Estava tudo uma merda.
Charles não estava mais com eles.
O filho de uma puta do juiz achou que era justo dar uma segunda chance à mãe biológica desde que ela estava em um emprego, saiu da reabilitação e estava aparentemente bem. A primeira vez que ele a viu foi na sala do juiz, do outro lado da mesa enquanto, apesar de todos os profissionais recomendarem dar a guarda da criança para Annabeth e Percy, a porra do juiz decidiu dar para ela. Ele odiava que Charles fosse a cara dela, ele era seu filho, não dela.
Sabrina disse, com raiva líquida no olhar, que continuaria recorrendo, que era um absurdo, mas tudo que ele continuava escutando era que Charles passaria a morar com outra pessoa e não com eles. Charles, legalmente, nunca foi filho deles e Percy sentia que seu coração tinha sido fisicamente arrancado de seu peito e ido junto com o menino de nove anos. Na despedida ele não podia nem chorar, o menino estava animado com a perspectiva de voltar a se conectar com a mãe biológica; o que mais doía em Annabeth era que ele nunca parou de chamá-la de mãe, porque mesmo que tivessem passado dois meses juntos, era isso que ela era para Charles.
Eles ainda poderiam ser falar por telefone e vê-lo de duas em duas semanas, mas não era o suficiente, nunca seria e os o casal se tornou uma fração quebrada do eu eram quando voltaram para casa sem seu filho. Pela terceira vez.
A tristeza e o desapontamento poderiam ser sentidos a quilômetros de distância da casa deles, sem Charles, a casa parecia morta. Os DVDs dos seus jogos espalhados por toda a sala eram apenas mais um lembrete do que eles perderam e sentiam que nunca mais recuperariam outra vez.
Claro, eles poderiam aplicar novamente e adotar outra criança, mas parecia errado. Charles não era um produto que poderia ser destacado assim, era uma pessoa. Era o filho deles, como poderiam substituí-lo tão facilmente?
Percy que fez sua mala e colocou algumas de suas roupas, mas também seu boneco do Batman preferido. Se lembrou de quando perguntou porque Charles gostava tanto do Bruce Wayne, o garoto era obcecado pelo herói mascarado, Charles respondeu que era porque ele era superlegal e rico mesmo sendo órfão e era assim que ele queria ser. Percy ria tanto com ele.
Era incrível a capacidade daquela criança de fazer dois adultos crescidos felizes e maravilhados só pelo simples fato dele existir. Todos os dias descobriam coisas maravilhosas e interessantes daquele menino que mal tinha saído das fraldas, seus gostos, suas opiniões, suas falas, eles se apaixonaram por cada pedacinho da personalidade dele e o amaram tanto que não conseguiam imaginar uma dimensão. E ainda assim, sendo os pais de Charles, seu filho foi tirado deles tão de repente que não tiveram tempo de reagir, os dois paralisados com a decisão do juiz.
Estava tudo uma grande merda.
As brigas tinham piorado já que agora não tinham ninguém de quem escondê-las. Percy e Annabeth não poderiam estar no mesmo local fechado que uma discussão começava; não importava o motivo, não importava quem começava, os dois discutiam e diziam coisas cruéis um para o outro, transformando o coração partido em raiva que precisava ser descarregada. Infelizmente, descarregada um no outro.
Eles também se isolaram, conforme as brigas iam ficando mais intensas, eles deixavam de ir nos churrascos de Paul, nos almoços de Sally, nas noites de jogos de Grover e Juniper; não queriam brigar na frente de outras pessoas, mas não aguentavam mais fingir que não queriam não brigar e se agredir verbalmente.
Uma noite a briga foi tão feia que Percy, para não dizer algo mais cruel do que já tinha dito, pegou as chaves do carro e saiu de casa, sem saber para onde ir ele parou na casa de sua mãe e riu. Claro que viria para lá, a casa que o trazia conforto e segurança, tudo que precisava no momento era alguém para lhe dizer que ficaria tudo bem e o levasse para comer algo super gorduroso e afogar suas mágoas em uma taça de vinho barato enchida até vazar.
