Capítulo 16

490 67 111
                                    

Thiago abriu os olhos.

Sua cabeça latejava de dor. Parecia que havia despencado de uma escada bem alta e batido com a cabeça no chão. Não lembrava o que tinha acontecido, e qualquer esforço para fazer com que as lembranças voltassem à sua mente, fazia com que a dor na cabeça apenas aumentasse. Ele realmente deveria ter sofrido uma queda. De moto, talvez?

Lembrava-se de estar dirigindo em uma estrada bloqueada. Estava chovendo - possivelmente sua moto derrapou -, e agora estava recobrando os sentidos. A pancada deveria ter sido muito forte, porque demorou um pouco para que conseguisse abrir os olhos. O simples movimento de separar as pálpebras foi uma dificuldade. Era como se ambas pesassem toneladas. Então a dor de cabeça voltou. E só quando conseguiu abrir os olhos, foi que constatou o pior de tudo: ele não enxergava nada.

A batida havia lhe deixado cego.

Não!

Ele percebeu, logo depois do susto, que estava com algo cobrindo sua cabeça. O capacete? Não, era algo leve. Algo leve como um...

Um pano.

Alguém havia colocado aquilo nele e percebeu, quase que telepaticamente, que não estava sozinho. Alguém o vigiava. Quis saber quem era. Tentou falar, mas sentiu outra pontada na cabeça e tudo que escapou de sua boca foi um gemido fraco. Mexeu-se um pouco. Notou, pelas pequenas brechas da costura do pano, uma sombra se aproximando. Não estava mesmo sozinho.

Tentou usar as mãos para remover o pano. Sem sucesso. Estavam amarradas. Aquela situação estava estranha. Só conseguiu pensar em uma única explicação para tudo aquilo: tinha sido sequestrado.

- Ei... - murmurou ele entre um gemido e uma careta de dor que não seria vista.

- Ótimo, ele acordou! - ouviu a voz da pessoa à sua frente. - Venham ver, ele tá voltando ao normal.

Com quem ele estaria falando? Haveriam mais sequestradores?

- Tira logo isso da cabeça dele - disse outra voz. Pelo tom, se tratava de alguém aparentemente zangado. - Quero ver a cara de medo desse desgraçado.

O pano foi removido em um puxão brusco. De repente suas retinas foram atingidas por uma iluminação muito forte, de novo sentiu a sensação de estar cego. Fechou os olhos e fez uma expressão de dor quando sentiu mais uma pontada na cabeça.

- Não parece ameaçador agora.

- Perdeu toda a coragem agora que tá preso e não pode matar mais ninguém!

Do que aquelas pessoas estavam falando? Quem havia matado quem? Porque estavam tratando ele como um criminoso se era ele quem tinha sido sequestrado?

Reabriu os olhos aos poucos, tentando se adaptar à claridade. Demorou para distinguir as formas. Observou as três figuras paradas bem na sua frente. Um deles segurava uma arma, parecia com medo. O outro, loiro e agarrado ao braço do anterior, parecia estar irado. Talvez fosse ele o dono da voz zangada. Já o terceiro, tinha tudo menos cara de sequestrador. Era estranho e magro demais, e segurava uma câmera apontada para ele.

- Quem são vocês? - Olhou para os três e nenhum deles estava muito disposto a lhe responder. - Por que me sequestraram?

- Cala a boca seu idiota - vociferou o loiro. - Você matou minha melhor amiga! Porquê?

- O quê? - Perguntou Thiago, assustado e surpreso com aquela acusação. - E-eu fiz o quê?

- Ora não se faça de idiota - disse o garoto com a arma. - Você ia matar todos nós se não tivéssemos te prendido, não adianta se fingir de louco.

CHECK-IN PARA O INFERNOOnde histórias criam vida. Descubra agora