❄DOLDT❄POV MIRANDA
Só conheci uma pessoa em toda a minha vida que tem Sachs como sobrenome. E não é possível que seja a mesma pessoa. Não posso acreditar que seja.
Uma tempestade de lembranças vem a minha mente.
— Você não tem coragem de nos assumir, Miranda. E isso é o que vai nos destruir.
— Andrea, eu não posso. Você sabe...A mídia...
— Que se dane a mídia, Miranda! Estamos juntas há um ano. Eu estou cansada. Eu não posso continuar sendo a sua amante. Somos mais fortes que a mídia ou não, Miranda?
Engulo a seco quando lembro do nosso último diálogo. Em Paris, quando apresentei Nigel como novo sócio de James Holt, naquela noite, Andrea e eu tivemos uma noite ardente.
Estávamos nos provocando há dias. Principalmente depois do incidente dela subir a escada e me ouvir discutindo com Stphen. Era como se nossos corpos estivessem esperando apenas uma oportunidade para se encontrar. E quando tudo aconteceu em Paris, Andrea e eu acontecemos. Nossos corpos finalmente se encontraram.
E foi um encontro explosivo.
A partir dali, foram diversos e diversos encontros. A equipe Runway voltou enquanto Andrea e eu ficamos desfrutando a cama macia Hôtel Plaza Athénée. Depois disso, foi um ano completo de encontros. Um mais explosivo que o outro. Mais ardente que o outro. Novos toques e novas sensações em meio a tantos orgasmos extraordinários. E para mim não era só sexo desde o início. Não era só sexo para ela também. Nós já sabíamos que nossa relação estava além do físico. Mas eu não podia me dar ao luxo de viver toda aquela intensidade de forma mais publica, do jeito que ela exigiu, naquele momento de tanta conturbação pessoal. Ela havia sido contratada como colunista do Daily News com uma bela e concreta carreira em ascensão. Eu estava vivendo um dos piores divórcios litigiosos da história de Nova Iorque, onde Stphen estava me massacrando ao expor nossa intimidade, me taxando como uma vagabunda luxuosa e fria, nos tabloides mais baratos de Manhattan.
Acrescentar um caso amoroso sexual e tórrido em meio ao processo judicial feroz, estava fora de cogitação. Minha carreira não suportaria tal escândalo. E eu cedi ao medo da exposição. Não só por mim, mas por ela também. Nossas carreiras declinariam vertiginosamente sem expectativa de retorno. Principalmente a dela que estava começando a tomar grandes proporções. Andrea declinaria e eu jamais me perdoaria por isso. Foi um dos maiores e mais dolorosos sacrifícios que eu fiz em toda a minha vida. E tudo se tornou ainda mais desastroso quando ela disse com todas as letras que eu tinha escolhas. Sim. Eu tinha escolhas. Mas todas as outras opções nos levariam ao abismo. Ela começou a impor uma exposição que eu não poderia lhe dar naquele momento.
Respiro fundo algumas vezes olhando para o e-mail. Repenso diversas vezes antes de decidir se devo realmente abrir o conteúdo. Me assusto quando o celular toca na minha mão e vejo a foto da minha filha mais velha surgir.
— Alô?
— Oi, mamãe. — Caroline fala animada.
— Olá, querida. Como vai?
Questiono ainda trêmula ao saber que por trás da tela dessa ligação há um e-mail de Andrea ainda não lido.
— Eu estou bem. E você? Se sentindo muito solitária? — Ela questiona.
— Eu estou bem também. Não. Não estou solitária. Há algum motivo para essa ligação? — Questiono.
— Eu só queria saber como você está. — Ela diz.
— Como eu lhe respondi ontem, e anteontem e antes de anteontem, eu estou bem, Caroline. Deve se preocupar com os seus estudos. Não com o meu bem-estar. Eu-estou-bem, meu amor.
— Tem certeza?— Ela insiste.
— Absoluta. Eu já lhe garanti isso.
Eu falo, mas minha mente está perdida no conteúdo do e-mail.
— Não é?
Escuto minha filha contestar algo que eu sequer ouvi.
— O que disse? — Pergunto.
— Eu disse que nas férias você deveria viajar. Está tudo bem mesmo? Você parece um pouco distraída. — Ela fala preocupada.
— Não é nada, meu bem. Só...Estou ocupada. — Respondo disfarçando o tremor em meu corpo.
— Tudo bem. Não vou mais tomar o seu tempo. Amanhã eu te ligo.
— Okay. Tenha uma boa noite, meu bem.
— Tá. Você também. Eu te amo.
— Eu te amo mais, meu amor.
Encerramos a ligação e a tela volta para o e-mail de Andrea. Bebo um pouco mais da minha taça e devolvo-a para a mesinha. Respiro fundo e abro o conteúdo. Leio devagar como se eu quisesse estar ciente de toda e cada palavra dela.
Olá, Miranda.
Eu quase consigo ouvir ela pronunciando o meu nome com a voz doce que só ela tem.
Eu não tenho muita certeza se você vai abrir esse e-mail. Talvez eu nem devesse estar te escrevendo. Mas algo dentro de mim me implorava para tentar. Sei que não tenho direito de te escrever, ou mesmo tentar, mas há dias sinto a sua falta! E finalmente criei coragem para te escrever e tentar algum tipo de contato. A verdade é que tenho sentido sua falta desde o nosso último encontro.
Meu coração se acelera a cada palavra que leio.
Eu não deveria realmente estar dizendo isso e que não tenho esse direito depois de tudo que aconteceu entre nós. Sei que seguimos caminhos diferentes nesses últimos dois anos. Sei que nossa última conversa foi dolorosa. Dois anos se passaram desde aquele dia. Você merecia mais de mim. Mais palavras minhas. Inclusive um pedido de desculpas decente.
Respiro fundo sentindo o coração trêmulo.
Sei que a culpa não foi só minha. Nós duas abrimos mãos de nós duas. E isso é algo que me arrependo amargamente até hoje. Talvez as coisas tivessem sido um pouco diferentes se você tivesse escutado um pouco mais. Ou talvez se EU tivesse insistido mais. Não sabemos. São muitos "e se', não é? E agora realmente não adianta chorar pelo que passou. A saudade me inundou desde o momento que eu e você nos vimos pela última vez. Só quero que saiba que não estou sentindo saudades apenas de você. Ou apenas de mim. Mas estou sentindo muitas saudades de nós duas sendo uma só.
Me perdoa. Por favor, me perdoa, Miranda.
A. Sachs
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Do outro lado da tela
FanfictionNo passado as implicações fizeram Miranda e Andrea desistirem de algo especial. Dois anos depois a oportunidade de uma nova chance surge do outro lado da tela. Será suficiente para elas? Será possível recomeçar? NÃO PERMITO ADAPTAÇÃO DESTA OBRA. PRO...