47

168 8 25
                                    

POV SARAH

Tento abrir os olhos, mas a claridade me atrapalha.

Sinto uma dor aguda em meu braço e uma dor de cabeça extremamente forte.

- Ela acordou — Wheezie fala e eu sinto sua mão quente na minha

- Vou chamar a enfermeira — Rafe comenta

Abro os olhos ainda em silêncio e percebo minha irmãzinha me encarando com preocupação.

- Você está bem? — ela pergunta e eu não respondo — Sarah, eu preciso que você me responda. Por favor. Eu não vou conseguir dormir mais se você estiver em risco consigo mesma mais uma vez - Concordo com a cabeça

- Me sinto melhor, Wheez — falo fraca e sem entender o que houve comigo

A enfermeira entra e Wheez pergunta por Rafe e a mulher responde que o meu irmão está resolvendo algumas coisa do paciente Maybank. Aparentemente ele está pagando tudo com a Kie, além dos custos da minha internação.

- Bom, senhorita Cameron — a mulher começa — você teve sorte. Teve uma overdose, usar drogas não é nada bom para alguém no seu estado, querida. Não é bom para ninguém. Preciso que você se cuide, terá alta pela tarde e terá que voltar aqui pelo menos uma vez por semana para checar a saúde do bebê. — a última palavra desse discurso me deixou paralisada — De qualquer forma, terá que tomar alguns remédios e eu recomendo que a senhorita tente se consultar com a psicóloga do hospital. — a mulher me olha com carinho, mas seu semblante muda para confuso quando ela repara nos nossos rostos.

Tanto eu quanto Wheezie estamos boquiabertas.

- Como assim bebê? — Wheezie pergunta

- A Sarah está grávida, aparentemente de quase seis semanas — a mulher fala

- Grávida? — pergunto quase que para mim — não, não pode ser.

- Você não sabia? — nego com a cabeça, sentindo a mão de Wheezie na minha — Olha, Sarah. Agora que você está ciente disso, preserve essa vida que há dentro de você, porque sinto nos seus olhinhos que você não está tendo mais esperança com a vida. Deixe que esse bebê seja sua esperança, você é nova demais para desistir tão cedo

A enfermeira me olha carinhosa e eu concordo com a cabeça, tentando assimilar tudo o que está havendo.

Eu estou grávida, eu, a pessoa que nunca planejou ter filhos cedo para poder aproveitar a vida que eu não tive. Estou grávida do pogue, filho do maior inimigo do meu pai, do amor da minha vida, mas também do meu maior inimigo natural.

Descobri a gravidez no momento em que decidi terminar de vez com ele, mesmo sendo difícil. Agora essa decisão parece se tornar impossível, terminar com John B, o pai do meu filho, amor da minha vida.

O ar começa a se tornar escasso e o toque de Wheezie parece se apertar cada vez mais.

- Eu não posso fazer isso — sussurro quase que para mim mesma — eu não consigo, eu preciso tirá-lo.

- Sarah — Wheezie me chama devagar — tenta se acalmar, primeiro. Pensa com a razão e não com a emoção, respira fundo antes de fazer alguma besteira. Pense na sua esperança — minha irmã acaricia minha mão, citando o discurso da enfermeira há poucos segundos atrás — podemos não falar disso com ninguém agora, você é quem sabe, mas tenta preservar a sua esperança.

- Esse mundo é horrível, Wheez — falo chorosa — eu não quero que ninguém passe por isso.

- As coisas podem melhorar, Sarah. As coisas vão melhorar, tenha um pouco de esperança — minha irmã me olha com súplica para que eu preserve essa vida dentro de mim.

SECRETOnde histórias criam vida. Descubra agora