02 | Batcham.

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Eu realmente tenho que me lembrar de como socializar. Já estou mais de vinte minutos dentro do carro enquanto vejo a minha mãe conversando com o senhor que eu acredito que seja o meu avô.

Esse senhor aparenta ter 70 anos, ele usa um chapéu na cabeça e ele está usando uma bota que vai até o seu joelho. Ele não é muito alto, mas também não é muito baixo, ele é mais ou menos na altura da minha mãe e como a minha mãe tem 1,68, ele deve estar nessa média também.

Engoli seco quando vejo os dois vindo na direção do carro.

- pai, eu já te falei, eu preciso voltar pra cidade pra resolver algumas coisas do meu trabalho e semana que vem eu vou voltar aqui para casa do senhor. - minha mãe diz abrindo o porta-mala.

Como assim ela vai voltar pra cidade? Eu pensava que ela também iria ficar aqui. Oh meu Deus, eu vou ter que conviver sete dias com as pessoas que eu nunca vi na vida?

Será que a minha mãe já marcou o horário do meu enterro?

Estava escutando ambos discutir atrás do carro, quando do nada a porta do passageiro é aberta por uma loira.

- você deve ser a Bárbara! - Ela fala muito animada. - Nossa senhora, você é muito bonita.

- obrigada, você também é muito bonita.

- vem, vou te apresentar pro pessoal, eles estão mais ansiosos que eu pra te conhecer. - ela me puxa para fora do carro e eu quase cai na lama.

A porta da casa já estava aberta, do carro até a casa a garota loira foi me puxando, em nenhum momento ela me soltou. O meu pulso já estava começando a doer.

A decoração da casa era meio moderna mas também tinha alguns detalhes do século XVIII.

- eu não faço a mínima ideia onde os meninos estão, então eu vou te apresentar para batcham. - a loira diz.

- quem é batcham?

- e a irmã do nosso avô, ela é a pessoa fofa que você vai conhecer. - a loira diz no caminho para a cozinha.

Quando chegamos na cozinha, eu avistei uma senhorinha jogando gotas de chocolate em uma massa que eu acho que massa de cookie.

Eu amo cookie, cookies me deixa feliz, muito feliz.

- oi batcham. - a loira diz indo até ela e deposita um beijo em sua bochecha. - lembra da garota que eu falei pra senhora?

- como eu não vou lembrar? Você falava da garota a cada minuto que passava. - a senhorinha fala e eu aperto os meus lábios para não rir.

Ela é realmente muito fofa.

- então a garota acabou de chegar e está na frente da senhora. - a loira diz e a senhora olha pra mim, eu vi os seus olhos brilhar quando pousou o seu olhar em mim.

- nossa senhora, como você cresceu minha menina. Parece que foi ontem quando eu te peguei pela primeira vez no colo.

- a senhora já me conhecia antes? - digo depois de receber um abraço apertado.

- mais é claro, eu fui a primeira a te pegar no colo no hospital depois da sua mãe. - ela fala. - e você sempre ficava perto de mim... e eu acho que é por isso que a sua mãe me odeia tanto.

- o que? - pergunto mas a mesma não me responde.

- filha eu estou indo embora, semana que vem eu volto pra cá ok? - ela diz entrando na cozinha. - A mamãe te ama muito, e eu não estou fazendo isso para o seu mal. - Ela deposita um beijo na minha testa.

- eu também te amo mamãe.

- eu vou indo então... ah oi Carol. - ela diz para a loira.

- oi tia.

O meu avô acompanhou a minha mãe até o carro, olhei novamente para a batcham que estava com uma expressão triste.

Minha mãe não gosta da batcham, por qual motivo? Batcham parece ser uma pessoa tão legal.

- cadê o meu namorado e aquele mongol? - a loira pergunta.

- com a Matilda, ela pariu hoje a égua.

- A éguinha nasceu? E eu perdi o nascimento? Que merda!

- leve a Babi para conhecer a Matilda.

- Vamos Babi, vou matar aquele mongol por não ter me chamado. - a loira diz indo na frente e eu vou atrás. - é se o meu namorado defender ele, infelizmente eu vou ter que matar os dois.

Ela me explicou mais ou menos onde os animais ficavam, nós duas passamos por um galinheiro e onde ficavam os cavalos. Carol falou um nome, mas não decorei ainda.

- Augusto, eu vou te matar. - a loira diz abrindo o portão de madeira. - te dou 5 segundos pra me falar um motivo bom por não ter me chamado pra ver o nascimento.

Ela ficou de frente para os dois rapazes que estavam sentados na grama, não sei mas alguma coisa me diz que esse " Augusto " é o namorado dela.

- Ramos, acalme a sua namorada. - o rapaz fala para o tal do " Ramos " que o mesmo deu ombros.

Tá, eu me enganei.

E esse sobrenome eu conheço de algum lugar.

- não se intromete Arthur. A briga é minha e do seu amigo mongol. - a loira diz. - eu já disse milhões de vezes que é pra me chamar toda vez que algum animal estiver nascendo nessa fazenda, todo mundo me chama, menos você.

- Por que ao invés de você ir ver a égua, você ainda está discutindo comigo? Isso é totalmente perda de tempo, já que tudo que você fala entra por um ouvido e sai pelo outro.

- olha você era bem mais legal quando a...

- CAROL... - o tal do Ramos a chama, e a loira respira.

- termina a frase Carolina. - o tal do Augusto diz com um semblante irritado. - eu era bem mais legal quando? Quando a Bárbara foi embora?

Calma, a " Bárbara " que ele está falando, sou eu?

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Continua...

𝗠𝗬 𝗩𝗔𝗖𝗔𝗧𝗜𝗢𝗡 𝗢𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗙𝗔𝗥𝗠 | babictorOnde histórias criam vida. Descubra agora