensina-los a caminhar,falar, usarem seus poderes e tudo isso para quê? Para crescerem e matarem uns aos outros para tomarem meu lugar, sabe quantas vezes tive que trancar a porta do meu quarto e enfeitiçar a volta da minha cama para evitar que um deles entrassem e me matassem durante a noite? ... Não sabe o quanto isso dói, e quando fizeram aquilo com a noiva de Lucien... Eu tentei impedir, mas aquilo teve consequências... E quanto a mor, eu sei que errei ao deixá-la na floresta daquela forma, mas se eu a levasse para a corte outonal, ela seria prisioneira, como minha mãe... Eu não queria aquilo pra ela. -

Ele estava sendo sincero, senti isso no modo como ele falava,o olhar de culpa e arrependimento... Eu não sabia que fazer então apenas o puxei para um abraço bem apertado.

Ele ficou imóvel sem reação mas no instante seguinte retribuiu o abraço escondendo o rosto na volta do meu pescoço me permitindo sentir sua respiração quente e calma.

Eris se abaixou um pouco para ficar na minha altura e eu soltei uma gargalhada divertida.

- bobo, não precisa fazer isso.- senti ele sorrir e acariciei suas costas enquanto ele acariciou as minhas,abaixo das minhas asas com cuidado para não toca-las.

- devia desabafar assim com Lucien... Nós dois sabemos que nosso irmão pode parecer frio mas no fundo ele é só mais uma criança indefesa, como irmão mais velho é seu dever protegê-lo,- eris se afastou para me olhar e quando ia falar algo eu pedi silenciosamente que esperasse eu teminar.- eu sei,eu sei... Você não pôde cuidar dele na época, não pôde proteger a garota que ele amava, mas... - sorri e fiz carinho no seu rosto. - agora a história mudou,Lucien cresceu,achou um novo amor, está na melhor fase da sua história, está feliz,eris.

- e se... Eu acabar estragando essa felicidade? Agora ele tem outra irmã, uma que nunca fez mal para ele.-

- você errou eris,mas errar é humano,como diz feyre...- ele fez uma cara de nojo engraçada e eu ri- oque quero dizer é que todo mundo erra, e todo mundo merece uma segunda chance se estiver mesmo disposto a mudar, você está disposto a mudar?- ele assentiu com a cabeça e eu sorri.- então merece uma segunda chance, vai lá, Lucien ainda precisa de proteção...

Tirei minha mão do seu rosto e peguei suas mãos.

- e sabe... Você não é filho de hélion,mas é irmão do meu irmão, se quiser uma irmã...-

Eris sorriu sincero e gentil, pelo primeira vez vi ternura nos seus olhos, vi um brilho especial nele.

- eu iria amar ter uma irmã...-

A filha de hélionOnde histórias criam vida. Descubra agora