Capítulo 06

44 5 6
                                    


Cap: 06- Ágape,Eros e Philia

Lvy

Universidade San Francisco; 20:30 da noite

Depois da carona do Mathew, eu e a Daya fomos para nossas determinadas salas, já que não tínhamos essa cadeira juntas. Depois de mais ou menos duas horas eu saí da sala e já me direcionei até os dormitórios na esperança de um banho e cama, como acho que as meninas já tenham feito, levando em conta que a aula delas termina de seis da tarde, e que eu não prezo pela minha saúde mental e fico até tarde ajudando alguns professores a organizar a sala depois dos projetos práticos.

Vejo que já estou perto do meu dormitório e ao olhar para frente vejo uma sombra familiar, e logo reconheço Lucas se aproximando. Ele ostentava um sorriso que, por algum motivo, fazia meu coração bater mais rápido contra minha caixa toráxica, e carregava uma sacola nas mãos. Ele veio até mim mantendo o sorriso radiante.

— Oi gatinha! Fui no seu dormitório mas a Daya me recebeu com uma cara nada boa, acho que interrompi o sono dela e ela bateu a porta na minha cara. Aí fiquei aqui te esperando.— Ele diz enquanto caminhávamos até um banco próximo.

— O que era tão importante que veio no dormitório a essa hora?

— Te disse no restaurante, vim te preparar para o nosso encontro. — Eu dou um sorriso leve. — Você pode amanhã de noite, umas 7 da noite?

— Vamos ver primeiro o que você tem agora para minha "preparação", e aí eu decido se vamos a um encontro mesmo.

— Hum, gostei do desafio. — Ele agora parece mais confiante que nunca. Ele pega a sacola e ele começa a tirar algumas coisas da sacola que carregava.— Primeiro, trouxe sua comida preferida, segundo a Maya.— Ele tira da sacola dois potes e quando os abre me deparo com dois empadões, uma comida típica do Brasil que eu provei em uma viagem com a minha família.

—Como diabos você conseguiu isso?— Eu digo com as mãos na boca e um sorriso enorme por trás.

— Tivemos que subornar a moça da cafeteria para fazer.

— Tivemos?

—Eu e a Maya, ou acha que eu sei cozinhar tão bem assim?

Minha expressão não poderia ser menos que surpresa, mas não pude deixar de sorrir com tamanha fofura e com o quão atencioso ele foi. Também tenho que lembrar de agradecer a Maya.

—Por que fez isso tudo só por mim?

—Porque eu gosto de você, e sinceramente, já imaginei nossos filhos, então...— ele diz me entregando o empadão com uma cara de óbvio, e eu não pude evitar soltar um sorriso.

Eu honestamente não esperava por isso. Não sabia o que ele havia visto em mim para gostar tanto assim, no pouquíssimo tempo em que nos conhecemos, eu não tinha feito nada demais. Penso em perguntar isso a ele, mas acho que vou deixar algumas dúvidas para amanhã no encontro. Eu suspiro e olho para o céu estrelado.

— As estrelas estão lindas, né?— Digo com a cabeça erguida.

— A lua também.— Ele diz e percebo de canto de olho que não é para o céu que ele está olhando.

É para mim.


Maya

Universidade San Francisco; dormitórios, uma hora atrás.

Depois de ajudar o Lucas na cozinha, eu fui pro dormitório na intenção de tomar um banho e ser engolida pela cama até minha consciência se esvair. Assim que entro no quarto vejo a Daya no nosso gabinete compartilhado estudando, e resolvi não atrapalhar. Nosso quarto é composto por uma beliche, onde dormem a Lvy e a Daya,e eu durmo numa cama do outro lado. Também há o gabinete que consiste em uma mesa que vai de um canto ao outro do quarto com três cadeiras.

Vou para o banheiro e deixo a água fria me relaxar para que eu possa compreender tudo que aconteceu hoje, na verdade foi apenas uma coisa, Mathew. Ver ele depois de 2 anos, foi meio nostálgico e assustador, quer dizer, meu ex com o qual eu tive um término super estranho, aparece e diz que está preocupado comigo, isso é no mínimo estranho.

— Maya! Tá tudo bem?— Ouço a voz Day e saio dos meus devaneios, pegando uma toalha próxima e enrolando no corpo.

— Sim! Já vou sair.— Logo escovo os dentes e saio do banheiro já me jogando na cama.

— Está bem mesmo? Parece meio para baixo. — Ela diz sentando na cadeira de rodinha e girando até ficar do meu lado na cama. — Aconteceu alguma coisa?

— O Mathew aconteceu. Ele fala comigo depois de dois anos e ainda consegue me desestabilizar,não sei se odeio ele por me deixar assim, ou se me odeio por isso.

— Falando no Mathew— Ela diz me fazendo olhá—la instantaneamente— Depois que ele falou com você acabou voltando para a lanchonete e tirou satisfação com o Diego e acabou rolando uma briga entre eles lá.

— Ele... brigou por minha causa?— Eu me sento na cama fazendo pose de índio e me encostando na parede ao lado da cama— Sinceramente, o que esse homem quer de mim? Ora não fala comigo, ora me defende. — Digo e coloco a mão no rosto.

— Eu e a Lvy tentamos falar com ele, mas ele só disse um monte de besteiras. — Ela levantou da cadeira e se espreguiçou.— Acho que deveria falar com ele para esclarecer o que aconteceu, sabe?

— Talvez outro dia, estou de cabeça cheia, ainda tenho trabalho da faculdade para fazer amanhã.

— Muito bem, nós duas precisamos dormir. Amanhã com a Lvy nós conversamos sobre isso.

— Você tem razão.— Me levanto e pego meu pijama entrando no banheiro novamente para trocar de roupa, e Daya vai até a sua cama se jogando nela.

Assim que entro no banheiro ouço alguém bater na porta e um resmungo da minha colega de quarto. Me troco colocando um pijama azul com as costuras em preto, um conjunto de short e uma camisa de alça. Quando saio do banheiro vejo a Daya fechando a porta na cara de alguém e indo até a sua cama ao lado da porta se jogando de cara no travesseiro.

— Quem era?— Digo dando uma leve risada. E indo até o guarda roupa pegar meu hidratante.

— O Lucas— Ela diz abafada devido ao travesseiro— Estava procurando a Lvy e atrapalhou minha tentativa de dormir.

— Falando em Lucas, adivinha o que ele fez hoje pra Lvy. — Digo enquanto espremo o hidratante do frasco na minha mão.— Ele me pediu ajuda pra fazer a comida preferida dela, achei a coisa mais fofa. E ainda subornou a senhora da cafeteria.

—Esse cara é muito gado. — Ela diz olhando para mim. — Mas me diz, você acha que ele realmente gosta da Lvy, acha que eles dois vão acabar juntos?

—Eu não sei, a Lvy não é de se abrir romanticamente, acho que é novidade até para ela, sabe, ter alguém tão disposto a fazer aquilo dar certo quanto o Lucas.— Termino de passar o hidratante e me aconchego na minha cama da mesma forma que a Daya.

—Enfim, vamos ver o que acontece. — Ela está se cobrindo e diminui a temperatura do ar condicionado. — Boa noite.

—Boa noite. — Assim que digo isso, alguém bate na porta novamente.

—Puta merda, hoje tá foda viu.— Vejo Daya enfiar a cabeça dentro do cobertor.

Logo me levanto,rindo devido a reação exagerada da minha amiga e vou até a porta. Assim que a abro me deparo com ele.

—O que você tá fazendo aqui?— Falo olhando-o incrédula.

Todas as Imperfeições do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora