Antologia de Natal (escrita pelos seguidores)

Para sempre, eu e você

Sinopse: Lily era uma garotinha muito enérgica. Com seus doze anos, já tinha pulado cercas,escalado árvores e cansado todas as crianças do bairro brincando até tarde da noite narua. Uma dessas pessoas era Ollie, seu melhor amigo. Ollie era fã de filmes desuper-heróis, qualquer tema geek ou nerd e nada atlético, até Lily se mudar para a suarua, cinco anos atrás. Tudo estava indo bem, até Lily receber uma notícia devastadora. Eapós uma mudança de planos, o Natal se torna o ultimato para dar a dolorosa notícia queestava adiando para o seu amigo, mas essa não vai ser uma tarefa fácil.

Ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta!

Uma sucessão de batidas apressadas na porta quase passou despercebida devido ao alvoroço e caos presente no interior da casa, mas a visitante do lado de fora conseguiu fazer barulho o suficiente em meio à arrumação para a celebração do natal e logo foi notada.

— Lily!

A porta em um tom azul escuro se abriu revelando uma figura familiar que a recebeu com uma voz calorosa. Ela era alta, tinha lindos cabelos ruivos encaracolados, remetia a cor do pôr do sol e o rosto jovem de uma moça nos seus vinte e dois anos. A bela anfitriã logo puxou a garota na porta para um abraço apertado, amassando seu casaco fofo e prateado.

— Oi, Ivy...!

Ela mal teve tempo de piscar antes de ser pega de surpresa pelo aperto esmaga ossos de Olivia. Ela fechou os olhos, apreciando a sensação de um abraço antes de sufocar e sentir falta de ar, mas Lily sabia que não era por mal. Ivy era a irmã mais velha do seu amigo e a considerava com o mesmo carinho, como se fossem da mesma família. Inclusive, fato que ocorreu desde que haviam se mudado para a casa no início da rua e o garotinho que ficava andando de bicicleta tornou-se mais que um simples conhecido, há quase cinco anos.

Lily não sabia ao certo a diferença entre a relação de Ivy e Ollie e a dela com a própria Ivy. A mais velha cuidava dos dois quando seus pais não estavam em casa desde que tinham sete anos e eles brincavam juntos, ajudava com as lições de casa, preparava pipoca e chocolate quente enquanto faziam maratonas de filmes da Disney e desde que tinha tirado sua carteira de motorista, levava os dois para passear, saía para tomar sorvete com eles e até tinha levado Lily para escolher seu primeiro kit de maquiagem algumas semanas atrás porque ela precisava de uma opinião feminina.

Na verdade, ela via uma diferença sim: Ivy e Ollie viviam brigando e implicando um com o outro por coisas triviais: quem ia escolher o filme, quem ficava com o assento que tinha a melhor visão para a TV ou quando tirar da água o ovo cozido, já que Ivy preferia mole e Ollie gostava com a gema bem cozida.

Então era isso, Lily tinha uma irmã mais velha sem a parte chata de ter irmãos. Por isso mesmo, agora que estava na porta da família às cinco da tarde da véspera de natal, Ivy não parecia incomodada e sim genuinamente feliz, ainda que surpresa com a visita inesperada da garotinha. Lily tinha olhos azuis bem claros, um espírito aventureiro e estatura baixa para alguém com doze anos e com o tanto de coisas que queria aprontar – como escalar árvores e pular muros para buscar objetos perdidos entre brincadeiras nas casas dos vizinhos.

Ela era tão pequena que Ivy precisou ficar completamente curvada sobre ela, as costas parecendo as de um gato quando pulava de susto. Os cachos de Olivia eram curtos, chegando na altura dos seus ombros, o comprimento perfeito para fazer cócegas nas bochechas. A sensação quase conseguia fazer Lily se esquecer da discussão recente, mas o gelo no estômago e a ansiedade no peito continuavam a incomodando por baixo da onda de felicidade que Ivy conseguia liberar.

— Que surpresa agradável! Feliz Natal, Lily!

Assim que se separou da garotinha que usava um gorro vermelho sobre os longos e bagunçados fios loiros cor caramelo, Ivy deu um sorriso largo, piscando os olhos cor de mel para a visitante que olhava para os pés, quieta demais.