A festa decorre com todos os convidados dispostos, bebendo, comendo, gargalhando e falando sobre assuntos aleatórios. Nala e os demais escravos que foram designados ao serviço não têm mãos a medir, o que para ela é um alívio, por manter os pensamentos ocupados e os olhos longe dos agora recém-casados.
De repente, um som melódico e suave chega aos seus ouvidos, parecendo penetrar sua alma. Por mais que evite, seu olhar recai sobre Lucas. A forma como ele se move, com exatidão e elegância, guiando Lívia em seus braços, ao som da valsa.
Apesar da sintonia dos corpos, o olhar dele é frio e distante, e o rosto está apático; ao contrário do de Lívia, tendo os olhos brilhando, transbordando felicidade, assim como o seu constante sorriso.
— Minha filha, venha. Preciso que leve estas bandejas. — Ba chama, tirando-a do estado de hipnose.
Faz o que ela pede, e quando volta ao salão, o local onde os noivos dançaram está ocupado por novos pares e nova música.
Sente alguém se aproximar dela, e o nervosismo toma conta ao ver que se trata de Lívia.
— Cuide para não deixar cair nada esta noite e estragar minha festa — ironiza.
— Ambas sabemos que eu não deixei cair nada — responde, de cabeça baixa.
— Está me desafiando, sua escrava maldita? — Ela quase rosna.
— Não, Senhora — responde, em tom baixo, sem encará-la.
— Acho bom. Se bem que agora, como sua dona, ia até me divertir te dando um corretivo — fala, com sarcasmo.
— Algum problema, Lívia? — É Beatriz quem se aproxima, para o seu alívio.
— Não, minha cunhada. Estava só pedindo para a escrava me trazer uma água.
— O seu nome é Nala. Por favor, não se dirija mais a ela nesses modos — responde, olhando-a com autoridade.
— Muito bem, querida, como preferir. Agora, com licença. Vou ver meu marido. — Lívia responde, se afastando; e Beatriz revira os olhos.
— Nala, ela estava te incomodando, não é? — A escrava nega, por não querer criar conflitos.
— Nala, por favor, eu não quero que esconda nada de mim.
— Sim, Beatriz. Eu não entendo o porquê de ela ter implicado comigo.
— Eu sei muito bem o porquê, Nala. Você conquistou algo que ela deseja, mas que nunca vai conseguir. — Beatriz fala e se afasta, deixando-a confusa.
⚜️
Serviço terminado, todos os convidados já foram embora, e os da casa se recolheram. Nala enfim cai na sua cama, exausta e podendo se permitir entregar às emoções.
Na sua mente, passava como um filme em câmara lenta todos os momentos do dia em que viu Lucas. O seu olhar intenso no dela antes de dizer sim, a sua dança com Lívia, a seriedade de seu lindo rosto, o seu olhar frio e sem brilho. Pensa em como não viu da parte dele para com Lívia alguma das emoções vistas e sentidas todas as vezes em que estiveram juntos.
Isso dá a ela um certo consolo. Talvez Lucas ainda não ame Lívia, assim como Beatriz afirmou, mas, em breve nascerá o filho deles, e tudo mudará. Agora eles terão toda a vida juntos para ele aprender a amá-la. Provavelmente agora mesmo estão nos braços um do outro.
Por mais que ela não queira se entregar a esse estado depressivo, ainda não superou a nova realidade; a de nunca mais ter a proteção do seu abraço, o calor do seu corpo, o seu sorriso e o seu amor. Os sentimentos dela por Lucas foram os mais puros, intensos e felizes que pôde sentir e vivenciar. Neles ela não era escrava. Neles ela era livre.
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Amor Escravo ( Série Amores Proibidos ) Degustação Livro I
RomanceNala uma jovem escrava negra, conheceu desde cedo os tormentos da escravidão, ao ser separada dos pais à nascença e abusada por seu antigo senhor de escravos. A vida sofrida de Nala melhorou um pouco quando foi vendida a uma nova família de barões...