Não Se Foge Do Destino { Maryana }

Capitulo 4

Mariana

Me encontrava ali, sentada naquela mesa enorme, esperando passar os minutos para que finalmente Ana voltasse para se sentar ao meu lado naquele jantar.
Juan Carlos parecia querer me fuzilar com os olhos naquele momento, eu não o mirava de volta, apensas seguia comendo minha refeição - que diga-se de passagem, estava uma delícia - Mas sabia que uma hora ou outra a bomba iria explodir.

-Está gostando da comida Mariana? Ouço Ceci me perguntar, talvez como uma forma de quebrar o gelo e o clima pesado que havia se instalado ali.

-Está uma delícia.

- Deve ser muito bom ...  Juan Carlos começa a dizer, e o olho já sabendo que não viria coisa boa daqui... -Vir morar na minha casa, roubar minha comida, minha esposa.... Esse era seu plano o tempo todo?

-Como ousa falar assim comigo, estar magoado não te dá esse direito senhor! Digo já sentindo a raiva se apossar de meu corpo.

-PAI. Ceci o olhou com uma feição de reprovamento.

-Não sei por que está defendendo ela Cecília, seu pai sou eu.

-Você está sendo machista levantando a voz desse jeito!

-Eu não sei o que você pensa com esse seu planinha Mariana, não vou deixar você arrancar 1 centavo da minha família .

-Você acha mesmo que quero seu dinheiro?

-E tem algum outro motivo para você estar com Ana?

-Eu e Ana não precisamos dar explicações a você!

-Precisam! Se forem morar na minha casa, com meus filhos!

O olho cansada daquele assunto, Juan Carlos realmente estava insuportável, e não sabia como Ana pôde passar 20 anos com aquele idiota.

-Talvez pelo motivo de que eu a ame. Digo logo e o vejo sem reação.

-Saia da minha casa. Ele disse se levantando furiosamente, levantei na mesma medida e iria respondê-lo a altura, mas...

-SENTE AGORA JUAN CARLOS!

Ana pareceu um cometa vindo rapidamente em minha direção e ficando na minha frente... Conforme ela foi falando, sinto meu coração bater descompassadamente... Me senti protegida com ela ali, me senti segura...

-Não quero Mariana nessa casa.

-Mas a escolha não é sua, Mariana é minha namorada, e ela vai ficar aqui sim! Queira você sim, queira você não! E se estiver incomodado, você que se mude! E outra coisa, se você gritar com Mariana outra vez, eu...

-Você o que? Me diz Ana, você o quê?

-Eu te tiro tudo Juan Carlos, tudo! Quando chegarmos no tribunal eu te tiro tudo!

-Vamos ver o que o juiz acha quando souber que você trouxe sua amante para morar em nossa casa!

-A então vamos ver o que ele irá falar quando souber que você se envolveu com a avó das nossas filhas quando ainda estava casado comigo! E ainda é um homofóbico de MERDA!

-CHEGA. Diz Ceci. -Chega de brigarem, estou cansada disso, todo dia, a todo momento. Eu não queria admitir, mas vocês dois não estão felizes um com o outro, há muito tempo... Pai, deixa a minha mãe ser feliz e mãe, chega dessa história passada, o que passou passou, e vocês não pensam em nenhum momento em como essa briga deixa eu e o Rodrigo em uma situação difícil.

-Filha não foi nossa intenção...

-Nunca é pai, podemos viver em paz nessa casa na medida do possível?

Ana olhou para Juan Carlos, que esperava uma resposta da mesma, ela apenas revirou os olhos e concordou com a cabeça, e assim ele o faz também.

- Ótimo, vamos dormir Rodrigo.

Ana

Meus filhos já haviam subido para seus quartos, e Mariana caminhou até mim colocando a mão em meu ombro dizendo.

-Estou te esperando lá em cima. Ela sorriu de canto e eu apenas sorri cansada.

Meus olhos acompanharam degrau por degrau que ela subia, após finalmente ter a certeza que ninguém mais estava ali, olhei para Juan Carlos e suspirei.

-Não vamos parar de brigar na frente de nossos filhos?

-Você quem começou!

-Olha... A partir de hoje, não dirijo mais a palavra a você se meus filhos não estiverem presentes. Não tenho mais o que dizer a você. E quero que respeite meu relacionamento, pois você sabe que tudo que dizer vai ser usado sim contra você no dia do julgamento!

Caminhei com intenção de sair finalmente daquele local, mas paro ao seu lado...

-Nunca mais grite com ela... nunca mais... ouviu? Digo o olhando com raiva e ele me olha com uma feição assustado.

Finalmente já estava na frente da porta de meu quarto, encarando o mesmo pelo que parecia longas horas - mas sei que só haviam passado alguns segundos - A verdade é que por algum motivo me sentia nervosa de pensar que estaria com Mariana a noite toda sozinha... Mas precisava entrar, já sentia o sono se apossando de todo o meu corpo naquele momento, abri a porta com a intensão de apenas trocar de roupa e me jogar naquela cama enorme...
Ao entrar percebo que Mariana não estava ali, mas logo identifiquei o barulho do chuveiro que estava ligado... Ela estava tomando banho.

Porém não demorou muito para ouvir o som do chuveiro desligando e a voz de Mariana recuar pelo quarto.

-Ana, você está aí?

-Sim?

-Poderia pegar uma toalha para mim?

-Pego sim. Digo já me levantando e abrindo uma das gavetas do armário. Sigo em direção ao banheiro e abro a porta sem demora.

Mas meu corpo pela segunda vez havia me traído naquela noite... Entrei sem perceber a situação que me encontrava... Estava com os olhos abertos e pude ver o corpo nu de Mariana em minha frente, pedi ao meu corpo de imediato para fechá-los, mas eles continuavam ali, abertos... Minha mente parecia não me obedecer, ou ao menos, raciocinar alguma coisa...
Meus olhos apenas continuavam abertos mirando Mariana de cima a baixo, lentamente, tão lentamente que os segundos novamente pareciam não passar... Horas...horas e horas...
Pude sentir algo diferente dessa vez, além de meu coração pulsar rapidamente como antes, algo em meu corpo... Em meu interior, parecia pulsar também...

-Tudo bem Ana?

Pisquei algumas vezes para recobrar a consciência e o juízo naquele momento.

-Aqui sua toalha. Digo entregando para ela olhando para o chão e saindo daquele lugar o mais rápido possível. Ao fechar a porta , sinto a adrenalina de meu corpo e a ardência do mesmo ainda me consumirem. O que estava acontecendo comigo afinal???

"Onde está a chave?
Aquela chave que preciso para
entrar em seu coração...
Ouço um...dois...três toques na porta,
Mas ainda me parece tão difícil abri-la.
Me deixei entrar amor,
Se deixe entrar e se encontrar.
Só assim você irá ver,
Que comigo, é o seu melhor lugar."
-Autora