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— Você não precisava me trazer — sorriu para ele enquanto tirava o capacete — eu não sei se vou demorar, então se tiver alguma coisa que precise fazer...

— Tem certeza que não quer que eu entre? — perguntou preocupado, mas Samantha negou — Eu vou te esperar, você ainda tem que chegar na faculdade — sorriu meigo e abaixou a cabeça

— Obrigada — sussurrou e se virou, respirando fundo enquanto andava para a entrada do café que havia marcado de estar. Antes de entrar, se virou para olhar Baji novamente, que mexia no bolso a procura do celular, ela sorriu levemente antes de voltar a porta.

Ao abrir a porta, a recepcionista acenou, a reconhecendo do dia anterior, e sorriu. Samantha fez o mesmo antes de engolir o seco com medo de virar o rosto. Bufou, retirando o ar preso no pulmão e então andou em direção ao local onde ficavam as mesas.

Olhou para todos os lados e reconheceu de cara quem estava ali. Havia escolhido uma das mesas ao lado da janela, em direção onde estava anteriormente no estacionamento com Baji. Não tinha erro então apenas andou em sua direção e se sentou.

Ele estava observando o local fora de onde estava, por isso nem havia percebido a presença da mulher. Samantha coçou a garganta, colocando uma mão fechada na frente da boca enquanto o encarava.

— Ah — ele se assustou e se recompôs rapidamente, se arrumando para olhar Samantha com uma expressão surpresa e aliviada — Sam, meu deus, é você — ela sentiu algo no momento em que o português passou pelos ouvidos depois de meses.

— João — sussurrou enquanto passava as mãos pelos próprios braços descobertos. Ela viu quando os olhos do homem quase se encheram de lágrimas e ele abaixou a cabeça — você quis me encontrar — avisou, como se esperasse que ele começasse a conversa que deveriam ter

Ele respirou fundo e assentiu, havia concordado com ela e então fechou os olhos.

— Me desculpa — sua voz quase falhou, mas ele estava firme e a olhava de uma forma diferente — eu... Me desculpa, por favor Sam — agora embargada, ele quase suplicava

— Por que está se desculpando? — se ajeitou onde sentava. Ela queria ter certeza do que estavam falando naquele momento

— Eu deveria ter feito alguma coisa, deveria ter... Eu não sei. O Rafa e a Paola... — negou com a própria cabeça, parecia querer encontrar um sentido para tudo aquilo — Eles não... — prendeu a boca e a olhou novamente — Samantha...

— Rafael e Paola — murmurou — eu estava evitando esse assunto faz um bom tempo — olhou para a janela e encontrou Baji sentado no meio fio. Samantha abaixou o olhar, lembrando de tudo que havia prendido no fundo de sua mente, coisas que nem para Hinata havia contado, mas tudo mudava quando João estava em sua frente — pode ser rápido? Tenho que ir pra faculdade. — olhou para ele novamente

— Sam, eu quero saber tudo que aconteceu com você, aqui — se curvou sobre a mesa — mas antes eu preciso me desculpar por não ter interferido com o que Rafael fazia — olhou para baixo — eu sou um merda. Fui um bosta com você

— Uhm — Samantha fez um barulho desconfortável e então assentiu — tem razão — ela o observou — mas acho que não é isso, exatamente — o observou fazer uma expressão curiosa, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa um atendente chegou

— Bom dia, querem alguma coisa? — Samantha sorriu levemente para ele e assentiu.

Ela pediu o que queria e então olhou para João, perguntando se ele pediria alguma coisa do cardápio. O homem a observou receoso, mas olhou para a folha mesmo assim, apontando para um chá e um tipo de torta timidamente enquanto a observava pedir por ele.

A Rua dos Corações Solitários, Baji KeisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora