Percy tinha estragado tudo.
Percy tinha estragado tudo.
Percy tinha feito merda e agora a porra toda estava fodida. E não tinha porra nenhuma de merda de concerto.
Ele iria perder tudo.
Era madrugada e ele estava em posição fetal no sofá se arrependendo de cada decisão que tomou hoje. Como ele foi capaz de fazer isso? Percy não era irresponsável, nem perto disso, mas justo na época em suas habilidades paternas estavam a prova, ele perdia seu filho no shopping.
Que porra de pai fazia isso?
Era pra ser um dia normal, ele e Charles assistiram a nova animação da Pixar e estavam andando de loja em loja procurando um presente para o aniversário de Sally em algumas semanas. Era pra ser engraçado, divertido. Um dia de pai e filho.
Eles se divertiram no playground e compraram alguns videogames para jogar no fim de semana, também aproveitaram e compraram todo o material escolar que ele precisaria para o início do ano letivo. Eles tinham conseguido permissão para matricular o menino na escola perto da casa deles, um passo a mais para a adoção definitiva.
Percy viu um vestido bonito, vermelho e longo que sabia que Annabeth iria amar. Então pegou-o e foi até o caixa pagar sem hesitação. Começou a planejar também uma noite para eles dois, uma noite romântica. Charles poderia passar a noite com a avó enquanto ele a levaria para jantar em um restaurante calmo e com pouca iluminação, seguraria a mão dela enquanto caminhavam a luz da lua e a amaria a noite toda lentamente e intensamente, sem pausa até suas energias se esgotarem e só o que restariam deles eram respirações cansadas, corpos suados e sorrisos idiotas no rosto. Então ele a pegará nos braços e eles dormirão colados um ao outro.
Parecia um bom plano, fazia algum tempo que eles não tinham uma noite romântica completa como essa então seria bom relaxar, tomar um champagne caro. Quando pagou o vestido, pensou que poderia comprar um terno para si, assim os dois usariam roupas novas, virou-se para perguntar a Charles o que ele achava e não o viu ao seu lado. Seu coração parou.
Não, não, não, não, não.
Olhou de um lado para o outro procurando os cabelos escuros de seu filho e, quando não enxergou nas proximidades, seu desespero e urgência tomou conta de si e Percy começou a correr entre as estantes e pessoas, procurando freneticamente por Charles. Mas ele não o encontrava.
Percy começou a chorar quando saiu da loja. Perguntou a todas as pessoas próximas se tinham visto um menino andando sozinho, mas não teve nenhuma resposta positiva. Respirou fundo e tentou organizar seus pensamentos, Charles era grande o suficiente para não se perder completamente ali, não tinha celular ainda então Percy teria que procurar nos lugares que achava que ele iria.
Primeiro ele foi no playground onde eles tinham se divertido por horas, mas nenhum sinal do garoto, para o desespero de Percy, as lágrimas agora estavam presas em seus olhos, ele as impedindo de cair e se descontrolar completamente e começar a gritar por seu filho.
Porque não segurou sua mão o tempo todo? Porque não o pôs em sua frente o tempo todo? Como pode ser tão irresponsável assim? Não pode evitar pensar que era outro recado do universo para ele.
E se alguém tivesse sequestrado Charles? As piores possibilidades possíveis começaram a passar por sua cabeça acionando os piores temores de que um pai poderia passar. E se ele estivesse ferido, sangrando e sozinho? Com medo?
Cada segundo que passava o coração de Percy batia cada vez mais rápido, desesperado. Ele só queria seu filho ali com ele, seguro, vivo e bem. Sua mente fiou em branco e ele não sabia o que fazer, já tinha rodado toda a porra daquele shopping e nada de seu filho. Não sabia o que fazer. Não sabia o que fazer. Não sabia o que fazer. Seu filho estava sozinho, Deus sabe onde.
Seu filho estava sozinho.
Seu filho estava perdido.
