16_ Nunca existiram " opções ".

781 99 34
                                    

( narrado por Victor )

Eu vou ficar maluco.

- Jonathan, para de falar. - Eu estava por um fio para matar o meu irmão. O que é bom porque eu sempre quis ser filho único.

- Você está namorando! E ousou esconder isso de mim? Que filho da mãe você é!

- Eu não estou namorando. - digo pela quarta vez, se ele me fizesse falar pela quinta vez, eu o enforcaria.

- como ousa mentir pra mim?

- Vai a merda Jonathan.

- Eu paro de te encher o saco se você pagar um café da manhã completo pra mim. - meu irmão diz e conto até dez na minha mente.

- por que você não paga com o seu próprio dinheiro? Por que eu tenho que pagar?

- Eu esqueci a minha carteira no meu carro.

- Pronto, comprei as madeiras. - Bárbara sai da loja de construção. - O senhorzinho está colocando as madeiras na velha caminhonete dele. Ele disse que vai demorar uns 15 a 20 minutos para os funcionários colocarem todas as madeiras em cima da caminhonete.

- perfeito, agora vamos na padaria. - Jonathan disse me puxando para a padaria que estava do outro lado da rua. - ele disse que vai comprar o café da manhã completo para mim. - ele disse para a Bárbara.

- Eu não lembro de ter dito isso.

- e claro que você não lembra, você sofre de amnésia a cada cinco minutos. - ele disse.

Eu não sofro de nada, eu lembro perfeitamente que eu beijei a Bárbara. Mas vale ressaltar que fui obrigado e não foi por livre espontânea vontade.

- Bom dia, já decidiram o que vão querer? - a mulher que aparenta ter cinquenta anos veio nos atender.

- Eu vou querer um café preto, um misto quente com bastante queijo, essa fatia de bolo, um pão de queijo, esse croissant e uma empada.

- Eu só vou querer um suco de laranja. - Bárbara diz para a mulher e se senta no banquinho ao lado do Jonathan.

- Pode pedir mais coisa bobinha, o Virctuxa que vai pagar tudo que pedirmos. - o meu irmão diz é revirei os meus olhos quando ele falou " Victuxa "

Sempre odiei esse apelido, ele começou a me chamar assim quando nós ainda éramos crianças. Ele começou e nunca mais parou.

Eu não pedi nada, não estou com fome. Eu só quero voltar para o sítio.

- Eu não sinto fome de manhã, o máximo que eu tomo é dois copos de suco de laranja.

- eu já sou diferente. - Jonathan disse se ajeitando no banquinho. - Eu sinto muita fome de manhã, e como a minha vida está sendo muito corrido no momento eu não tenho nem tempo para almoçar. No dia a dia eu tenho que ficar pra lá e pra cá, cuidando de um problema que deu no vestido, e às vezes tenho que ir na outra cidade para comprar um outro tecido... ah você não sabe né, eu trabalho em uma loja de vestido para noiva.

A mulher trouxe o suco de laranja e o pedaço do bolo, o pão de queijo é a empada.

- Eu sonho ter a minha própria loja de vestido de noiva, e os vestidos têm que ser todos feitos por mim. Eu já imagino onde vai ficar cada lugar. Ah e se você quiser um vestido de noiva, é só falar comigo ok? Prometo que vou cobrar bem baratinho para a minha futura cunhada.

Bárbara se engasgou com o suco, e eu fingi que eu não escutei. Jonathan fala muita bobagem sem perceber.

Os pedidos do meu irmão foram chegando, e peguei um pão de queijo que o Jonathan pediu. Estava quentinho e foi difícil resistir.

O Jonathan não ficou feliz que eu peguei, então o filho da mãe me deu um soco no meu braço que fez até eco na padaria.

- era meu, se você quisesse, pedisse um pra você.

- Eu que vou pagar mesmo, então eu tenho o direito de pegar um.

- olha eu divido tudo, menos comida. - Jonathan diz. - pensei que você soubesse disso.

Iria me sentar ao banquinho ao lado do meu irmão, mas ele colocou a palma da sua mão no banco.

- o banquinho está ocupada, você vai ter se sentar em outro banco. Mas especificamente ao lado da Bárbara.

Meu irmão estava bancando de ser o cupido?

- eu nem queria me sentar mesmo, prefiro ficar de pé. - digo e ele dá ombros.

- o seu marido está na cidade? - Bárbara pergunta atraindo a atenção dele.

- no momento não, ele está resolvendo alguns probleminhas da futura empresa dele. Mas quando ele estiver na cidade, eu vou fazer questão de vocês se conhecerem.

- não sei como ele suporta você. - digo provocando.

- ele me suporta tanto que decidiu me pedir em casamento. Eu acho que nessa história o insuportável é você que com 19 anos na cara e ainda nunca namorou na vida.

- nunca namorei não foi por falta de opção, e porque eu não quero mesmo.

- sei... - ele disse desconfiado e tomou o resto do seu café preto.

- Babizinha, as madeiras já estão no carro. - o senhorzinho disse na porta da padaria.

- Tá bom Vovô, só vou pagar o meu suco...

- não precisa de pressa, pode tomar o seu suco com calma.

A Bárbara apenas balançou a cabeça e abriu um sorriso que por cinco segundos os meus pulmões pararam de funcionar.

Sorriso lindo.
Sorriso lindo do caralho.
Eu disse que estava enlouquecendo.

Esse sorriso me fez querer mais que ela se lembrasse de mim.

- nunca existiram " opções ", sempre foi ela. - meu irmão disse no meu ouvido mas o ignorei.

Mas a minha mente concordou.

●●●
Continua...

beberam água? Como foi o dia de vocês? me contem...

𝗠𝗬 𝗩𝗔𝗖𝗔𝗧𝗜𝗢𝗡 𝗢𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗙𝗔𝗥𝗠 | babictorOnde histórias criam vida. Descubra agora