Percy riu, mas um riso sem humor nenhum conforme o mal estar o seguia. Ele tinha uma casa para a qual voltar e pedir conforto, para Annabeth, ele era essa pessoa; tudo que ele queria e precisava era exatamente o que ela também queria e precisava, mas fora ele e sua família e amigos, ela não tinha ninguém. Sem pai, em uma mãe decente, nenhum outro nunca tentou nem entrar em contato com ela para saber se estava viva.
Percy era sua casa, Percy era sua família e em vez de confortá-la ele fugia dela.
Então ele ligou o carro, sem nem entrar na casa de sua mãe e voltou para sua casa, para sua Annabeth, com uma decisão em mente.
Quando chegou em casa ela estava sentada no sofá, bolhas negras debaixo de seus olhos deixavam explícito o quão cansada ela estava, os dois estavam exaustos, exauridos de toda a briga. Não se importou que ela estivesse de pijamas de moletom, pegou sua mão e a arrastou até o carro.
- Nós vamos ali naquele McDonalds 24 horas ruim, vamos comer e ninguém vai falar nada.
Ela assentiu, seus ombros antes tensos caindo em alívio: - Ok, mas eu dirijo.
Jogou as chaves para ela e os dois entraram no carro em silêncio, mas um silêncio completamente desconfortável e silêncio desconfortável deixava Percy estava nervoso, o que não era bom. Percy nervoso falava.
Conseguiu se segurar por seis minutos.
- Nós temos que parar com as brigas, Annabeth - Começou, nervosamente. - A gente tá se afundando.
Annabeth ficou em silêncio, os olhos presos na estrada.
- Não vamos recuperar o Charles assi-
- Não era para ficarmos em silêncio? - Atacou a loira, Percy encolheu os ombros.
- Eu sinto falta de conversar com você - revelou e ela respirou fundo.
- Eu também sinto, Percy, mas parece que todas as nossas conversas levam a ataques e eu tô cansada disso, só quero silêncio, só dessa vez. Ok? - Sua voz estava frágil, quase a ponto de quebrar.
Percy se mexeu, desconfortável, o que queria dizer estava na ponta de sua língua.
- Eu não gosto do silêncio - sussurrou.
- Eu gosto.
Então Percy explodiu.
- Então talvez devêssemos dar um tempo.
Annabeth não respondeu, tão chocada por ele ter falado quanto ele por ter dito aquilo que estava engasgado. As mãos delas apertaram em torno do volante.
- Não. - Annabeth finalmente respondeu. Percy a encarou, confuso.
- Não? - Ela assentiu.
- "Um tempo" é só um jeito bonitinho de terminar tudo - diz, firme como uma rocha. Percy hesita, inseguro sobre como continuar aquela conversa. Olhou para baixo, para seu colo, onde suas mãos estavam se mexendo desconfortavelmente.
Ele era a casa de Annabeth, sim. Mas até quanto ele aguenta essa responsabilidade?
- Então... Talvez a gente deva se separar.
Annabeth não o olhava, mas ele conseguia ver a expressão de dor e os olhos embaçados de lágrimas enquanto ela ainda olhava a estrada fixamente.
Minutos passaram.
- Diz alguma coisa. - Percy implorou. - Por favor, fala alguma coisa, Annabeth.
Nada.
Os dedos de sua mão delicadas estavam brancos com a força com que ela apertava o volante.
- Olha pra mim e fala comigo, Annabeth - pediu alto, sua voz falhando.
Nada, nem um piscar de olhos.
- Olha pra mim. - E repetiu a frase e repetiu e repetiu e repetiu.
Até que ela olhou.
E nesse pequeno segundo em que ela finalmente o olhou, um carro com um motorista bêbado bateu neles.
Bateu no lado da porta de Annabeth.
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✓ HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN?, PERCY JACKSON
FanfictionPercy Jackson conheceu o amor de sua vida. Percy Jackson casou com o amor de sua vida. Mas a história não acaba no "e viveram felizes para sempre" como nos contos de fadas. Ainda mais quando você é o responsável pela sua esposa estar internada no h...