As lágrimas começaram a escorrer descontroladamente e ele pegou o celular, digitando o número de Annabeth. Quando a mulher atendeu, ele mal conseguia falar, gaguejando.
- Percy? Aconteceu alguma coisa? - Sua voz soou amedrontada. Não conseguiu responder, só chorar. - Amor? É o Charles?
Reunindo toda sua coragem, Percy sussurrou: - Eu perdi nosso filho.
Tentou ao máximo explicar o que aconteceu a sua esposa, que começou a ficar mais desesperada que ele. Percy logo desligou quando ela entrou no carro para ir até lá ajudá-lo a procurar por Charles. Parando de correr e respirando fundo, viu um segurança no canto da porta da entrada do lugar e, com as esperanças renovadas, foi até ele. Da forma mais calma que conseguiu sem gaguejar, explicou a situação para o segurança que o acalmou. Eles tinham câmeras de segurança por todo o local que poderiam auxiliar na busca pela criança, Percy estava com as esperanças renovadas. Não conseguia pensar em mais nada, nenhuma coerência na ordem de seus pensamentos, ele apenas queria seu filho de volta com ele, não poderia perder Charles também.
Percy junto ao segurança subiram as escadas rapidamente, enxugando as lágrimas de sua bochecha e mandando uma mensagem para Annabeth, avisando onde estava indo. Esperava que ela estivesse bem, mas sabia que era um pensamento bobo, ela era tão traumatizada quanto ele e ainda estava dirigindo, o máximo que ele podia esperar, sendo realista, era que ela não sofresse nenhum acidente por causa de seu nervosismo para chegar logo.
Quando chegaram na sala, Percy poderia desmaiar de alívio quando viu o menino sentado em uma cadeira, com dois seguranças ao seu redor. Ele correu e caiu de joelhos, agarrando Charles e o abraçando com força. Charles gemeu com o aperto, Percy aliviou mas não o afastou, precisava daquele momento, respirou fundo e absorveu o perfume infantil do Batman e a maciez da camisa de algodão que vestiu naquela manhã.
Depois de alguns minutos ignorando o mundo a sua volta, apenas tentando empurrar em sua mente e coração que Charles estava bem e seguro, ele finalmente soltou o garoto e o agarrou pelos ombros.
- Porque você saiu de perto de mim? - Ralhou, com a voz ainda trêmula. - Nós conversamos sobre isso, Charlie. Você tem que ficar ao meu lado o tempo todo! O tempo todo.
Charles revirou os olhos, se afastando e sentando na cadeira.
- Eu queria ir no banheiro - respondeu.
- E porque você não me avisou? - perguntou, nervosamente.
- Naquele primeiro dia lá em casa vocês disseram que não precisavam pedir permissão pra ir no banheiro.
- Em casa, Charles. Você sabe disso, fora de casa você não pode sair assim! - Percy estava nervoso, sua mente ainda colocando em seus pensamentos todas as piores coisas inimagináveis que poderiam ter acontecido com ele. Mas ele está bem, falou a si mesmo novamente.
- Aí quando eu não achei o senhor, vim falar com esse guarda - apontou para o segurança loiro que estava a seu lado, - e ele perguntou se eu sabia o número de algum adulto, aí eu dei e já tão vindo me buscar.
Percy inclinou a cabeça confuso, mas aliviado que ele não tivesse perdido tempo e ido logo buscar ajuda. Garoto esperto.
- Você ligou para Annabeth? - Achou estranho já que se ela tivesse notícias o ligaria na mesma hora.
- Eu não sabia o número da mãe nem o seu, não.
- Então pra quem você ligou?
- Pra tia Hannah.
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✓ HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN?, PERCY JACKSON
FanfictionPercy Jackson conheceu o amor de sua vida. Percy Jackson casou com o amor de sua vida. Mas a história não acaba no "e viveram felizes para sempre" como nos contos de fadas. Ainda mais quando você é o responsável pela sua esposa estar internada no h...