Capítulo 22

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Do Outro Lado da Tela

ÚLTIMO CAPÍTULO

POV MIRANDA

Me sinto perdida em pensamentos quando Nigel afirma que Andrea terá a oportunidade de aceitar uma proposta que a levará mais uma vez para longe de mim.

— Eu preciso...

Eu não consigo completar a frase. Nigel me olha e compreende. Apenas afirma com a cabeça e sai me deixando sozinha com a minha aflição instantânea. Me levanto e vou até a minha porta. Vejo minha assistente chegando com o meu café e eu fecho a porta na cara dela antes mesmo dela ter alguma reação. Vou até a minha mesa e tiro o meu telefone fixo da tomada. Desligo o meu celular e vou me refugiar no conforto do meu sofá.

Todos sabem na Runway...Na verdade a Elias Clarke toda sabe, que quando eu fecho a minha porta, ninguém tem permissão sequer de me chamar. Sinto o meu corpo trêmulo com tal expectativa negativa. Todos esses meses indo para Londres e voltando, tem sido muito desgastante para mim. Para ela também. Tenho passado horas dentro de um avião, que eu tanto odeio, para vê-la por dois ou três dias. Passo a semana toda estressada com as demandas exigentes da revista, e sequer tenho tido tempo para minhas obrigações sociais. Respiro fundo tentando organizar todos os pensamentos atropelados na minha mente.

Me levanto, me sento em minha cadeira e tento voltar a minha atenção ao livro. Algumas horas depois da revelação de Nigel, recebo uma mensagem de Andrea afirmando que havia chegado em segurança em casa. Respondo que estou aliviada por ela ter feito uma boa viagem e volto aos meu compromissos com a Runway. Mas poucos minutos depois começo a remoer as possibilidades da situação. Me sinto sufocada em minha sala. Determino que a assistente entre em contato com a Gucci e adianto o ensaio em três semanas. Não vou suportar ficar trancada dentro da minha sala durante essas próximas horas pensando em diversas possibilidades ao lado de Andrea. Simplesmente não posso.

Saio com a minha segunda assistente e sigo para o ateliê. A coleção passa diante dos meus olhos e eu não consigo sequer esboçar qualquer reação. Antecipo mais três ensaios e sigo em silencio para cada um. Já perto de anoitecer finalizo a minha "avaliação" no ateliê de Mac Jacobs. Quando uma das diretoras de arte finaliza a apresentação me mantenho quieta, quase imóvel. Sem sorrisos ou acenos, positivos ou negativos, sem lábios entortados ou olhar de desprezo. Todos se olham sem compreender o que aconteceu!

Eu não deixei claro em nenhum momento o que achei da coleção. E eles parecem completamente perdidos sem uma direção da minha parte. Simplesmente me levanto e saio apressada pela porta. Chego a calçada quase correndo e quando me vê Roy já abre a porta para mim. Entro rapidamente e ele sai pelas ruas de Nova Iorque. Me sinto atingida. A informação que Nigel me deu continua me atacando ferozmente sem que eu consiga realmente ter controle disso. Isso nunca me aconteceu. Salto no banco do carro quando meu celular toca e vejo que é a minha assistente, que eu havia deixado para trás no ateliê.

— O que inferno você quer?— Pergunto raivosa assim que atendo.

— A madre superiora pediu que você ligue para ela. Ela disse que não está conseguindo...

— Ela está no escritório? — Pergunto.

— Sim. Eu...

Encerro a ligação ignorando-a. O desligo o aparelho da Runway e o jogo dentro da bolsa.

— Roy, escritório da madre Esther.

Ele afirma e muda a rota. Fico olhando pela janela enquanto o trajeto continua.

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