11 | Convite à humanidade (PARTE 1)

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Uma vez lá dentro, o frio não tem tanto impacto sobre o corpo de Jimin como tem no corpo de Jungkook, que se encolhe no primeiro segundo até que se acostume ao clima. A sensação de voltar lá como nas tantas manhãs em que fingia estar trabalhando, fortaleceu um pouco mais o seu interior, como se ele tivesse aprendido uma lição da qual não sabia, e da qual não havia nem sequer o vislumbre. Isso fez com que o lugar se tornasse ainda mais aconchegante em meio aos ruídos entrecortados das conversas alheias. É claro, Jungkook sabia que poderia percorrer aqueles corredores de olhos vendados; havia gravado os quadros e as seções em sua mente. E não importava o quanto relembrasse, nenhum detalhe se alterava.

Jimin, por sua vez, percorre o olhar no alcance permitido, buscando encontrar os motivos que tornam aquele lugar o favorito de Jeon. Não que o loiro quisesse admitir, mas em sua mente, o fato de manter o moreno em uma distância emocionalmente segura, não o impedia de continuar conhecendo a personalidade do mais novo, se assim desejasse. Saturno não sabe, entretanto, que quanto mais se conhece alguém, mais próximo se fica. Mais íntimo se torna, até que seja difícil voltar atrás.

Ele presta atenção no teto liso acinzentado, no ângulo que as luzes amareladas se postam para chamar a atenção dos olhos vagantes em antigas relíquias. Reconhece algumas estátuas e objetos referentes aos Astecas, do tempo em que observava a humanidade e podia, até mesmo ousar, querer fazer parte dela. Jimim percorre os dedos pelas colunas gregorianas e lembra do passar dos anos em que também via o horror que a humanidade havia se transformado, matando uns aos outros em tempos de guerra em busca das melhorias. Passando por quadros que possuíam uma confusão de cores frias na tela branca, Jimin se questionava em como poderiam procurar evolução e avanço em mortes e devastações.

Talvez ele nunca conseguisse obter uma resposta. Mas esses pensamentos se dispersaram ao se deparar com uma estátua feminina, que não possuía braços, mas feições delicadas e perfeitas em cada centímetro da obra. Sua saia longa circulava da cintura aos pés, deixando somente seus seios descobertos, representando uma época da qual os humanos não tinham medo da própria nudez, nem viam o corpo da mulher como um objeto, somente um símbolo sagrado. Não existia apropriação, nem donos de terrenos. Tudo era de todos. E isso bastava.

— Vênus... — Sussurra para si mesmo, erguendo os dedos para sentir na pele a textura daquele material. Sua primeira paixão planetária estava bem ali, materializada em pedra, imóvel e engessada.

O meu pequeno amor juvenil, pensa unicamente consigo.

Jimin não vê o aviso pregado na parede que diz não permitir o toque em nenhuma obra exposta no museu, mas Jungkook enxerga a tempo e, no instante em que percebe o que Saturno está prestes a fazer, toca em seu ombro.

— É proibido tocar nos objetos, Jimin — Diz, calmo, trazendo o mais velho para perto de si e o observando abaixar a mão.

— É uma das minhas irmãs — Retruca, levemente orgulhoso em dizer aquilo em voz alta, mas, no segundo seguinte, sentindo o amargor na boca ao se dar conta de que disse a palavra "Irmã" no intuito de não chatear Jungkook caso dissesse "primeiro amor". O que estava havendo com Jimin? Desde quando ele se importava se suas palavras iriam ou não machucar Jungkook?

Por meio segundo, seu coração pesa, sentindo falta de casa. Tudo seria tão mais fácil e simples se eu nunca tivesse virado humano...

— Encantador, não, é? — Indaga, Jungkook, observando, minuciosamente, os detalhes surrealistas da obra — Você e Vênus sempre foram os meus favoritos...

Ambos os olhares se encontram, e um sorriso surge na face do mais novo.

— Mas acho que já deu para perceber quem ganha entre os dois — Finaliza.

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⏰ Última atualização: Dec 23, 2021 ⏰

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SATURNO NUNCA FOI TÃO BELO jjk + pjm ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora