Capítulo XV

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O advogado ficou uma semana na cidade, até que não teve mais jeito – voltou para a cidade. Antes de voltar ambos conversaram sobre os possíveis desdobramento do evento da semana passada. Embora naqueles dias o jovem demonstrasse um pouco de ansiosidade, se consolava com a presença do advogado. Agora o advogado foi embora. Pressentia que sem ele por perto, o pior poderia acontecer e estava certo. Poucos dias, depois da saída do advogado, estava como de costume cuidando da horta quando chegou a porta da casa do velho o delegado e mais duas viaturas de polícia. O velho os foi receber:

- Bom dia senhores, o que fazem a essa hora aqui? – Questiona o velho sem demonstrar surpresa pela presença da polícia em sua casa. O delegado o olha agitado, tirou um papel de um dos bolsos e mostra ao velho.

- Viemos recolher a suas armas sr. Valter – falou o delegado enquanto o velho lia.

- Isso aqui está errado! Não podem fazer isso comigo! Vocês podem fazer isso? – Indaga o velho aparentemente confuso com toda a movimentação que estava ocorrendo diante dos seus olhos.

- É ordem do Juiz – o delegado sem perder mais tempo gesticula aos policiais que os acompanhava para entrar em casa. – Anda logo meu caro e mostra onde estão as armas ou vamos revirar a casa até achar todas.

Enquanto alguns entrava em sua casa, o velho olhava para os que ficaram de fora, e viu que eles começaram a revirar o carro. – Estou vendo que vão revirar tudo de qualquer jeito. – O delegado se justifica dando de ombros dizendo:

- Não há nada que eu possa fazer. Estou aqui apenas para cumprir ordens – disse o delegado com voz incerta, quase sem firmeza.

- Sim, eu sei, mas ordens de quem? – O delegado o olha com um olhar fulminante, mas não houve resposta do delegado. – E quanto a minha segurança, como fica?

- O que você quer que eu faça?

- Pelo menos deixar um carro patrulhando a área!

- Não posso Valter, não posso tornar os agentes da polícia em seguranças privados e em troca da sua segurança deixar a cidade desprotegida – o velho coçava a cabeça e olhava o delegado com uma expressão extremamente desconfiada.

- Mas fazer serviço de jagunço pode, né? – O delegado simplesmente o ignorava.

O jovem que só ouvia apenas como um espectador não conseguia mais ficar quieto.

- Isso não é justo, você está tirando a arma do meu avô. Você o está deixando sem meios de se defender, e não está colocando nada no lugar! – O velho se aproxima e procura acalma-lo, gesticulava e lhe pedia calma. O delegado não suportou ser admoestado por um jovem cheirando a leite:

- Até onde eu saiba seu avô matou os caras e eles não tinham parentes por essas bandas, então seu avô não tem que se preocupar com retaliação – respondeu de forma ríspida o delegado

- Aqueles caras eram apenas peões. O problema é o coronel ele que quer ... – o velho gesticula para ele se acalmar e impede de continuar a falar.

- Você está me dizendo que o coronel é o verdadeiro responsável? Tem provas? – Indaga com agressividade o delegado, o jovem abaixou a cabeça. – Creio que não garoto. Isso tudo é suposição, ninguém vai vim te pegar, muito menos o coronel. O delegado os ignorando se junta aos outros oficiais em sua busca. Após horas levaram dois rifles e três pistolas e toda a caixa de munição. Ficaram à frente da casa olhando os policiais levarem tudo que tinha na casa. Após alguns momentos um olha para o outro, o jovem desaba:

- Como eles podem fazer isso conosco! Eles nos deixaram desprotegidos e sabendo que o coronel é o responsável por tudo.

- Calma garoto. Aprenda isso, não se resolve nada de cabeça quente nem no calor do momento. – Disse o velho ainda firme e inabalável.

- Eles podiam ter feito isso? Você deveria reagir mais!

- É claro que não, mas se eu fizesse algo agora o maior prejudicado seria eu, acredite em mim.

- Mas vô como vamos fazer eles podem vim a qualquer hora que eles quiserem e não tem policial perto para proteger.

- Não acho que ele vai fazer algo tão imediato, chamaria demais a atenção, e ele preza pela aparência, mas evite andar sozinho.

- Pode deixar estou mais atento agora, não vão me pegar de surpresa.

Eles voltaram para a casa para limpar e organizar o restante, lenta e lamuriosamente.

Um velho AntiquadoOnde histórias criam vida. Descubra agora