24_ Por enquanto não meu filho...

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Victor (8 anos de idade) Carol (8 anos de idade) Arthur (8 anos de idade) Babi (7 anos de idade) 

( narrado por Victor )

8 anos atrás…

Estávamos brincando de esconde-esconde, mas a única pessoa que não foi achada ainda é a Babi. Quem foi encontrado primeiro foi o Arthur, o segundo a ser encontrado infelizmente fui eu. Antes era só a Carol que estava procurando a Babi, mas agora nós três estávamos. 

— Ela não está no canil, eu verifiquei em todas as casinhas de cachorro mas não a encontrei. - Carol disse com as mãos no joelho e respirando muito rápido. 

— Será que ela não está dentro da casa? - Arthur perguntou mas eu neguei com a cabeça. 

— Antes de nos escondermos, combinamos que o único lugar que não poderia se esconder era dentro de casa. E a Babi é muito certinha, ela não quebraria esse combinado. 

— e se ela se escondeu na floresta? - Carol perguntou e eu neguei novamente a cabeça. 

— a Babi é muito medrosa, ela não gosta de ficar em um lugar sozinha, e ainda mais onde está cheio de árvores e isso deixa a floresta ainda mais escura do que já é. 

— Vamos acabar com essa brincadeira? Já está quase na hora do café da tarde e tá começando a escurecer. E também estou com frio.  - A garota que o meu amigo gostava muito disse e isso fez automaticamente ele tirar o casaco que estava vestindo e dar para ela. 

Ela sorriu pra ele, e ele ficou com as bochechas vermelhas. Na verdade, os dois ficaram vermelhos e envergonhados um do outro. 

Que patético. 

— pode voltar pra casa, eu e o Victor vamos chamar a Babi. - o bocó disse pra garota que assentiu e saiu correndo. 

Eu só não discordei com o que ele disse porque eu quero achar a Babi, mas se fosse outro ser humano, eu ia deixar esses dois ir procurar a pessoa e eu iria voltar pra casa. 

Pensando bem o Arthur é um idiota né? Agora ele vai ficar passando frio aqui fora e o único casaco que ele estava vestindo deu para a Carol que a mesma está indo para um lugar que não está frio. 

— BABI! - o meu amigo gritou e ela não apareceu. - A BRINCADEIRA JÁ ACABOU, VOCÊ VENCEU HOJE, JÁ PODE APARECER! 

— BABI! 

— chama ela de amor, talvez ela apareça. - Eu mostrei o dedo do meio para o Arthur, e ele riu. 

— BABI! - gritei mas nada, ela não apareceu. 

Ficamos em silêncio e eu juro por tudo que é mais sagrado que eu ouvi um grito. 

— me diz que você ouviu, e que eu não estou ficando louco. - digo para ele que concordou que ouviu o grito também. - o grito veio naquela direção, vem! 

Nós dois corremos e quanto mais o tempo passava, mais escuro ficava.

— aquela é…

— BABI! 

Corri até a mesma e eu pulei os dois degraus, ela estava de barriga pra baixo, não sabia se poderia, mas eu a virei de barriga pra cima. A testa dela estava sangrando e o seu braço estava todo ralado.

— A minha cabeça está doendo. - ela disse baixo, quase não consegui escutar. 

— Vai lá chamar o avô dela, diz que ele tem que vir o mais rápido que puder. - digo para o Arthur que correu novamente para onde nós estávamos antes que era perto da casa. 

Não deu nem cinco minutos, o pai e o avô da Babi aparecem. 

— o que aconteceu com ela? - o avô perguntou primeiro. 

— Eu não sei, estávamos chamando a Babi para voltarmos lá pra dentro e ouvimos um grito. E quando chegamos encontramos ela aqui no chão. 

— é melhor levarmos ela para o hospital, tem um aqui do lado que é 24 horas. 

O pai da Babi pegou ela nos braços e correu na direção da casa, quando chegaram perto, a batchan e a mãe estavam pra fora e soltaram um grito quando viram a Babi. 

Os pais e o avô da Babi foram para o hospital e a batchan ficou comigo, com a Carol e o Arthur no sítio. 

Eles ficaram a madrugada inteira no hospital, a batchan falou pra nós dormimos e que amanhã veríamos a Babi muito bem, e vai estar chamando a gente para brincar de alguma brincadeira maluca que ela inventou. 

A Carol e o Arthur dormiram, mas eu não. Fiquei a madrugada toda acordado e quando consegui dormir um pouquinho, eu acordei assustado e senti um clima muito pesado na sala e olhei para cara da batchan e do senhor que estavam com a cara de velório. 

— cadê ela? 

Os dois me olharam, mas nenhum dos dois respondeu. 

— Ela vai voltar? 

— por enquanto não meu filho, por enquanto não…

Ao longo dos anos eu fui entendendo o que aconteceu e que ela nunca mais iria voltar para o sítio. 

Ela tinha perdido a memória, a mesma só lembra dos pais e era por isso que ela não iria voltar mais.

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Continua…

𝗠𝗬 𝗩𝗔𝗖𝗔𝗧𝗜𝗢𝗡 𝗢𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗙𝗔𝗥𝗠 | babictorOnde histórias criam vida. Descubra agora