- Você acha mesmo que isso vai dar certo?
Pedro e Renato estavam agora na garagem, removendo a gasolina dos carros e enchendo galões de tinta que eles haviam esvaziado dez minutos atrás. Estavam com sete galões cheios, todos comportados dentro de um carrinho de mão que os dois pegaram no depósito de carpintaria.
- Já falei que numa situação de morte iminente como essa, nada é provável e muito menos certo. Mas não temos muita escolha do que fazer ou não, estamos condenados a morrer, então qualquer coisa serve nesse momento. Até mesmo espalhar gasolina em um hotel de seis andares e atear fogo para destruí-lo.
Agora que dita em voz alta, a ideia parecia ridícula. E era, pensou Renato, mas ainda assim era uma opção. Não podiam cruzar os braços e esperar a morte. Ele não queria ser morto, assim como também não queria se matar, então quais outras alternativas o grupo teria se não arriscar a sorte de causar um incêndio naquele lugar? Exatamente, nenhuma.
- E se o Metal aparecer? - perguntou Pedro olhando para todos os lados. O estacionamento parecia maior do que realmente era, com aqueles dois carros e apenas eles dois no local. - Você não acha estranho ele estar demorando tanto para nos atacar?
- Keven deve estar distraindo ele - respondeu Renato. - Espero que ele consiga segurá-lo por mais tempo e volte vivo para fugir com a gente.
- É, também espero - Pedro suspirou.
***
No consultório, Farahs trocava o curativo no braço de Armando. O sangue já não vazava tanto quanto antes.
- Eu vou morrer, né? - o mais velho observou o amigo enquanto ele terminava de fazer o novo curativo improvisado.
- Vamos acabar com tudo isso, e aí te levamos para um hospital. Você vai ficar bem.
- Eu tenho uma bala na minha coxa - disse Armando e riu, sem saber porquê. - Eu nunca pensei que fosse passar por isso um dia.
- Essa é a graça da vida. A gente nunca sabe exatamente pelo que vai passar, até que chega um momento em que algo acontece e você se pergunta o que poderia ter feito para mudar aquilo. A resposta ninguém tem, não dá pra prever o futuro. Todo santo segundo do dia é incerto e a gente só precisa aceitar o que vier.
Farahs encerrou os primeiros socorros em Armando, levantou e caminhou até a porta para vigiar o corredor. Armando lhe observou de onde estava, na cama.
- Você sabe discursar muito bem, já tentou escrever?
- Não, acho que o escritor do grupo é o Ralf - respondeu Farahs sorrindo. Lembrou-se do amigo que, naquele momento, parecia não ver há dias.
- Me pergunto se ele está bem.
- Ralf é durão. Ele vai conseguir sobreviver se tiver chance.
- Ralf e Keven se completam, né? Um escreve e o outro lê - comentou Armando e sorriu. - Aposto que estão juntos nesse momento, lutando como uma dupla de heróis, dando um jeito no Metal.
- Eles estão bem, se é isso que te preocupa.
- Eu sei, acredito que eles estão bem. Só queria que não fosse o Metal que estivesse caçando eles.
- O Metal... eu fico preocupado com ele também.
- Acha que alguém consegue tirar aquilo de dentro dele? Eu consegui fazer o Keven voltar ao normal, talvez alguém possa fazer o mesmo com ele.
- Talvez, mas acho que ninguém é tão ligado a ele desse jeito.
- Você é - afirmou Armando com sinceridade. - Ele te ajudou depois daquele ataque que você sofreu. Ele esteve do seu lado desde então.
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CHECK-IN PARA O INFERNO
Kinh dịUm grupo de amigos recém formados do ensino médio, decide partir para uma viagem de formatura e aproveitar os últimos momentos juntos antes de seguirem seus caminhos para a universidade. Porém, nem tudo sai como combinado e uma escolha errada os lev...