Capítulo 6

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Ana

O dia parecia não passar tão rápido quanto esperava, eu me encontrava ali, sentada na pequena cadeira que havia em meu escritório junto a de Mariana. Entretanto, seu lugar estava vazio, queria ela ali comigo... Mas sabia que ela precisava daquele momento com sua mãe, tinham muitas coisas para dizer uma a outra e para esclarecer também, e por sorte - Poderia pegar algumas roupas, já que aquele pijama que vestia ontem a noite... Prefiro nem comentar - Mas realmente sentia falta de tê-la ao meu lado, me acostumei com sua presença no trabalho.

Sou rapidamente tirada de meus pensamentos ao ouvir uma batida na porta, olho para a mesma para saber quem era e sou surpreendida por Ferrán me mirando de uma forma estranha.

-Posso entrar? Ele diz já se aproximando.

"Já entrou" pensei...

-Claro. Apenas disse fingindo a cara de sinica melhor que podia naquele momento.

-Só vim deixar estes papéis. Ele apenas diz me entregando alguns documentos e já se virando com a intensão de ir, mas antes me mirou profundamente parecendo querer dizer algo, mas exitou.

Logo o vejo saindo da sala e antes de poder ao menos pensar o que ele queria me dizer, sinto meu celular vibrar e meu coração parece errar uma batida vendo que era minha advogada.
Estava esperando essa ligação há dias, e preocupada com toda a situação do processo e de meus filhos.

-Ana, como está?

-Estou bem e você?

-Vou bem obrigada, preciso que você e Mariana venham para meu escritório imediatamente. Ela simplesmente diz , me fazendo já levantar.

-Estou indo. Digo rapidamente.



Eu já estava quase chegando na casa de Tereza, havia ligado para Mariana algumas vezes querendo avisar que precisávamos ir para nossa advogada, porém estranhamente ela não havia atendido e nem ao menos ligado de volta. Não era muito de seu feitio deixar seu celular desligado, e tão pouco não retornar minhas ligações.
Finalmente depois de longos minutos lá estava em frente a sua antiga casa, toco algumas batidas na porta, esperando que Mariana estivesse lá para me atender, mas sou surpreendida por sua vó que apenas me olha com um sorriso.

-Ana, seja bem vinda. Ela diz e eu apenas um pouco apressada retribuo o sorriso.

-Mariana está?

-Sim, ela está no quarto, aceita um café?

-Eu não vou demorar...

-Não precisa ficar com vergonha, eu irei pegar para você.

Enquanto a vó de Mariana fora até a cozinha pegar o café, eu caminho lentamente até o quarto de Mariana escutando a sua voz e de Tereza recuarem por aqueles cômodos.

-Tem certeza disso filha? Ouço a voz de Tereza e logo a vejo encostada na porta, me escondo rapidamente para ela não me ver.

-Mãe... Preciso que respeite minha decisão, você pode fazer isso?

-Tudo bem... Mas filha, você não a ama.

Por algum motivo estranho, ouvir Tereza dizendo com tanta convicção aquelas palavras deixou meu coração um pouco inquieto.

-Ana? Ouço uma voz me despertar e logo olho para frente era a vó de Mariana com o café.

-Ana? Ouço finalmente a voz de Mariana, finalmente percebendo que eu estava ali. -O que está fazendo aqui? A vejo já se aproximando de mim com um sorriso fofo em seus lábios, pensei que ela apenas fosse me abraçar, mas sinto delicadamente suas mãos tocarem minhas bochechas, sorrindo ela se aproxima de minha boca e deposita um selinho demorado ali.

Sinto meu corpo quente... Parecia que o choque de sua boca na minha havia feito uma faísca imediata.... Quente, quente... QUENTE!!!

Olho para minha xícara de café que não parecia tão cheia quanto antes, logo mirei para minha camiseta e notei que ela continua uma mancha enorme de café.

-Sinto muito amor. Mariana diz com suas bochechas já coradas, a vejo andando rapidamente até a cozinha pegando algo para poder me secar.

-Vamos para o máquina. A ouço dizer e apenas a sigo.

