CHECK-IN PARA O INFERNO

Capítulo 2

Se no mundo existe algo que as pessoas gostam menos do que perder dinheiro e pegar fila, é dormir em um lugar que não é nenhum pouco convidativo e confortável. Como por exemplo um quarto de visitas que está cheio de tralhas não usadas do dono da casa, ou uma cadeira comum de acompanhante no quarto de um hospital, ou, mais inusitado que tudo isso, um hotel abandonado.

- Sem chance! - disse Ralf ao observar a construção. - Nossa viagem está programada há mais de dois meses e você só tinha que encontrar um hotel bom e barato para passarmos as férias e em vez disso nos trouxe para um hotel de estrada caindo aos pedaços?

Todos encaram Metal, que diferente deles parecia estar animado com a ideia de ficarem naquele lugar.

Tinham chegado ao hotel dez minutos depois de abandonarem o último posto em que pararam. Estavam agora estacionados nos fundos do prédio, de frente para a entrada dos funcionários. Havia um portão pequeno de acesso pessoal e outro maior, que claramente era de acesso à garagem. Os carros estavam estacionados, lado a lado, de frente para o portão maior.

- Não é exatamente o tipo de lugar que eu imaginava passar minhas férias - Keven bufou de frustração.

- Galera esse hotel é super famoso - Metal diz mantendo a animação. - Está na lista dos dez lugares mais sinistros do mundo!

- Pela estética eu acredito que essa lista não errou - falou Renato.

Visivelmente era um hotel grande e podia ter sido muito luxuoso no tempo em que esteve ativo. Porém agora, o local estava completamente acabado. Todo o encanto e glamour que um dia teve se foi, deixando apenas uma construção podre, incapaz de atrair algum olhar positivo. O único que parecia não se incomodar com aquela visão era Metal.

- Por quê você quis nos trazer para esse lugar afinal? - perguntou Armando franzindo a testa.

- Porque era a oportunidade perfeita para visitá-lo. Vocês sabem que eu sou fascinado por histórias trágicas, eu precisava conhecer esse hotel.

- E tinha que arrastar a gente junto? - indagou Ralf de braços cruzados.

- Foi mal gente. Eu sabia que vocês não viriam se eu falasse para onde estávamos indo!

- Com certeza! - Pedro e Cauã disseram em uníssono.

- Queria que vocês estivessem comigo em uma das minhas visitas aos lugares da lista. Esse hotel era o mais acessível, já que ficava no caminho da nossa viagem para o hotel onde realmente vamos passar nossas férias. Reservei seis dias no hotel onde vamos ficar, porque tiraríamos um dia para ter essa experiência juntos.

Que Metal era fascinado por lugares com histórias misteriosas, o grupo já sabia, mas que seria capaz de arrastá-los para um desses lugares sem qualquer tipo de aviso ou consentimento, já era novidade.

- A questão nem é o hotel...

- É, sim! - falou Keven interrompendo Armando, que lhe encarou por alguns segundos antes de prosseguir.

- O problema foi você ter nos trazido sem nossa permissão - continuou Armando. - Aposto que teríamos chegado a um acordo se você tivesse sido sincero conosco, mas você não foi e por esse motivo estou com os outros na decisão de não ficarmos aqui.

- Bom, ainda dá tempo de voltar - Renato diz, pegando suas coisas. Ele havia sido o único a viajar com a mochila no colo, assim que desceram do carro ele a levou junto.

- Não! - disse Metal em desespero, e com tom de súplica continuou: - Por favor, eu preciso riscar esse lugar da minha lista.

- Você já viu o hotel, então já pode riscar - Farahs sugeriu.