Capítulo Cinco

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Voltam para a fazenda em silêncio. 

Nala sabe que Beatriz ficou chocada com o que lhe contou, mas é a sua história, a sua realidade; bem diferente da realidade dela, e não há outra forma de a contar.

Quando chegam, Beatriz vai encontrar seu irmão, que já chegou; e Nala segue para a cozinha, a fim de ajudar Ba.

No quarto do Lucas...

— Posso entrar? — Beatriz pergunta, batendo na porta do quarto do irmão. 

— Sim, claro. Entra. 

Ela entra, e ainda com os olhos marejados, o abraça, agradecendo-lhe; algo que o deixa sem entender o que está se passando. Lucas segura o queixo dela para olhá-la nos olhos. 

— Por que está me agradecendo? E que cara triste é essa? — Ele pergunta, preocupado. 

— Obrigada por ter salvado Nala das mãos daquele nojento do Valdo — responde, comovida. 

— Como você sabe? Ela te contou? — Ele pergunta, nervoso.

— Não. Eu ouvi ela contar para Ba, na cozinha, esta manhã, mas ela não sabe que eu ouvi. 

— Eu só ouvi o barulho e agi porque não admito que o feitor tome decisões por mim sobre os meus escravos. Mas, por que essa cara triste? 

As lágrimas que ela tenta segurar voltam a rolar por seu rosto, e Beatriz conta a seu irmão a confidência que Nala lhe fez naquela tarde. 
Ele escuta com atenção, mas não mostra alguma emoção. 

— Beatriz, eu sei que você não vê os escravos dessa forma e se apegou a Nala, mas os escravos são para serventia dos seus donos e da forma como eles entenderem. — Ele fala, baixo. 

— Como alguns senhores podem ser tão cruéis, Lucas? Ela era ainda uma menina... — Beatriz chora mais ainda. 

Lucas mantém-se em silêncio, apenas abraçando a sua irmã e acariciando seus cabelos, para tentar acalmá-la. 

Na mesma noite, enquanto Nala serve o jantar, nota o olhar de Beatriz triste. Fica arrependida do que contou para ela. 

Nota também o olhar de Lucas, mas desta vez, não é de raiva, nem tão ameaçador, como por vezes ele parecia. 
Depois daquele dia em que ele a livrou de Valdo, nunca mais foi rude com ela. 
Quando o vê, o seu coração bate forte, com um sentimento que tem medo de reconhecer e sentir. 

Já ele não mostra emoção ao vê-la, evitando olhá-la e ficar muito tempo no mesmo espaço que ela. Faz tempo que não acompanha a irmã nos seus passeios. Ultimamente ele está saindo cedo e voltando tarde com seu pai, para tratar dos negócios das fazendas. 

***

Algumas semanas depois...

Nala está se sentindo aborrecida, sem nada para fazer. Já fez todas as tarefas da casa grande.

Toda a família do barão viajou há alguns dias, para visitarem uma tia-irmã de baronesa, e só voltarão em dois dias.
Apesar de ter Ba, já sente falta da companhia alegre de Beatriz. 

Enquanto isso, na casa grande...

— Ba! Baaaa! — Lucas chama, assim que entra em casa, depois de uma longa viagem.

— Senhorzinho Lucas! Não sabia que chegava hoje! — a escrava exclama, surpresa, vindo da cozinha. 

— Resolvi voltar mais cedo. Os meus pais e minha irmã resolveram ficar, mas alguém tem que cuidar dessa fazenda. — Ele responde, limpando o suor do rosto. — Por favor, Ba, peça para me trazer água. 

Amor Escravo  ( Série Amores Proibidos ) Degustação Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora