Capítulo 5

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❄ DOLDT ❄


POV MIRANDA

Ela me desarma. Ela sempre teve essa capacidade. A capacidade de me desarmar com tão pouco.

— Podemos?

Ela insiste, mas eu me mantenho insegura.

— Eu...

— Por favor!

Ela insiste. E eu fico em conflito. Eu quero desesperadamente vê-la, mas também não quero.

— Miranda...

— Tudo bem. Me dê alguns minutos.

— Claro.

Não nos respondemos mais. Encerro a ligação e respiro fundo algumas vezes. Ela não pode me ver depois de tantos anos assim como estou. Corro em direção as escadas. Subo quase dois e dois degraus, e corro para o banheiro do meu quarto. Me olho no espelho respirando fundo enquanto me analiso. Meu coração está disparado como há muito tempo não acontecia, pela simples possibilidade de vê-la depois de dois anos completos, mas principalmente por ela me vê. Lavo o rosto rapidamente e refaço a minha maquiagem como consigo. Aplico um pouco de batom suavemente para que não pareça que me maquiei para ela. Quando na verdade eu não quero que ela me veja tão desajeitada após um dia estressante de trabalho. Passo a escova na cabeça e troco a camisa que já estava um pouco amarrotada devido cansaço do dia. Escolho uma camisa de seda preta e visto-a rapidamente. Me olho no espelho e arrepio um pouco os fios grisalhos com as minhas próprias mãos.

Respiro fundo mais uma vez e saio apressada. Desço as escadas e entro no meu escritório com o meu celular na mão. Ligo rapidamente o notebook na minha mesa e aguardo a tela ser iniciada. Instantes depois chega um e-mail dela. Abro e vejo o link para a tal vídeo chamada. Me pergunto se estou pronta para revê-la.

— Vamos lá, Miranda. Você consegue. Apenas seja fria...Não. Fria, não. Impassível. Isso. Impassível. Não demonstre fragilidade. Não permita que ela perceba que ainda tem qualquer poder sobre você.

Me sento um pouco mais ereta em minha cadeira, posiciono melhor a tela do notebook e clico no link enviado por ela. Logo surge a imagem dela sorrindo para mim.

Oh, meu deus. Andrea está linda. Os cachos castanhos um pouco mais comportados que da última vez que a via. O sorriso simples nos lábios que sempre me encantou. Usando um suéter, dessa vez mais adequado com uma cor creme respeitável e o olhar doce bem como eu me lembrava.

Ela me olha por alguns instantes e sorri ainda mais.

— Oi, Miranda.

— Olá, Andrea.

Não sorrio para ela, mesmo que ela continue sorrindo abertamente para mim. Tento não me sentir afetada pela imagem diante de mim. Mas está me parecendo uma missão dificílima. Por baixo da mesa aperto as minhas mãos uma na outra tentando passar para elas um pouco do nervosismo que estou passando nesse exato momento. Vamos lá, Miranda. Se mantenha calma.

— Há quanto tempo?

Ela diz.

— Eu diria que dois anos. — Falo sarcástica mesmo sem entender a intenção.

Ela concorda.

— Você está linda, Miranda.

Ela diz quase como uma confissão. Sinto os seus olhos olhando cada detalhe da minha imagem. Como se me analisasse através da tela. Meu corpo reage a tal elogio simples. Andrea sempre foi assim. Me fazia tremer ou ficar ofegante apenas com elogios. Decido me manter indiferente. Ao menos tento passar isso para ela.

Do outro lado da tela Onde histórias criam vida. Descubra agora