04,

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Era estranho, simplesmente estranha a sensação que Samantha tinha de querer voltar a ir naquele mercado e naquele pet shop, apenas para ver aquelas pessoas e passear pelo local tão calmo.

Nos últimos dias sentiu sua ansiedade virar uma montanha russa, subindo e despencado tão rápido que, por não conseguir acompanhar, ela se via chorando sozinha na própria cama.

A faculdade nem mesmo fazia sentido mais, ia apenas para não prestar atenção em nenhuma das aulas, indo e vindo de laboratórios e salas, sendo constantemente provocada por Jane e Nanaki. Mesmo tendo certeza que havia superado todo o relacionamento, com ambos, ainda sentia o peso de duas traições.

— Ei, respira — ouviu ao seu lado Mitsuya, que ouviu a respiração da amiga acelerando gradativamente enquanto andavam pelos corredores — Você não tá muito bem, quer ir pra casa? Ou quer sair pra respirar? Vou com você em qualquer um

— Sério... Mitsuya, você não precisa — sorriu para ele — eu sinto que tenho um babá — tentou soar como uma piada, mas nenhum riu. Ela já estava tendo constantes pensamentos sobre ele andar com ela apenas por dó, por se sentir mal se acabasse se afastando e deixando uma pobre coitada do jeito que ela estava, medíocre.

Saber que ele se empenhava para descobrir quando ela estava passando por momentos difíceis na internet, desde que se conheceram e ela o ignorava completamente, deixava com que ela se sentisse mais culpada ainda. Sentia que era um peso na vida de alguém, que nem cogitou ser em momento nenhum.

— Olha, sim, eu vejo você como alguém que precisa de ajuda, e por isso não vou me afastar — disse sério, não saindo de seu lado em momento algum — mas, você sabe, que sempre te vi como uma amiga. Mesmo quando chegou aqui, quando você era bem mais alegre e eu nem fazia ideia do que passava na sua cabeça, eu sempre quis me aproximar

— Mitsuya...

— Sempre quis me aproximar e mesmo quando aquele babaca te fez parar de dirigir uma única palavra pra mim, eu ainda queria que você andasse comigo, e com meus amigos, por que você, Sam, é especial pra mim — ela se virou rapidamente para ele — e não vai ser agora que vou te deixar na mão, então nem pense em fugir de mim

— Sinceramente, eu não entendo o porquê disso — foi o que ela disse depois de alguns segundos — mas tudo bem, não vou fugir de você mais, Mitsuya.

— Takashi

— Hm?

— Me chame de Takashi — deu seu melhor sorriso para a garota ao lado, que concordou um pouco mais travada do que o normal.

Takashi a levou para o mesmo restaurante que foram da última vez para almoçar. Como da última vez, após isso estavam prontos para se despedir e ir embora, mas não foi bem assim.

— Tenho tempo livre hoje, onde você vai agora? — ela mordeu o lábio inferior, pensando no que deveria fazer

— Eu vou pra casa... — deu de ombros

— Não deveria ir reto, então? — apontou para a rua atrás deles, já que ela tinha acabado de virar uma quadra sem nem perceber onde estava indo, arregalando os olhos em seguida — você se perdeu? — segurou o riso

— ... N-Não — olhou para ele que ainda segurava o riso — para com isso — soltou um sorrisinho fraco de seus lábios — não estou perdida, eu vou por aqui — talvez tenha sido seu ego, mas ela apenas quis seguir em frente, mesmo com Takashi ao seu lado

— Ué, e por que está vindo por aqui? — colocou as mãos no bolso, ela não respondeu.

Os dois começaram a andar silenciosamente, como sempre faziam antes de chegar onde queriam, enquanto aproveitavam o silencio que ia se alastrando na medida em que continuavam avançando algumas quadras.

A Rua dos Corações Solitários, Baji KeisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora