os antigos corações, parte 05,

1K 182 64
                                    

Tudo parecia ter acabado naquele dia. Pelo menos no primeiro mês que Baji ficou sozinho, apenas com Chifuyu, Kazutora e seu novo pet shop. Parecia que finalmente ele conseguiria viver em paz, viver o que havia perdido nos longos 4 anos com aquela mulher.

Tudo parecia ter acabado, mas não acabou.

Enquanto Baji usava seu celular, as ligações e mensagens continuas começaram. Sempre que estava bem, crises voltavam.

Sohui não o deixaria em paz, e ela tinha capital para isso. Foi por causa de todas as mensagens e ligações "ignoradas", que ela começou o que parecia ter planejado a tempos atrás.

— Não é possível que ela esteja fazendo propaganda para mais um pet shop aqui do japão — Chifuyu apontou para a TV

— Já é a quarta propaganda em cinco meses. Ela já tá com a cara estampada no centro inteiro — Kazutora reclamou

Baji se afundou novamente. Ele sabia, mas não como, que ela tentaria afunda-lo, afundar seu pet shop e boicotá-lo até que ele desistisse. Mesmo com os dois melhores amigos ao seu lado, haviam dias que ele nem conseguia se levantar para abrir o estabelecimento, e quando conseguia, ninguém entrava.

Foi então que Kazutora o obrigou a fazer terapia. Nos primeiros dias, foi como uma tortura, mas depois de dois meses, ele já conseguia abrir tudo que podia para o Hanagaki. Takemichi, era seu psicólogo.

Ele o ajudou a superar, pelo menos o falso amor que sentia por ela, mas o maior problema começou quando as perseguições começaram a ficar maiores.

Em um dia acordou com todo o exterior de seu comércio pichado, com desenhos horríveis e palavras horríveis. Depois que arrumou tudo aquilo, mensagens começaram a aparecer novamente. Mensagens de xingamentos, ameaças e coisas piores.

Ele passou o ano inteiro com isso, sem saber o que fazer e tendo apoio apenas de seus amigos. Ele não havia dito nada para sua mãe, apenas para proteger e não preocupa-la mais do que já havia feito quando era só mais um delinquente.

— Eu quero que faça uma lista Baji — Takemichi entregou um papel para ele, o que o fez franzir o rosto

— Lista de que? — perguntou olhando para o papel em branco

— Uma lista de todas as razões pelas quais você se ama.

Aquele papel continuou em branco, no primeiro dia.

Nada parecia voltar ao que era antes. O que era antes? Ele nem se lembrava a última vez que havia realmente se divertido sem que fosse pensando naquela maldita ou no grupo que ela fazia parte.

Aos poucos, ele estava completando a lista. No final de cada sessão, Takemichi fazia a mesma pergunta. Demorou três delas para que Baji finalmente escrevesse uma única coisa.

"Eu cuido bem dos meus gatos"

Se sentiu um idiota, e quase apagou, mas seu psicólogo sorriu e disse que ele estava indo bem. Ele sorriu também.

Durante tantas semanas, ele ia completando aquela lista, e teve um dia que a folha acabou. Foi quando ele percebeu que não precisava ficar se preocupando com o que uma mulher maluca o dizia por mensagens.

Mas ainda assim, ela não parou. Não bastava bloquear, ela faria contas e conseguiria numeros novos. Nada funcionava. Se ele tentasse a denunciar, tudo pioraria para ele. Ela tinha dinheiro, e ele tinha um negócio sem clientes.

— Baji, você tem provas — Kazutora o dizia quase todos os dias enquanto o segurava pelos ombros, tentando encorajar o melhor amigo a procurar uma ajuda a mais

— Mas não tenho um centavo sequer pra isso, tenho medo e minha mãe descobriria tudo — se desvencilhou das mãos em seus ombros e se afastava para arrumar algo em um dos balcões do pet shop — vá almoçar, Tora — olhou — vou pensar, tudo bem?

— Pensa direito então — ele assentiu.

E Baji pensou. Ele procurou sobre a lei anti-stalker e descobriu o grande tamanho de casos que existiam em seu país. Também descobriu sobre o alarmante número de casos resolvidos, e então entrou em contato de forma anônima com alguma delegacia, perguntando se poderia mostrar todas as provas que tinha, e sendo encorajado pelo homem que o antendeu.

Ele foi para o local no dia seguinte, a noite, sem falar com ninguém, e encontrou com o mesmo policial que havia o atendido.

Quando ele contou o que havia acontecido, o policial riu de sua cara. Sério? Uma idol?

Mas depois de tantas provas, e uma única foto juntos do "casal", tudo foi esclarecido. Ele faria alguma coisa, finalmente.

Em um grande resumo do que aconteceu depois disso. Sua mãe havia descoberto tudo pouco tempo depois, ele chorou em seus ombros depois de muito tempo e ela o apoiou com todo o amor.

O que aconteceu com sua denúncia foi bom, de alguma forma, mas não funcionou como todos esperavam. Sohui foi expulsa de seu grupo e empresa, por conta de todas as acusações e provas. Baji nunca foi mostrado ao público, como pedido por ele mesmo. De qualquer forma, ela não foi presa, e existiam quase mais pessoas acreditando no contrário, estando do lado dela, culpando o tal ex namorado por conta de sua expulsão.

Ele conseguiu uma ordem de restrição para ela, mas ver quem mais causou tanta dor nele sendo contratada em menos de dois meses depois e continuando uma brilhante e grande carreira solo, doía também.

— É, Syd — começou a fazer carinho em seu gato. Ele estava sozinho no pet shop, seu rosto nada feliz. Ele deu um sorriso grande em seu rosto, mas falso. Estava tentando se confortar — ela tá aqui na cidade, lotando 4 shows — engoliu o seco

— Baji? Vai fechar que horas? — sua mãe perguntou de dentro da casa e ele se virou

— Já estou indo mãe, espera 5 minutos! — fez o sinal com a mão, mesmo que ela não fosse ver, e se virou novamente para continuar o carinho em seu gato.

No canto de seu olho, viu uma garota observando o interior da loja, e ele congelou. E se fosse Sohui? E se ela estivesse ali pra finalmente fazer o que dizia nas mensagens. Engoliu o seco, estava congelado. Queria correr até a porta para trancá-la. Mas voltou a respirar ao perceber que quem estava ali usava roupas que com certeza sua ex não usaria.

Ela não parecia ter percebido que ele a observava também, seu cabelo ajudava a esconder seus olhos. Ela não era japonesa, e seus olhos pareciam tão inocentes quanto os dele. Na verdade, os olhos dela eram iguais. Como se o entendesse por completo.

Quando finalmente teve coragem de olhá-la por inteiro, ela correu. Não estava mais lá, e foi a primeira coisa do dia que fez Baji rir sozinho e genuinamente.

— Você viu isso, Syd? — ele riu mais uma vez — Que engraçada

— Baji!

— Tô indo — gritou correndo até a porta e a trancando — talvez amanhã seja um dia melhor — sorriu solene para seu gato antes de correr até a cozinha para ajudar sua mãe.

E foi.

31/12/2021

1183 palavras

Feliz ano novo <3

A Rua dos Corações Solitários, Baji KeisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora