Capítulo Três

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Na manhã seguinte, Nala está terminando de preparar a mesa para o café da manhã quando Lucas chega, antes que todos.
Ele para na entrada da sala e a olha fixamente, mas Nala o ignora, continuando o seu trabalho. 

Quando ela ia sair para ir à cozinha, buscar o pão, ele a segura firme pelo braço.

— Não tem educação, escrava? Nunca ninguém te ensinou a dar bom dia para o seu dono? 

— Desculpe, Senhor... Bom dia. — A voz sai fraca e trêmula. 

— O que está fazendo, Lucas?! Larga ela! — É Beatriz, que grita, de trás dele.

Ele a solta, olhando-a com o maxilar contraído. 

— Bom dia, Nala! — Beatriz a cumprimenta, passando pelo irmão e olhando-o com raiva. 

— Bom dia, Beatriz! — responde e sai para a cozinha. 

Quando volta, todos já estão sentados à mesa, e ela serve o café da manhã. 

— Querido, hoje irei na casa da Senhora Fátima, para encomendar alguns vestidos. — A baronesa fala.

— Muito bem. Aproveite e peça para ela confeccionar um novo terno para mim também. — Prepara-se para levantar-se. — Agora, me desculpem, mas estou indo. — O barão fala, depois de tomar o café

— Já vai, assim, tão rápido, pai? 

— Sim. Tenho muitos assuntos a resolver. Até mais tarde. 

— Lucas, você quer me acompanhar num passeio a cavalo hoje? — pergunta Beatriz.

— Sim, minha querida irmã, terei todo o prazer!

— Nala, você poderia avisar o Valdo que prepare os cavalos, por favor? — Olhando para a escrava. 

— Sim, claro.

Ela caminha na direção da saída, mas ainda a tempo de ouvir o que Lucas fala: 

— Você não acha que está exagerando, pedindo por favor a uma escrava? — Ele ri.

— Lucas, não seja rude. Ela até pode ser escrava, mas é um ser humano também. — Beatriz fala, impaciente.

— Meninos, por favor, não discutam. Lucas, não seja severo. A Nala tem sido uma ótima mucama para a sua irmã.

— Ela até tem aprendido a ler a escrever. — Beatriz fala, orgulhosa, enquanto Lucas gargalha.

— Há de servir muito saber ler e escrever na senzala. — Ri mais alto ainda. 

— Lucas, você é um idiota! — Beatriz se levanta e sai da mesa. 

Depois, Nala não ouve mais nada, então se dirige para o exterior, procurando Valdo, com aquelas palavras na mente e o coração apertado. 

Ele tem razão. De nada servirá ela ser alfabetizada. É uma escrava, e escravos só servem para trabalhar e obedecer às ordens dos donos. Para eles, os negros não têm consciência, nem sentimentos. São inferiores a qualquer animal.

— Filho, por favor, vá falar com sua irmã. Ela se apegou muito a Nala na sua ausência, e você sabe que ela tem bom coração, não trata os escravos como você e seu pai. Não a trate mal na sua frente. 

— Mas, era só o que me faltava! Eu tendo que me chatear com minha irmã por causa de uma escrava... 

— Filho... — A baronesa pede, com olhar de súplica. 

— Tudo bem, mãe. Mas só porque eu amo muito vocês e não quero te ver triste. 

Lucas se levanta e caminha até o quarto da Beatriz.

Amor Escravo  ( Série Amores Proibidos ) Degustação Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora