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POV SARAH 

Entro em casa em passos leves para que ninguém me ouça, aparentemente meu pai ainda não chegou porque seu carro não está por aqui e Wheezie deve estar em seu quarto.

Subo as escadas devagar, mas um som me faz parar.

- Está se escondendo de quem? - meu pai pergunta fechando a porta da frente. Merda.

- Oi pai - falo sorrindo e meu pai me olha suspeito 

- Desça aqui - ele fala se posicionando no meio da sala 

- Na verdade, eu preciso tomar um banho - falo subindo mais um degrau 

- SARAH - meu pai grita - DESÇA AQUI AGORA 

Me assusto e desço devagar em direção em meu pai. Agora, em nossa discussão, somos só eu e ele. Rafe não está aqui para me defender, para bater de frente com o meu pai e me carregar até o meu quarto, Wheezie é muito nova e se assustaria muito com cada detalhe da discussão.

Somos só eu e a fúria de Ward Cameron.

- Pai eu... 

- Você estava aonde? 

- Na praia - minto 

- Porque?

- Porque eu queria, vai tentar controlar cada passo da minha vida agora? - cuspo as palavras e Ward levanta a mão para dar um tapa na minha bochecha, mas eu recuo assustada e ele abaixa a mesma - você ia me bater? 

- Não, eu nunca faria isso - ele fala se aproximando de mim e forçando um sorriso 

- A cada dia eu entendo mais o porque de o Rafe ter tanto desprezo por você - falo com nojo e aparentemente, essas palavras despertaram a maior fúria do meu pai. Sua mão batendo contra a minha bochecha, seu rosto vermelho e seus dentes praticamente rangendo.

- Você e o Rafe são completamente diferentes - meu pai fala entredentes - ele foi um erro 

- Você não tem o direito de falar assim dele, ele é seu filho 

- Ele... - Ward respira fundo - não vamos mais brigar por causa do seu irmão, Sarah

- Ótimo - falo me virando e ele segura meu braço 

- Ainda quero saber aonde você estava, de verdade - ele fala e me encara com um olhar ameaçador 

- Pai, eu cansei de mentir para você - falo passando as mãos no rosto em sinal de nervosismo - eu estava com os pogues 

- O que? 

- Não ouviu direito? Eu estava com os meus amigos - falo ignorante - Agora se o senhor me der licença 

- VOLTA AQUI, SARAH 

- O QUE? 

- VOCÊ NÃO PODE ANDAR COM ESSA GENTE - ele berra irritado 

- VOCÊ NÃO PODE ME DIZER COM QUEM EU POSSO ANDAR E COM QUEM EU NÃO POSSO 

- Isso é ruim para a empresa, para você, para a nossa imagem

- Eu estou sinceramente pouco me fodendo para você, sua empresa e essa merda de imagem e reputação - esbravejo contra meu pai 

- Você vai se arrepender tanto disso - meu pai fala 

- Não vou, eu vou me arrepender se eu permitir que você me trate como uma marionete, se eu permitir que você comande a minha vida 

- Você vai se arrepender muito de ter começado a conviver com essas pessoas, esses pogues - Ward fala com nojo - eles são sujos 

- Você é sujo 

- NÃO FALE ASSIM COMIGO - ele fala se aproximando e levanta meu rosto com seu dedo indicador - Seus olhos estão vermelhos 

- Ah jura? - brinco irônica 

- Você está com cheiro de... - meu pai fala e volta a me cheirar - maconha 

- Parabéns, você conseguiu descobrir aonde eu estava e o que eu estava fazendo 

- Quem te deu maconha? 

- Isso interessa agora? Você por acaso pergunta para o Rafe onde ele consegue as drogas dele? 

- Não 

- Então não pergunte para mim - falo rolando os olhos 

- Estou cuidando de você - meu pai fala firme e eu me viro em direção as escadas 

- Não quero os seus cuidados, dispenso tudo que venha de você - falo ignorante enquanto subo as escadas 

- Não se esqueça que você vai se arrepender, Sarah - meu pai fala alto para que eu escute do andar de cima 

- EU VOU ME ARREPENDER SE PERMITIR QUE VOCÊ VOLTE A ME CONTROLAR - grito irritada e entro no meu quarto. 

Mais uma vez sozinha, mais uma vez por conta do meu pai, o meu corpo está trêmulo. Mais uma crise e agora eu sinto que fiz uma merda grande. 

Arrisquei os meus amigos quando falei que estava com eles, arrisquei ainda mais quando meu pai descobriu que eu estava drogada. 

Os meus amigos correm risco constante apenas por viverem aqui, apenas por terem me conhecido. Mais uma vez Sarah Cameron sendo uma bomba relógio e está tudo tão fora do meu controle...

O ser humano necessita de amizades, eu nunca tive isso e quando eu finalmente tenho, meu pai sente e necessidade de tirá-los de mim. Sinto que vai chegar um momento em que eu não vou ter ninguém. 

A vida me tirou minha mãe, meu pai quase me tirou meu irmão e agora quer tirar os únicos amigos que eu conquistei. Tudo isso para ser herdeira de uma maldita empresa que leva seu sobrenome. Tudo isso por causa de dinheiro, dinheiro sujo, tão sujo quanto ele.

Meu pai quer tirar meu amor, meu namorado, o único que eu fui realmente apaixonada, o menino que eu amo e que eu tenho, finalmente, um relacionamento saudável. John B, o menino que jura me amar com todas as minhas fraquezas e que jura que vai conseguir me salvar. 

De uma forma acho impossível, por outro lado, espero que ele consiga me salvar de mim mesma. 

Em pensamento, imploro para que o meu pai não tire meus amigos e o meu amor de mim, imploro para que meu pai permita que eu seja feliz. Eu mereço ser feliz.

Minhas pernas fraquejam e eu sento no chão, com as costas apoiadas na porta. O peso dos meus pensamentos fazem com que as lágrimas escorram pelo meu rosto e tudo o que eu quero é que essa dor pare. 

A sensação de ter um mundo em suas mãos e não poder movimenta-lo é tão sufocante quanto um saco fechando suas narinas. O oxigênio está aqui, mas respirar nunca foi tão difícil. 

Ser sensível é um castigo. Ser sensível a tudo o que falam é o maior dos castigos. Ser sensível e ser uma Cameron é O VERDADEIRO CASTIGO.

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Sarah batendo de frente com Ward, quem amou?

Tô sentindo um gostinho de caos.

Espero que estejam gostando da história! Não se esqueçam de votar e comentar bastante, isso me motiva muito

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