Mariana

Ao ouvir a voz de Ana, sinto uma paz invadir meu coração. Era tudo que precisava naquele momento, depois da fala de minha mãe... Não queria ter mais uma longa discussão novamente.

Vejo Ana ali parada, apenas com um sorriso de canto de boca, logo me aproximo e para minha mãe não dizer mais alguma coisa ou desconfiar, a beijei para eliminar qualquer suspeita. Mas o feitiço, virou contra o feiticeiro, quando vejo que o café que Ana estava segurando, havia derrubado um pouco em sua blusa - claro, parte da culpa era minha - Tendo pegar algo para ajudá-la a se secar, e peço para irmos até o pequeno quartinho no quintal que se encontrava a máquina de lavar.

Não demorou muitos segundos para chegarmos lá.

-Deixa eu te ajudar. Digo passando o pano que havia pegado em seu colo para secar sua pele.

-Por sorte não estava tão quente. Ela apenas diz e eu a olhei sorrindo.

Reparo que seus olhos estavam dilatados, os mesmos me olhavam intensamente e conforme passava o pano em sua pele, pude sentir seu coração batendo fortemente.
A vejo começar a tirando sua blusa, e por algum motivo fora o meu coração dessa vez que errou uma batida.

Ana

Mariana me deixava nervosa por algum motivo que não sabia explicar, odiava me sentir assim, sempre tinha o controle de todas as situações e com Mariana sempre é tão incerto...

Quando ela tocou em minha pele com aquele pano, pude sentir já de imediato aquela eletricidade do meu corpo voltar instantaneamente, era como se eu estivesse acabado de correr uma maratona e meu coração ainda estivesse tentando voltar a frequência normal de batimentos.

Já não querendo mais extender aquele momento - Que por algum motivo parecia que estávamos horas ali - Desabotuo minha blusa , ficando assim, apenas de sutiã. Ela parece me olhar um pouco desconcertada, o que fez um sorriso bobo se instalar no canto de minha boca.

Por um breve momento, nossos olhares se cruzaram de uma forma tão intensa e vi meu próprio corpo parecer ter vida própria, minha mente já não o controlava... Ou quem sabe eu sabia exatamente o que estava fazendo naquele momento...
Me aproximo olhando para sua boca, e a vejo apenas parada esperando o que eu iria fazer depois dali, mais perto... Mais perto... Cada vez mais perto... Quase, quase lá...

Nossas bocas já estavam a poucos centímetros naquele momento, podia sentir sua respiração descompassada igualmente a minha, e cheguei um pouco mais perto com a intensão de finalmente quebrar aquele espaço que tanto nos separava, mas antes que pudesse concluir tal ato, sou pega de surpresa por sentir um vibração em meu corpo.

-MEU DEUS. Digo dando um pulo e me lembrando que precisávamos estar em nossa advogada há mais de uma hora.

Logo colocamos minha blusa na máquina de lavar para não manchar, e Mariana pegou uma blusa de sua mãe para me emprestar.

-Eu não vou usar isso. Digo olhando aquele tecido de cima a baixo.

-Ah então você quer ir assim?

-Tá bom. Digo revirando os olhos e apenas aceitando aquela peça de roupa.

Mariana

Ana e eu não tocamos no assunto em nenhum momento sobre o que quase beijo que aconteceu agora pouco... Ela estava tão concentrada em chegar em nossa advogada, que parecia não querer falar sobre outra coisa... Mas por algum motivo, parecia que estava fugindo...
Era estranho na verdade, Ana há umas semanas atrás me ensinou a "Interpretar pessoas", e sendo bem sincera, suas atitudes nos últimos dias me faziam pensar que ela poderia estar...

"Você está ficando louca", digo a mim mesma por pensar em algo tão doido quanto aquilo, era melhor me concentrar em como seria com nossa advogada e o que ela queria nos falar.


"A pessoa certa nem sempre está tão longe quanto pensamos,
Às vezes ela está ali, bem ao nosso lado.
A pergunta que devemos fazer é...
"Será que estamos prontos para admitir isso a nós mesmos?"
-Autora

Não Se Foge Do Destino { Maryana }Onde histórias criam vida. Descubra agora